Análise do jogo Zeebo Extreme Rolimã
21 de outubro de 2020Por: RssV – Zeebo Brasil |
Apresentação: 8,0 |
Gráficos: 8,0 |
Som: 7,5 |
Jogabilidade: 8,5 |
NOTA FINAL: 8,0 |
O anúncio do Zeebo, no fim de 2008, provocou alguma movimentação entre imprensa e público brasileiro. A ideia de ter um videogame concebido no Brasil, com jogos localizados e suporte oficial pareceu interessante para alguns e falha para outros; logo estabeleceram-se discussões em comunidades e sites do ramo sobre o console estreante. Os que foram ou vão de encontro ao lançamento do Zeebo frequentemente usam para criticá-lo argumentos como sua baixa capacidade técnica, seu preço e seus jogos “requentados”. Extreme Rolimã constitui, desse modo, um dos mais fortes argumentos a favor da plataforma quando tratamos de diferenciais: é o primeiro título 100% exclusivo do Zeebo, foi desenvolvido “do zero” pela Tectoy Digital focando seu hardware e traz não só áudio e textos em português, como também um tema nacional, os carrinhos de rolimã. É um perfil de lançamento muito bem-vindo para um console ainda carente de jogos.
Como muitos já estão carecas de saber, Rolimã é a primeira parte da série Zeebo Extreme, que trará posteriormente outras modalidades como corrida aérea, rali (baja) e Boia Cross. E um grande atrativo em todos eles, além de serem exclusivos, é o fato de fazerem uso do controle Boomerang, que detecta os movimentos do jogador através de um acelerômetro similar ao do iPhone ou do controle Sixaxis do PlayStation 3. Apesar disso, Rolimã também suporta o Z-Pad, controle padrão que acompanha o pacote básico do Zeebo.
Depois de um longo carregamento, surge um menu simples mas bonito, que vai direto ao ponto: temos opção de correr sozinhos contra a “CPU” ou de correr junto a outro jogador, além de podermos ajustar o volume da música, dos efeitos sonoros e a dificuldade. Iniciando uma nova corrida, podemos escolher entre 4 diferentes personagens — que não parecem ter impacto direto na jogabilidade, além de 3 localidades: São Paulo (”fácil”), uma pista noturna, Petrópolis (”médio”), em que corremos ao dia e Ouro Preto (”difícil”), ao entardecer.
O mecanismo da corrida é um pouco diferente do convencional: já que são utilizados rolimãs, em todas as pistas vamos “ladeira abaixo” sem a necessidade de um botão para acelerar. Os controles incluem botões para frear, soltar turbo (rolimãs hi-tech!) e derrapar. Eles são responsivos e jogabilidade no Z-Pad*, em geral, é agradável. De início pode parecer tudo simples demais, já que só precisamos mover o analógico para os lados e ir descendo os percursos. Junto a isso, também pode haver a impressão de que os carrinhos têm pouca aderência aos cenários. Mas logo percebe-se que os comandos de frear e derrapar adicionam uma curva de aprendizado à coisa; apesar de as pistas serem abertas, elas contêm muitas curvas fechadas que requerem diminuição de velocidade e/ou uso das derrapadas para serem transpostas — se isso não for feito, dá-se de cara com os muros, quando é necessário esperar que o rolimã seja recolocado no circuito (o que acontece meio à Mario Kart, embora não apareça ninguém pra “pescar” o carro), uma grande perda de tempo. Ou seja, entre freadas, derrapadas e momentos mais adequados para uso do turbo, há uma margem para diferenciar bons corredores de corredores medianos ou desastrados.
Em todas as pistas corremos contra três oponentes e estes, quando controlados pela “CPU”, não oferecem lá grandes desafios (ao menos na dificuldade padrão). Depois que nos acostumamos com os controles e começamos a sacar os detalhes das pistas, fica razoavelmente simples deixá-los para trás em grande parte do tempo. Na dificuldade mais elevada, há de se dizer, ocorrem muitas trocas de posição, mas ainda assim chegar na frente não é grande coisa. Juntando isso ao fato de que o jogo não oferece nenhum modo “torneio” ou “carreira”, logo vemos que a longevidade de Extreme Rolimã está mesmo em sua possibilidade multiplayer — até 2 jogadores locais, que podem utilizar Boomerangs, Z-Pads ou ambos. E como até o momento não há sequer indicações sobre quaisquer funções online do Zeebo (além de conectar-se à loja para baixar jogos), também não há opção de rankings pela internet ou coisa similar. Apesar disso, no fim de cada corrida são mostrados placares com os tempos de cada corredor, o que permite as disputas por melhores tempos em comunidades (sim, tirando fotos das telas de jogo — sei que é uma ideia retrô).
Mesmo não sendo uma maravilha visual, dado o padrão atual de consoles e até de celulares, Extreme Rolimã apresenta um trabalho bastante competente nesse quesito. As pistas são bastante coloridas e dão uma ótima impressão geral aos que não são tão exigentes. Não há muitas firulas nas animações — quando batemos o rolimã num muro, por exemplo, o personagem é recolocado na pista sem qualquer animação de queda ou de grande impacto — mas, além do bom uso de cores nos trajetos, vemos também efeitos legais de iluminação (sol, sombras, efeitos de atrito entre as rodas e o asfalto) e até horizontes relativamente distantes. Apesar de a construção de cenários ser visível em alguns trechos, o jogo roda numa taxa de quadros sempre estável e dá uma ótima sensação de velocidade.
O áudio é “padrão”, mas agradável. Temos trilha sonora não enjoativa, que dá um bom “background” para as disputas, e detalhes menores como efeitos sonoros sincronizados com as animações do menu principal. Durante as corridas não há nada que se sobressaia demais; além do narrador que dá a largada em português, temos os efeitos dos rolimãs deslizando sobre o asfalto, das derrapadas, do turbo, entre alguns outros.
Para falar sobre Extreme Rolimã, parece ser necessário considerar o propósito e a posição que o jogo ocupa atualmente. Custando razoáveis R$ 14,90 (1490 Z-Credits), é o primeiro título 100% brasileiro e exclusivo para o Zeebo, que chega no início do ciclo de vida do console. Ainda assim, pode desagradar àqueles que queiram uma experiência mais complexa (campeonatos, “modos carreira”, etc.) ou aos mais exigentes no quesito gráfico, já que existem títulos mais bonitos para hardwares similares, como o iPhone. Mas se o foco for dado à diversão casual, este é um jogo que vai agradar a muitas pessoas: tem jogabilidade fácil e “expansiva”, tema carismático e bom desempenho técnico. Dadas as circunstâncias do lançamento e à proposta do jogo, pode-se dizer que foi uma estreia simples e competente da Tectoy Digital. Esperamos por mais e melhores jogos de onde este veio.
* O jogo foi testado apenas com a utilização do Z-Pad.
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