A história do Super Nintendo

A história do Super Nintendo

2 de agosto de 2020 Off Por Markus Norat

“Ele pode gerar mais cores que o NES”, era o que dizia o diretor da Nintendo à época, Satoru Iwata. E não era para menos, ele se referia ao surpreendente console de videogames com CPU de 16 Bits que colocava até 256 cores ao mesmo tempo na tela, de uma paleta de trinta e duas mil setecentas e sessenta e oito cores, que a Nintendo trazia ao mercado para substituir seu console atual, que era o Nintendo Entertainment System.

Super Famicom – modelo lançado no Japão

Lançado em 21 de novembro de 1990 no Japão, o Super Famicom provocou um rebuliço no mercado. Filas enormes se formaram em frente às lojas para se adquirir por 25 mil iens, o sonho de consumo dos adolescentes, que vinha em um pacote com dois controles e o magnífico jogo Super Mario World.

Não se podia negar que o novo console que a Nintendo estava apresentando era revolucionário, ele não apenas podia gerar mais cores que seu antecessor, como também vinha com o chip de som e de vídeo muito poderosos. Além disso, apresentava o efeito Mode 7, que permitia efeitos inéditos para a época, como zoom, giro, escala e transparência. O novo console também trouxe um controle bem inovador, vinha com oito botões, incluindo os botões “ombro” L e R, mais o direcional. Apesar de tanta tecnologia, o console tinha um processador bem mais lento que o seu concorrente direto, o Mega Drive da Sega. O processador do Super Nintendo rodava a 3,57 MHz e o processador do Mega Drive rodava a 7,67 MHz…

Super Nintendo – modelo lançado nos Estados Unidos e Brasil

Em 13 de agosto de 1991 a Nintendo lança a versão americana do Super Famicom, o console americano tem um novo design totalmente diferente do japonês e a Nintendo dá outro nome ao console: Super Nintendo Entertainment System. O console da Nintendo entra no ocidente por US$199,00 (cento e noventa e nove dólares).

No Brasil, o Super Nintendo chegou oficialmente em 30 de agosto de 1993 pelas mãos da Playtronic, que era uma Joint-Venture entre a Gradiente e a Estrela, era a empresa que representava oficialmente a Nintendo no Brasil. O videogame brasileiro era exatamente igual ao americano, sendo que vinha com caixa e manuais em português e o sistema transcodificado para Pal-M, que é o padrão utilizado no nosso país.

Super Nintendo – modelo lançado na Europa (Imagem: Wikipédia)

Na Europa, o console foi lançado em 11 de abril de 1992, com o nome de Super Nintendo, porém com o mesmo visual do Super Famicom japonês.

Um fato curioso sobre o nome do console de videogames de 16 Bits da Nintendo é que ele teve o seu nome diferente em algumas localidades. Como já dissemos, o console foi originalmente lançado no Japão, com o nome Super Famicom. Posteriormente foi lançado nos Estados Unidos, Europa, Brasil e Oceania com o nome Super Nintendo. Más um fato que chama atenção e é pouco conhecido aqui no ocidente é que o nosso Super Nintendo era chamado de Super Comboy na Coréia do Sul. O console de 16 bits da Nintendo foi lançado oficialmente na Coréia do Sul por uma representante, a Hyundai Electronics (assim como no Brasil a Nintendo era oficialmente representada pela Playtronic), que resolveu chamar o console como Super Comboy por lá. Visualmente o console era igual ao modelo japonês, como você pode conferir na imagem abaixo.

Super Comboy

Nos Estados Unidos a rede de locadoras Blockbuster colocou o console da Nintendo nas prateleiras, como resultado, a Nintendo briga judicialmente, alegando que o aluguel dos jogos faz com que as vendas caiam.

No Japão a Nintendo estava facilmente dominando o mercado, porém nos Estados Unidos as coisas eram bem diferentes. A Sega, maior concorrente da Nintendo, já tinha lançado seu console, o Mega Drive (Genesis), há um ano, e o console da Sega era o maior sucesso entre os norte-americanos, pois a Sega tinha investido pesado em Marketing e o Mega Drive contava com muitos jogos de esporte e tiro exclusivos, como a série Madden NFL. Além disso, a Sega contava com celebridades em seus jogos, como em “Monaco GP II” com Ayrton Senna, “Moonwalker” com Michael Jackson e “James Buster Douglas Knock Out Boxing”.

Mesmo o Mega Drive nunca tendo conseguido abalar a hegemonia da Nintendo no Japão, sua popularidade aumentava cada vez mais nos Estados Unidos; A Sega lançou uma campanha de Marketing que dizia o seguinte: “Genesis does what Nintendon`t” (O Mega Drive faz o que a Nintendo não faz), a publicidade seguia listando as diferenças entre o console da Nintendo de 8 Bits e o Mega Drive, cujos jogos eram tidos como mais semelhantes aos do Arcade.

Para combater o lançamento do Super Nintendo nos Estados Unidos, a Sega apresentou ao mundo a sua poderosa arma contra a Nintendo: “Sonic the Hedgehog”, jogo que trazia uma velocidade até então nunca vista, que a Sega chamou de “Blast Processing” (Processamento de Rajada). O jogo trazia aquele que viria a ser o principal mascote da Sega, o Sonic.

O jogo “Sonic the Hedgehog” atacava diretamente o maior problema do novo console da Nintendo, pois enquanto os jogos do Super Nintendo pareciam rodar em câmera lenta, apesar do “Mode 7” que permitia efeitos gráficos perfeitos, o Mega Drive mostrava o jogo do Sonic, tão rápido como nenhum outro jogo era capaz de ser na época.

