ENTREVISTA: Conversamos com Pedro Savino, fundador da Orube Game Studio e criador do jogo Super Mombo Quest

ENTREVISTA: Conversamos com Pedro Savino, fundador da Orube Game Studio e criador do jogo Super Mombo Quest

7 de outubro de 2022 Off Por Allan Lima

Se você é familiarizado com jogos indies, plataformas 2D ou simplesmente tem um filho ou sobrinho que gosta de jogar no celular, certamente já jogou ou ouviu falar no jogo Super Mombo Quest. Trata-se de um jogo plataforma no estilo metroidvania com mecânicas clássicas de arcade, repleto de possibilidades de combos e power ups. O jogo possui versões para Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One, Android, Microsoft Windows, iOS, Xbox Series X e Series S; na loja da google o jogo já conta com mais de 500 mil downloads e uma média de notas 4,7, e na Steam o jogo também possui inúmeras avaliações, em sua maioria muito positivas!

A Orube Game Studio está presente na área indie da BGS 2022 divulgando a continuação do jogo e tivemos a oportunidade de conversar exclusivamente com Pedro Savino, fundador da empresa e criador do jogo. Falamos um pouco sobre o processo de criação, suas maiores dificuldades, sua visão a respeito do mercado brasileiro e muito mais, em um papo super interessante que você pode conferir logo abaixo.

Pedro, primeiramente obrigado pela disponibilidade em conversar conosco. Para começar, gostaria que você nos contasse um pouco sobre a história da Orube Game Studios. Como surgiu essa vontade de criar jogos em um mercado tão difícil como o brasileiro e como foi essa trajetória até chegar onde está hoje?

Pedro: Eu me formei em 2013 e naquela época o mercado brasileiro realmente era bem diferente do que é hoje em dia. Não havia muita oferta de trabalho e após formado eu me vi sem ter aonde trabalhar, as poucas oportunidades na área não ofereciam um salário adequado. Então eu resolvi criar os meus próprios jogos. Durante um período de 5 meses eu criei um jogo por semana do meu personagem, o Mombo, que naquela época já existia e até se tornou mascote da empresa. A partir daí, como eu fui fazendo muitos jogos e lançando nas plataformas, eu percebi que conseguiria ganhar dinheiro fazendo games, até que em 2016 eu fiz um jogo chamado Adventure Lhama, que foi lançado em 2017 e estourou, tendo hoje mais de 3 milhões de downloads. E foi esse jogo que me proporcionou capital para contratar pessoas e começar a montar realmente uma equipe e formar de fato a Orube Game Studio como ela é hoje. Já possuímos quase 1 milhão de seguidores no Tik Tok, nós criamos o nosso canal no youtube há poucos meses e já temos quase 400 mil inscritos, então eu saí lá de trás desenvolvendo games sozinhos e hoje em dia há uma grande equipe para nos ajudando nesse sonho que é conseguir viver da profissão de criar games no Brasil.

Você chegou a mencionar que o Mombo foi um personagem que você criou lá no começo da carreira, como surgiu então a ideia do personagem e do jogo em si, como conhecemos hoje?

Pedro: Na verdade eu criei o personagem para o meu TCC da faculdade. O nome dele, Mombo, vem de uma combinação das palavras “mobile” e “monster”, e inicialmente esse personagem era para ser um Tamagochi (os famosos bichinhos virtuais, que fizeram muito sucesso na década de 90 e início dos anos 2000) mas aí se tornou no que ele é hoje, no Super Mombo Quest. Claro que houve todo um processo de evolução; a mecânica principal do jogo é o combo e isso vem lá de trás também, de um jogo que eu desenvolvi com ele, onde o objetivo era pular em cima dos inimigos e matar todos os inimigos da fase, isso deu super certo e eu pensei “cara, a marca do Mombo é isso, matar os inimigos da fase rapidamente realizando um combo”, e aí virou a principal característica do Super Mombo Quest que temos hoje.

Super Mombo Quest é um plataforma 2D com vários elementos inseridos e uma jogabilidade bem fluída. Quais foram suas principais inspirações para que você pudesse criá-lo dessa maneira?

Pedro: Quando eu ganhei lá atrás o meu Super Nintendo, o jogo que veio com o esse Super Nintendo foi o Mega man X2, que é um jogo de plataforma com alguns elementos de exploração, embora não chegue a ser um metroidvania, para desbloquear um determinado local para prosseguir você precisava buscar uma maneira, então acho que esse era o meu jogo dos sonhos. Eu tinha somente aquele jogo pois naquela época tudo era muito caro, as pessoas alugavam as fitas, mas possuir mesmo normalmente eram poucas fitas, então eu joguei esse Megaman X2 igual um maluco (risos) e aí fiquei viciado em jogos plataforma, e teve o Super Mario também, que contribuiu. Minha infância então foi basicamente de jogos plataforma e até hoje é meu gênero favorito, tanto é que os 3 jogos da nossa empresa são desse gênero. Posso dizer com segurança que a minha especialidade é o gênero plataforma (risos).

