Análise (Review) de Gears Of War: Ultimate Edition – Uma Satisfação e Uma Saudade

7 de maio de 2022 2 Por José Daniel

Ficha do Jogo:
Lançamento: 25 de agosto de 2015.
Gênero: Ação, Ficção Científica, Tiro em Terceira Pessoa.
Desenvolvedores: The Coalition.
Publicadora: Microsoft Game Studios.
Plataformas: Xbox One, PC – Computador (Microsoft Windows).
Tempo de Jogo: 9 a 15 horas.

Classificação Indicativa: +18 anos.

Apresentação Inicial

Gears Of War dispensa apresentações. Um dos maiores nomes de exclusividade do Xbox, juntamente com Halo. Gears of War é obra de Cliff “CliffyB” Bleszinski, ainda quando trabalhava na Epic Games, em 2006. O game original foi um marco para o Xbox 360 e foi um sucesso comercial e entre os fãs. Gears Of War vendeu mais de 3 milhões de cópias e conseguiu tomar o lugar do líder, Halo 2, no ranking de game mais jogado da Xbox Live no ano em que foi lançado. O jogo possui diversas semelhanças com clássicos de FPS, como Doom e Wolfenstein, mas trouxe um jeito bem característico de jogabilidade que serviria de modelo para diversos outros games em um futuro não tão distante daquela época.

*O game foi jogado no Xbox 360 (versão original) e jogado e finalizado no PC (Ultimate Edition) através do Game Pass. Todas as screenshots presentes na análise foram tiradas durante o gameplay no PC.

Enredo

A terra acabou após “um fim apocalíptico” e os humanos se mudam para o planeta Sera. Mesmo com uma tentativa de remontar a civiliazação, os seres humanos conseguiram acabar com tudo de vez após a descoberta do Emotion. Uma cientista desenvolveu uma forma de transformá-lo em algo muito mais poderoso. A era do Ouro (extração de Emotion) surgiu e a desgraça perdurou.

O mundo não é mais o mesmo.
Um dos Locusts.

Uma nova guerra surgiu, a Guerra do Pêndulo, perdurando por mais de 70 anos. Agora temos duas grandes potências, a COG (engrenagem da logo), um grupo socialista de ordem e trabalho e a UIR. COG vence e implanta um plano de reconstrução. Os humanos descobriram que não estavam sozinhos em Sera e mais uma onda de destruição surgiu. Assim, surgem os Locusts.

A COG assumiu a defesa dos humanos contra os Locusts. Marcus Fenix, protagonista, foi um soldado de grande destaque. Um homem extremamente habilidoso e honrado. Durante uma batalha, Marcus recebe a notícia de que o local onde seu pai se encontra está sendo atacado e abandona seu posto para ir ajudar. Chegando lá, tudo já estava devastado.

A fuga.
Dominic Santiago.

Por ter abandonado seu posto, Marcus foi condenado a 40 anos de prisão por ser considerado desertor, mas não chega a ficar tanto tempo preso e é libertado. Dominic (Dom), seu grande amigo e parceiro de guerra, encontra Marcus saindo da prisão e é aí… que tudo começa para valer.

Como o Jogo Funciona?

Gears of War é um jogo de tiro em terceira pessoa e segue de forma bem linear do começo ao fim. De modo geral, não apresenta mecânicas variadas, mas compensa a falta de variedade com o carisma dos personagens e um ótimo enredo. Assumimos Marcus Fenix e, caso encontre um amigo para jogar, o segundo jogador assume Dominic.

Os personagens podem andar, rolar, mirar, atirar, atirar sem mirar (blindfire), usar combate corpo a corpo, utilizar cobertura e interagir com locais pré-determinados. Não poder pular faz falta em diversos momentos, porém, o jogo traz a possibilidade de pular enquanto utilizar cobertura para poder passar por algum obstáculo.

Cobertura no pilar.

Inventário

Nosso inventário é bem simples. Basta apertar as setas do controle e temos as opções de armas. Podemos carregar duas armas grandes (primárias), uma pistola ou algo semelhante (secundária) e granadas de fragmentação. Tudo muito prático e fácil.

“inventário”.

Mecânicas

O jogo tem algumas mecânicas e duas bem características que agregam valor ao título. A primeira é para recarregar armas. Para recarregar uma arma, basta apertar um botão, certo? Sim, mas Gears traz uma função própria de carregamento. Ao recarregar, aparece uma barra logo abaixo do ícone da arma e temos que apertar no momento certo para recarregar rapidamente e ganhar um bônus de recarga. Caso apertar no momento errado, a recarga será mais lenta e o protagonista reclamará. No início, pode parecer chato esse tipo de coisa, mas é simples o suficiente para acostumarmos de forma bem rápida.

