Análise do jogo Hyper Iria

11 de fevereiro de 2021 0 Por Markus Norat

Por: Cosmão

Existia uma época onde, para poder jogar algum game no nosso amado console, tínhamos que ir á um lugar chamado locadora. Nesta locadora, vários jogos estavam disponíveis e, dependendo do dia em que você fosse lá, teria mais ou menos opções de jogos conhecidos. Muitas vezes, pegávamos jogos que nunca tínhamos ouvido falar, às vezes pela capa, às vezes só vendo alguma telinha na parte de trás da caixa.

E eu aposto que Hyper Iria, caso algum sortudo que está lendo este artigo o tenha conhecido na época, tenha sido um caso desses, um jogo que possa ter fascinado pela capa e acabou deixando quem alugou mais perdido que cego em tiroteio.

Isso porque o jogo nunca foi lançado por essas bandas, então, o idioma original é o japonês. Como se trata de um jogo que depende de leitura e interpretação para poder avançar no mesmo, muitos jogadores que encararam a versão de Super Famicom na época ficaram bem perdidos. Com o advento da emulação, muitos jogos excelentes e exclusivos daquele mercado nipônico ganharam uma tradução, seja para o inglês, seja para o português. Hyper Iria se encaixa na primeira opção, vindo a ganhar uma tradução completa em agosto deste ano de 2016.

Dessa forma, hoje em dia, quem não entende nada de japonês, poderá desfrutar desse que é um excelente jogo e entender tudo que se passa nele. É disto que se trata a análise de hoje no Shugames. Vamos descobrir o que é Hyper Iria, do Super Famicom!

Antes de falar do jogo em si, é preciso contextualizar o jogo e dizer que ele é baseado num anime, que por sinal é originado de um filme live-action japonês chamado Zeiram. Esse filme foi lançado em 1991 e fez um relativo sucesso. Ele fala de uma batalha travada entre um ser espacial alienígena que invadiu nosso planeta (Zeiram) e por uma caçadora de recompensas chamada Iria. Não vou entrar no mérito de descrever a história toda do filme, mas, para se situarem, o anime Iria acontece antes do filme, contando a história de Iria e dos personagens, de todo o desenvolvimento deles e de como tudo foi culminar no filme em si. O jogo, Hyper Iria, acontece APÓS o anime e ANTES do filme, ou seja, é tudo um prequel, coisa de japonês realmente, que mais confunde do que explica.

Enfim, voltemos a falar do jogo em si. No game controlamos Iria, uma caçadora de recompensas altamente treinada, que tem por missão ir atrás de Zeiram, além de acabar com a raça alienígena que o vilão trouxe para o nosso planeta de brinde. Para lhe ajudar, ela conta com Bob, uma espécie de computador que um dia já foi humano, que lhe passa as coordenadas de cada missão, além de seu aparato bizarro que ela usa para voar e chegar nos locais.

Diferente de muitos jogos de plataforma comuns na época, em Hyper Iria nós escolhemos as missões que vamos fazer antes de entrar nelas. Você pode analisar a missão pela descrição da mesma fornecida por Bob, entrar numa lojinha de equipamentos para comprar desde armas até itens de mobilidade, equipar os itens que preferir e só depois partir pra luta. Muitos dizem que Hyper Iria tem uma mecânica parecida com Super Metroid ou com os “metroidvanias” que conhecemos. Isso não é totalmente errado, mas o jogo da desconhecida Crowd tem suas particularidades que o difere dos outros.

Primeiro, ele funciona realmente como um autêntico jogo de plataforma. Iria pode saltar, se abaixar, atirar com as armas equipadas, dar socos quando se desequipa as armas e chutar, além de deslizar pelo chão. Além de tudo isso, existem algumas fases que funcionam como shoot’em ups, onde Iria faz uso do seu equipamento de vôo enquanto atira nos inimigos no céu. O que o assemelha à um “metroidvania”, seriam os itens de mobilidade que podem ser comprados nas lojas. Alguns permitem pulos duplos, facilitando o acesso à algumas áreas de algumas fases, armas mais fortes, granadas e bombas de contato, etc. Mas nem por isso pode-se afirmar que o jogo é calcado nesse estilo totalmente. Hyper Iria ainda funciona como um jogo de ação e plataforma, simples assim.

