Street Fighter II: a história da versão para Master System que foi lançada somente no Brasil

Quando pensamos em ícones dos jogos de luta, “Street Fighter II” é indiscutivelmente um dos primeiros nomes que vêm à mente. Lançado pela Capcom em 1991, esse épico dos fliperamas rapidamente conquistou os corações dos jogadores ao redor do mundo, estabelecendo-se como um dos pilares da cultura gamer. Mas o que torna esta história ainda mais fascinante é a incrível jornada que levou esse clássico dos 16 bits aos modestos 8 bits do Master System, graças à visão e determinação da Tectoy.

O Desafio que Virou Realidade

Nos anos 90, o Super Nintendo e o Mega Drive (Sega Genesis) brigavam pelo reinado dos consoles de 16 bits, e “Street Fighter II” fez um sucesso absolutamente estrondoso nas duas plataformas. No entanto, a equipe da Tectoy, uma das mais audaciosas produtoras de jogos para consoles no Brasil, não estava disposta a deixar o Master System, que era um console de 8 bits, de fora dessa festa de combate. A Sega inicialmente alegou que era impossível trazer a experiência “Street Fighter” para o modesto hardware do Master System. No entanto, a Tectoy, liderada por visionários como Heriberto Martinez, não se deu por vencida.

Martinez revelou o segredo por trás do desenvolvimento: “A Tectoy insistiu e aí resolvemos pegar as artes do jogo de Mega, abrindo o binário, arrancando com emuladores, reduzir pro tamanho de Master e movimentar elas, gerando um protótipo de movimento.” A perseverança da equipe resultou na criação de um protótipo jogável do “Street Fighter II” para o Master System. A Sega, no entanto, permaneceu cética.

Stefano Arnhold, presidente da Tectoy, acrescentou uma pitada de humor à história. Em uma jogada ousada, eles esconderam o Master System da visão de um produtor da Capcom e lhe deram controles de Mega Drive para testar o jogo. Inicialmente, o produtor considerou o jogo “fraco” para os padrões do Mega Drive e sugeriu melhorias. No final, a revelação de que era, na verdade, o Master System rodando o jogo deixou o produtor impressionado com a capacidade do console de 8 bits.

O Feito Único no Universo 8 Bits

O Master System, um console que operava com uma capacidade muito inferior se comparado ao Mega Drive, conseguiu realizar algo verdadeiramente notável: receber uma versão oficial de “Street Fighter II”. Esse feito técnico e criativo não pode ser subestimado. O cartucho de “Street Fighter II” para o Master System continha 8 Mega de dados, um tamanho impressionante para os padrões da época e uma demonstração do talento da brasileiríssima Tectoy.

No entanto, para acomodar o hardware limitado do Master System, alguns sacrifícios foram necessários. A jogabilidade foi simplificada para se adequar aos dois botões do controle do Master System, uma tarefa árdua considerando a complexidade dos movimentos especiais dos personagens. Além disso, o número de lutadores foi reduzido de 12 para 8, com E. Honda, Zangief, Dhalsim e Vega deixados de fora. No entanto, a essência do jogo original foi preservada de maneira notável.

Lutadores em Grande Estilo

O elenco de lutadores incluía Ryu, M. Bison, Ken, Guile, Chun-Li, Blanka, Sagat e Balrog. Mesmo com as limitações de hardware, esses personagens foram retratados de maneira surpreendentemente fiel e com um nível impressionante de detalhes. Mas o grande destaque estava na tela: os sprites dos personagens eram gigantes e estavam repletos de detalhes, tornando cada batalha uma experiência visualmente impressionante.

Outro ponto notável foram as vozes digitalizadas. Elas anunciavam o nome dos lutadores, os rounds e a vitória/derrota, adicionando um toque de autenticidade e imersão ao jogo. Durante as lutas, embora não houvesse vozes, o restante da experiência compensava qualquer ausência.

Um Legado Nostálgico

“Street Fighter II” para o Master System foi um projeto ousado da Tectoy que se tornou um presente especial para os gamers brasileiros. Além disso, provou que, mesmo com as limitações de hardware, era possível ter uma versão de qualidade de um dos maiores clássicos dos fliperamas. A versão nacional do jogo permanece como um marco na história dos videogames, lembrando-nos da época em que os consoles de 8 bits eram soberanos e dos incríveis feitos que as mentes criativas por trás dessas máquinas eram capazes de alcançar.

Hoje, esse legado perdura e continua a encantar novas gerações de jogadores. “Street Fighter II” no Master System é mais do que um jogo; é um testemunho da paixão, da determinação e da criatividade que impulsionam a indústria dos videogames.

Então, que tal reviver essa nostalgia e enfrentar seus amigos em batalhas épicas de “Street Fighter II” no Master System? Prepare-se para mergulhar na ação, reviver o passado e mostrar a todos quem é o verdadeiro mestre dos combates de rua neste clássico que transcende gerações.

A lenda nacional do Master System está viva e pronta para ser vivida novamente!