A outra é a motosserra presente na arma principal (e uma das coisas mais sensacionais de se fazer em toda a saga). Podemos ativar a motosserra da arma e destroçar os inimigos de uma forma violentamente brutal e extremamente satisfatória. Caso seja atingido por algum inimigo enquanto está com a serra ativada, impossibilitará a execução e terá que aguardar alguns instantes para usá-la novamente. Utilizar uma arma sem a motosserra, Marcus ou Dom apenas baterão com a arma.

Capturar essa cena foi muito difícil, mas acho que dá para entender.

Também é possível erguer um aliado caído, porém, não é tão necessário assim. Como assim? Se um aliado cair, podemos levantá-lo, caso demoremos para isso, ele morrerá e teremos que reiniciar o ponto de controle. No entanto, se conseguirmos derrotar todos os inimigos da área antes do aliado perder a vida, ele se levantará automaticamente.

Em diversas situações teremos que escolher qual caminho seguir. Jogando sozinho, passaremos apenas pelo que escolhermos. Já em cooperativo, um vai para a direita e o outro para a esquerda, variando a ambientação e, às vezes, a estratégia de combate. Por exemplo, na fase do teatro, temos a opção de seguir pela parte de cima (onde fica o público) ou pela frente (em direção ao palco). É bem simples, mas funciona bem dentro da excelente história do game.

A escolha do local da foto não foi das melhores, mas ilustra bem o que é.

Há uma arma específica (e incrivelmente poderosa) que funciona via satélite, normalmente utilizada para derrotar inimigos gigantescos que nascem no chão (Sim, os inimigos surgem através de buracos no chão). Utilizaremos ela apenas quando há disponibilidade de sinal e não teremos a obrigação de ficar com ela quando estiver inútil. É uma característica bem interessante e deixa o jogo bem satisfatório nos momentos em que a utilizamos.

É uma sensação emocionante.

Ambientação

O game trabalha com uma ambientação bem variada e, em sua grande maioria, acompanhada de destroços e lugares abandonados. O clima de destruição e solidão que os ambientes passam é muito envolvente e contribui para a imersão no enredo. Por mais que nosso objetivo seja chegar do ponto A ao ponto B, sempre ficamos instigados a continuar e ver aonde tudo isso vai nos levar.

Uma bela ambientação destruída.

Temos uma vasta variedade de locais, indo desde partes da cidade e interiores de prédios (que são muito detalhados), até usinas e um trem em movimento. No game original, já era muito bonito, mas nessa remasterização, as coisas ganharam mais vida e muito mais cor. Pode parecer apenas uma simples melhora, mas impacta diretamente no sentimento de satisfação ao passar pelos locais (mesmo que sejam os mesmos de 2006).

Não é uma decoração muito agradável para um lugar tão bonito e abandonado assim.

Arsenal

Nesse primeiro Gears, não temos muitas opções de armas (e nem precisa de muito). O maior foco é em saber qual o melhor momento para usá-las. Temos um fuzil, uma metralhadora com a motosserra, metralhadora dos Locusts, pistola de Gears e de Locust, um arco explosivo (dica: use-o na missão do trem. Vai por mim que vai ajudar), martelo da Aurora (aquele que utiliza o satélite) e granadas de fragmentação (extremamente útil para fechar buracos). Parece muito simples tudo isso, mas funciona muito bem no desenrolar do game.

Problemas e Bugs

Gears of War: Ultimate Edition era para ser uma das melhores remasterizações já feitas se não fosse os problemas de performance que o game apresenta. Diversos problemas do game original ainda estão presentes e, em alguns casos, até piores. Logo no início do jogo, na versão original, há um bug em um helicóptero passando pelo cenário. Na remasterização, isso sem mantém. É muito comum ver coisas entrando na parede e personagens travados em algum lugar atrapalhando o desenvolvimento do gameplay. No entanto, na versão nova, temos uma “força” que empurra o jogo para o próximo ponto de controle, caso algum personagem trave ou atrapalhe. Um feito e tanto. Corrigir? Não, mas burlou bem o sistema.

Um braço poderoso em meio ao concreto.

Além de jogarmos boa parte do tempo com frames abaixo do convencional, temos alguns bugs que comprometem a progressão. Em determinado momento, teremos que utilizar um veículo para chegar até um ponto X. Poucos metros do objetivo final, onde ocorrerá uma cinemática, o veículo simplesmente entra no chão e não sai mais. Após reiniciar o ponto de controle e refazer a fase, ocorreu novamente e impediu o progresso. Como eu sou muito insistente e queria finalizá-lo, tentei burlar o bug. Funcionou? Funcionou, meio na marra, mas funcionou (se você jogou e passou por isso, insiste um pouco que dá bom).

O buggy está bugado.