Em termos de visual, o jogo chama a atenção pelo capricho nos detalhes. O cabelo de Iria se move de forma independente, as armas utilizadas são bem variadas, assim como os inimigos também são bem desenhados e animados. O design das fases pode soar repetitivo às vezes, mas é bem diferenciado um do outro, funcionando na maioria das vezes como labirintos. Talvez se tivesse uma variedade maior de design, o jogo fosse um pouco mais diversificado nesse aspecto, mas não é algo que vá prejudicar sua experiência. Uma coisa que notei também, talvez pela característica do jogo em si, é que ele é meio lento em algumas partes. Isso pode ser notado quando se tem mais inimigos juntos, o que reflete num slowdown momentâneo. Contudo, também não é algo que prejudique, mas que é bom registrar.

A dificuldade do jogo está em conseguir se manter vivo até cumprir o objetivo de cada fase. Isso se torna mais complicado nos chefes, que muitas vezes requerem um tipo de arma para serem mais facilmente abatidos. Durante as fases, o jogo segue sem maiores problemas, desde que o jogador tenha cuidado com sua barra de energia. Para facilitar, no entanto, o jogo mostra a barra de energia restante de cada inimigo atingido. Os inimigos abatidos rendem pontos, que são convertidos no dinheiro do jogo e que pode ser gasto na lojinha entre cada missão.

As armas de Iria ficam sem balas se você gastar tudo de uma vez. Isso pode ser resolvido encontrando-se novas cápsulas em inimigos abatidos, mas traz uma certa estratégia na hora dos combates. Como a personagem tem bastante mobilidade, é muito mais vantajoso, em certas situações e com certos inimigos, usar seus socos e principalmente seu chute para eliminar as pragas. Balas de revólver, metralhadora e canhões, somente em casos especiais ou nos chefes.

Além do jogo ter um belo visual in game, a produtora ainda colocou muitas cenas estáticas do anime para dar uma imersão maior ao jogador. E isso funciona muito bem, principalmente naquela época quando o jogo foi lançado. Todas as cenas tem muita qualidade e garantem um gameplay mais coeso, mostrando várias vezes que a personagem principal realmente parece viva na história. Além disso, a abertura inteira é formada por essas cenas, o que dá um tom único à obra. O som do jogo também não compromete, tendo músicas interessantes e bons efeitos sonoros. Destaque para a música da primeira fase, muito bem executado e que lembra, vagamente, a trilha sonora de Super Metroid.

E o idioma japonês, atrapalha muito? Bom, essa pergunta pode ser respondida com um sim e com um não também. Sim, porque no início e em algumas missões, Bob vai falar o tempo todo as coordenadas e caminhos que Iria precisa seguir. Estando em japonês, complica bastante. E não porque, além disso, em mais nada o idioma é um empecilho. Talvez se você aprender o básico de esquerda e direita em japonês já consiga se virar em Hyper Iria. Mas, se quiser facilitar sua vida, basta aplicar o patch na rom pura e se divertir sem maiores problemas. Você encontra o patch neste link aqui e um tutorial básico para aplicá-lo aqui.

Finalizando, este jogo é uma grata surpresa que, graças aos tradutores (sempre eles), podemos usufruir sem o menor problema com o idioma. É um jogo bem cadenciado, com uma dificuldade balanceada, recheado de ceninhas estáticas de ótima qualidade e com uma profundidade decente, sem ser muito complexo e também não tão raso. Eu recomendo bastante o jogo, principalmente agora, 100% traduzido!

Resumão:

Prós:
+ visual bem bacana, principalmente dos personagens;
+ som caprichado do começo ao fim;
+ cenas estáticas de ótima qualidade.

Contras:
– a lentidão que ocorre às vezes;
– alguns chefes são difíceis e darão muito trabalho sem as armas certas.

Final Score: 8

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