Red Dead Redemption 2: Uma Lenda do Oeste

Recentemente, em 26 de outubro, Red Dead Redemption 2 completou seis anos desde seu lançamento. Esse é o foco deste artigo; entretanto, vamos relembrar brevemente o nascimento dessa franquia que conquistou milhões de jogadores ao redor do mundo.

É certo que a Rockstar Games se tornou uma companhia lendária após o lançamento da franquia Grand Theft Auto (GTA), mas, sem se limitar ao estilo de jogo que a levou a um sucesso absoluto, a produtora decidiu seguir em direção ao Velho Oeste, dando vida a um jogo previamente cancelado pela Capcom e transformando-o no primeiro game da série Red Dead: estou falando de Red Dead Revolver, produzido pela Rockstar San Diego (antiga Angel Studios) e publicado pela Rockstar Games em 2004.

Trazendo já em seu primeiro título a vingança como tema principal na jornada do protagonista Red Harlow, Red Dead se tornou algo muito maior quando foi lançado, em maio de 2010, o grandioso título e sucessor espiritual de Red Dead Revolver: Red Dead Redemption.

A Tragédia do Pistoleiro

Apresentando um protagonista excepcionalmente carismático — o sujeito boa praça, que aprendeu com os erros para se tornar um grande homem — John Marston —, Red Dead Redemption surpreendeu ao trazer o Velho Oeste em um rico mundo aberto e uma jogabilidade muito bem executada para a época. Além disso, é claro, trouxe uma história sensacional, que nos instigava a imaginar mais sobre o passado de John e a perseguição do governo, que o obrigou a “caçar” seus antigos colegas de bando da gangue Van der Linde em troca da liberdade de sua família.

O desfecho dessa aventura me levou ao final mais chocante que já havia visto em um videogame, um final que, até hoje, não superei e não consigo aceitar. E, voltando ao tema principal abordado por Red Dead Revolver, que faz parte de tantos ótimos filmes do gênero western no cinema, tivemos o filho de John, Jack Marston, buscando vingança e aliviando um pouco a alma de nós, jogadores. Se toda a composição de Red Dead Redemption foi incrível, rendendo o merecidíssimo troféu de Jogo do Ano em 2010, ouso dizer que ninguém estava preparado para a grandiosidade do que chegaria em 2018.

A Redenção de um Fora-da-Lei

Red Dead Redemption 2 foi brilhantemente idealizado para nos levar de volta no tempo e revelar a história da gangue Van der Linde antes dos eventos do primeiro Red Dead Redemption, agora com um novo protagonista: o inicialmente pouco carismático Arthur Morgan. Eu disse inicialmente!

O jogo começa com a gangue escondida em Colter, na região oeste de Grizzlies, no estado de Ambarino, logo após um evento que abalou a todos: o famoso roubo em Blackwater, já mencionado no primeiro Red Dead Redemption. Nesse período, a era dos pistoleiros e dos fora-da-lei já estava em declínio. Os Estados Unidos estavam se desenvolvendo cada vez mais e se tornando uma terra de leis, onde não havia mais espaço para criminosos; as gangues estavam, portanto, fadadas ao fim.

A partir do primeiro capítulo, embarcamos em uma longa e densa jornada, durante a qual vamos conhecendo aos poucos cada membro do bando. O que inicialmente parecia um sonho de união começa a se desfazer, revelando ambição, ressentimento e traição. Esse desdobramento ocorre graças ao trabalho cuidadoso de revelar, pouco a pouco, o verdadeiro caráter do líder da gangue, Dutch Van der Linde, uma figura já conhecida do jogo anterior.

A trama se desenvolve em torno da lealdade cega de Arthur por Dutch, mas os conflitos entre eles se tornam frequentes à medida que a amizade entre Dutch e o famigerado Micah Bell — rival de Arthur desde o início do jogo — cresce e se intensifica. A influência de Micah sobre Dutch expõe o que se esconde por trás das aparências, ou, mais simbolicamente, das bandanas. A gangue, então, caminha para uma divisão inevitável, e o desenrolar desses eventos nos leva a um final marcante e emocionalmente impactante para o protagonista, que pode ser triste e pacífico, belo, ou brutal e sombrio.Todo o conjunto de elementos deste jogo, aliado à profundidade dos sentimentos humanos trabalhados em seus personagens, faz com que Red Dead Redemption 2 tenha, na minha opinião de fã de carteirinha dos filmes de faroeste, a melhor história já criada para o gênero.

Jogabilidade

Costumo sempre repetir: o primeiro capítulo, além de introduzir a história, serve como um grande tutorial, pois de um jogo para o outro houve um aprimoramento notável na jogabilidade de Red Dead Redemption 2, em todos os sentidos! Além das 109 missões, somando prólogo e epílogo, o game ainda conta com muitas outras missões secundárias, easter eggs, e atividades. Portanto, alguma forma de aprender tudo isso se fez necessária.

O mundo aberto, embora não inclua o México, é vasto e cheio de vida. Até hoje, os detalhes da natureza e até mesmo dos NPCs, que parecem ter vida própria, impressionam. Sim, é um jogo onde toda ação provoca uma reação, seja no modo história ou no modo online, o que é incrível.

Red Dead Redemption 2, com todos esses elementos e muito mais, entrega uma experiência completa e marcante ao jogador. É um jogo para ser apreciado em cada detalhe, realmente explorado em sua plenitude e revisitado.

Claro que a obra teve muitas inspirações, uma das que notei, foi, por exemplo, o filme Era Uma Vez no Oeste (Sergio Leone – 1968) – inclusive na trilha sonora de Ennio Morricone, que em RDR2 foi brilhantemente composta por Woody Jackson e produzida por Daniel Lanois. Pode até ser coincidência, mas achei a roupa de Arthur parecida com a do protagonista da antiga série de TV estrelada por Bruce Campbell: As Aventuras de Brisco County, Jr. Isso sem contar as anotações no diário de Brisco e a semelhança entre Charles Smith, amigo de Arthur e mebro da gangue, e Lord Bowler, também personagem da referida série de TV.

Para finalizar, digo que, seis anos após o lançamento dessa grande obra dos games, Red Dead Redemption 2 continua sendo um marco na indústria e, claro, no coração de nós, fãs, além de ser o primeiro título da série a levar ao pé da letra o significado de “redenção”. Obrigada por isso, Rockstar Games.