Gráficos

Uma mudança impressionante. Os gráficos remasterizados fazem o jogo parecer novo. O visual dos personagens mudou para melhor em diversos sentidos. A expressão facial teve uma mudança bem visível, além dos personagens estarem mais bem “definidos” (em relação ao gráfico. Melhor qualidade visual). Os modelos dos personagens ainda são os originais, mas a repaginada na qualidade deixou os gears ainda melhores. Em relação ao cenário, a maior mudança foi nos detalhes. Os papeis espalhados em uma biblioteca, livros caídos no chão, propagandas nas paredes e garrafas espalhadas no bar. É notório o upgrade e, com certeza, em uma olhada de relance, poderia ser confundido com um remake.

Dominic (2006).
Dominic “Ultimate”.

Colecionáveis

Gears of War faz questão de ser autêntico em suas mecânicas e na construção de seu universo. Durante o game poderemos encontrar diversas COGS espalhadas pelo cenário. As COGS são um tipo de dog tag (chapa de identificação militar), porém, em formato de engrenagem (gear). Coletar uma certa quantidade de COGS desbloqueará artes conceituais e páginas de histórias em quadrinhos (HQs) de Gears of War, publicados pela DC Comics. Ao coletar todas as COGS, teremos as HQs completas (em ótima qualidade) para ler e compreender um pouco mais do enredo. O único pesar disso, é que todas estão em inglês, então não é acessível para todos, infelizmente (uma sacanagem, mas pelo menos é um extra).

COG.
HQs.

Extras: Dublagem, Trilha Sonora, Desafios e Multiplayer

Quero deixar registrado aqui e parabenizar todos os envolvidos por trazer o game com dublagem em PT-BR com os dubladores dos jogos novos da saga. Sim, o game está todo em português e com uma dublagem de ótima gosto. Maurício Berger (voz de John Stewart, o melhor Lanterna Verde) retorna na voz de Marcus (na minha humilde opinião, superou o original em todos os sentidos), Márcio Simões (voz do Coringa, Gênio do Aladdin, entre outros) na voz de Augustus Cole, Mauro Castro (voz do Max Payne) como Victor Hoffman, entre outros grandes nomes da dublagem brasileira. A experiência mudou completamente, mas, felizmente, mudou para melhor. Um exemplo para outras desenvolvedoras e um “bem-feito” para remasterizações preguiçosas (eu sei, esse jogo não é perfeito, mas isso é sim um exemplo para outras empresas).

A trilha sonora do game é a mesma do original e continua magnífica. Combina com todos os momentos em que aparece e, quando derrotamos todos os inimigos de um determinado local, toca um som bem pesado de guitarra. É espetacular ouvir o conjunto completo de músicas e complementam a imersão de uma forma única e bem característica.

Uma das minhas favoritas da trilha.

O game também apresenta desafios para o jogador cumprir durante o gameplay. São bem variados e divertidos de se fazer. Vão desde acertar tantos Headshots em inimigos até explodir três inimigos com uma só granada. Durante a campanha, eu tentei cumprir o máximo possível de desafios e valeu a pena no final de tudo. É um “algo a mais” bem bacana para fugir da linearidade do game (e não atrapalha em nada).

Seu multiplayer apresenta todas as 19 fases totalmente remasterizadas (agora em 60 fps) e traz 6 modos competitivos, indo desde o clássico Team Deathmatch até um modo 2v2 feito pela comunidade de Gears. O online de Gears foi um marco e é muito divertido. Uma ação frenética e bastante violenta para os apreciadores do gênero. Ou seja, novamente, um clássico.

Conclusão

Gears Of War: Ultimate Edition é uma remasterização mista e de extremos. Faz bonito com gráficos repaginados e visualmente atraentes (como sempre, mas melhorado). Expressões faciais atualizadas para a época, agrada os fãs e atrai novos curiosos. Tudo isso junto à uma otimização ruim, vários problemas do original e acrescenta alguns. Tinha tudo para ser fantástico e ser um grande candidato ao topo (com uma nota acima de 9), mas não é o que teremos aqui. Trouxe tradução e dublagem em PT-BR de impressionar até àqueles que só consomem produtos na dublagem original. Creio que este seja o ponto mais alto do game e de grande relevância da remasterização como um todo. Seu modo online continua existindo e ainda diverte tanto quanto antigamente. Vale a pena jogar e ver as mudanças positivas que, de modo geral, superam as negativas (até certo ponto). Exigirá paciência para possíveis problemas, mas, se isso for impossível para você, então recomendo a versão original do game. Fãs, joguem ao menos uma vez. Novato na saga? Pode ser uma boa opção para começar na saga, mas será válido jogar o original para fator de comparação. Uma remasterização bem mista (ruim, mediana e excepcional de uma vez só). Para um belo fim de conclusão, um remake poderia ter sido mais vantajoso (esperança é a última que morre).

Ter esperança já é alguma coisa…

Nota: 7,5/10.

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