Embora o mercado brasileiro tenha crescido muito e o espaço para os indies aumentado, sabemos que as coisas por aqui ainda são difíceis para quem quer seguir essa carreira de desenvolvimento de jogos. Gostaria que você nos contasse quais foram as suas principais dificuldades nesse sentido e como você enxerga o mercado hoje em dia, com o status que você conseguiu alcançar hoje.

Pedro: Bom, desenvolver jogos é um investimento de risco, pois você investe uma grana e você não tem nenhuma certeza se essa grana vai voltar ou não, e ainda que volte você só vai ter esse retorno quando terminar o projeto. Então imagina você começar do zero sem ter jogo lançado… Você precisa de um capital ou precisa de pessoas que queiram estar junto de você para produzir os games. Acho que a primeira dificuldade para quem começa a desenvolver é esse ponta pé inicial de desenvolver os primeiros jogos, porque ou você faz sozinho mas vai precisar pagar as suas contas de alguma forma, ou você tem que procurar amigos que queiram se juntar a esse sonho de produzir jogos. O meu caso foi um misto disso, batalhando muito sozinho mas ao mesmo tempo ter pessoas ao meu lado que estavam na mesma vibe, criando jogos comigo. A maior dificuldade foi começar e ter um portfolio que demonstrasse capacidade de desenvolver jogos, pois não sabemos fazer jogos sem fazê-los de fato, então primeiro pra gente aprender precisamos fazer. Esse processo de aprendizagem que é o mais difícil , pois você precisa bancar esse processo de aprendizagem até você desenvolver um game que seja sustentável. Outra questão é que que no Brasil nós temos o real como moeda, então tem muita empresa lá fora que às vezes tem um capital para contratar pessoas e isso faz com que as desenvolvedoras indies daqui percam profissionais, afinal a capacidade de investir das empresas estrangeiras é muito maior, logo, as chances para o profissional lá é maior. Mas mesmo com esses fatores, ainda acho que o mercado hoje por aqui tá muito bom, acho que tem espaço para todo mundo.

O que você diria para quem tá começando agora, com o cenário que temos hoje? Que dica você daria para esse desenvolvedor ou esse gamer que tem o sonho de seguir esse mesmo caminho?

Pedro: Eu vou falar um pouco do que eu vivi e do que eu acho importante. Acho que uma das primeiras coisas é que é necessário aprender e correr atrás do conhecimento. É muito cansativo e difícil fazer games, você vai suar a camisa então de início é importante você fazer jogos curtos para você entender o processo. Quando você for jogar um jogo, é importante analisar bem o que aquele jogo está te proporcionando, o porquê você está se divertindo, porque aquele jogo é difícil, porque ele é fácil, enfim, tentar não jogar só por jogar, mas também ter esse olhar analítico. Refletir sobre o processo de criar e jogar games é essencial.

Criar jogos, especialmente no Brasil, é um processo muito árduo e o sonho de muitos. Hoje você está aqui com um estande próprio na maior feira de games da america latina, apresentando a continuação de um jogo que foi um sucesso e tendo essa sensação de ver as pessoas jogando algo que você criou. Qual é o sentimento de realizar o sonho de viver da criação de games?

Pedro: O sentimento é de realização porque eu acho que quem cria um jogo tá colocando uma coisa de si dentro do mundo, eu estou me dedicando, colocando um pouco do que eu penso e do que eu acredito naquilo, então ver as pessoas se divertirem, comentarem, elogiarem, isso é o que faz a gente querer cada vez mais dar o máximo. Só tenho a agradecer por poder fazer jogos, porque é uma coisa que a gente sonha quando somos criança, acha que é impossível, mas com muita dedicação hoje em dia para mim é uma realidade e eu só tenho a agradecer. É muito gratificante ver tudo isso acontecendo.

Da esquerda para a direita: Allan Lima (redator que vos escreve), Pedro Savino e Rafa CAstillo, também redator do site e o qual eu agradeço o apoio e ajudar para que a entrevista ocorresse

Ficou curioso para conhecer o trabalho da Orube Game Studios? Quer jogar Super Mombo Combo? Abaixo você pode conferir todos as redes sociais e links do jogo. Lembrando que eles continuam na BGS 2022, oferecendo a possibilidade de testar a continuação que está atualmente em produção, então se você estiver por lá não deixe de conferir!

FICHA TÉCNICA DO SUPER MOMBO QUEST

  • Genêro: Plataforma 2D | Metroidvania | Aventura
  • Plataformas: Nintendo Switch | PlayStation 4 | Xbox One | Android | Microsoft Windows | iOS | Xbox Series X e Series S
  • Lançamento: 4 de novembro de 2021

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