Isso tudo criou a maior batalha entre consoles de videogames já vista até hoje. De um lado a Sega atacava para manter o seu primeiro lugar no mercado e ampliar a sua enorme base instalada, do outro lado estava a Nintendo, tentando a todo custo ultrapassar a Sega.

Com toda essa rivalidade entre a Nintendo X Sega, Super Nintendo X Mega Drive, Mario X Sonic… Somente existiu um ganhador, e não foi nenhum destes concorrentes, foram os jogadores de videogames os verdadeiros vitoriosos. Toda a disputa entre as empresas fez com que os jogos lançados ficassem cada vez melhores, as coleções de bons títulos de cada console só aumentavam e prendiam o interesse dos consumidores. Se você queria jogos de RPG, você procuraria o Super Nintendo, mas se preferisse jogos de ação e esportes, o Mega Drive era sua melhor escolha. Esse era o fator que tornava o console da Sega tão vendido nos Estados Unidos e o console da Nintendo mais vendido no Japão. Os consumidores dos Estados Unidos preferiam jogos de esporte e ação, enquanto os japoneses preferiam os jogos de RPG.

No ano de 1992, o mais popular dos jogos de luta foi lançado exclusivamente para o console da Nintendo. Street Fighter II, da Capcom, marcou o inicio da mania dos jogos de luta nos consoles de videogames.

No ano seguinte, em 1993, iria chegar ao mercado um videogame hibrido chamado de SNES CD, construído em parceria entre a Sony e a Nintendo. O SNES CD era uma resposta do console Super Nintendo aos concorrentes TurboGrafx 16 CD e ao novo acessório que se acoplava no Mega Drive, o Sega CD. O SNES CD funcionaria de forma exatamente igual ao aparelho Sega CD, que trabalhava em conjunto com o Mega Drive. Assim o SNES CD seria um suporte que se encaixaria no Super Nintendo e aceitaria jogos em cartuchos e em CDs.

SNES CD

O acordo entre a Sony e Nintendo estava fechado, o nome do protótipo já tinha sido alterado para o lançamento, deixando de se chamar SNES CD e passando a ser conhecido como Playstation. Todavia, durante a construção do Playstation, para o Super Nintendo, a Nintendo e a Sony entraram em desacordo, pois a Sony queria porcentagem dos lucros das vendas do novo aparelho e também dos jogos. A Nintendo não aceitou e desistiu de continuar com o Nintendo Playstation. Posteriormente a Nintendo anuncia que está trabalhando em um acessório para o Super Nintendo muito semelhante ao Playstation, sendo que desta vez a Nintendo estava em parceria com a Philips. Assim nasceu o CD-i, que foi lançado apenas no Japão e não fez muito sucesso. A Sony, não ficou nada satisfeita com as decisões da Nintendo e continuou trabalhando no projeto Playstation sozinha.

Nesse mesmo ano, Street Fighter II é lançado no Mega Drive, porém, o jogo chega à mesma época em que o console da Nintendo recebe o jogo Mortal Kombat e o Street Fighter TURBO. No ano seguinte, em 1994, foi lançado para o Super Nintendo o jogo Mortal Kombat II sem a censura, o jogo apresenta muito sangue. A Sega não ficou parada e mostrou suas armas para contra-atacar a Nintendo, e combateu com o novo jogo do Sonic, o Sonic 2 e muitos outros grandes títulos de peso. Isso era o que ainda mantinha a Sega na liderança de mercado, até que, ainda em 1994, a Nintendo apresenta o Super FX, para dar mais força ao Super Nintendo e competir com o Mega Drive, que tinha um processador muito mais veloz e ainda contava com os vários acessórios que a Sega lançou para o Mega Drive, como o 32X e o Sega CD.

O Super FX permitiu que jogos em estilo 3D fossem produzidos para o Super Nintendo, ao mesmo tempo em que isto ocorre, a Rareware lança um título com um visual inédito: Donkey Kong Country, que surpreendeu a todos com os seus gráficos limpos, arredondados… O jogo era simplesmente lindo. A Rare tinha empregado uma nova tecnologia no jogo, a ACM (Advanced Computer Modeling), direto das estações gráficas da Silicon Graphic. Esta tecnologia permitia que o jogo Donkey Kong Country apresentasse gráficos similares a um 3D em um console de videogames 2D.

O resultado foi que Donkey Kong Country se tornou um grande sucesso, o título vendeu 9,3 milhões de cópias em todo o mundo e fez as vendas do Super Nintendo aumentarem a ponto de a Nintendo se tornar a nova empresa líder de mercado. O jogo Donkey Kong Country teve duas seqüências: Donkey Kong country 2: Diddy`s Kong Quest e Donkey Kong Country 3: Dixie Kong`s Double Trouble.

A Nintendo continua lançando mais títulos de peso para o Super Nintendo, como Star Fox, Super Mario World 2: Yoshi`s Island, Tetris Attack e Super Mario RPG: Legendo f the Seven Stars, fato este que, juntamente com a notícia de que a Sega teria decidido parar de produzir o Mega Drive para dar total suporte a seu novo console de videogames de 32 Bits, o Saturn, facilitou para que a Nintendo conseguisse transformar o seu Super Nintendo no console de videogames de 16 Bits mais vendido da história.

Confira alguns dos jogos clássicos lançados para o Super Nintendo:

Ainda em 1994, a Sony lança no mercado o seu console de videogames, o Playstation, que foi inicialmente projetado para ser um acessório do Super Nintendo, no entanto, pelos motivos que já apresentamos, o Playstation acabou sendo transformado em um console de videogames independente de qualquer outro e lançado somente pela Sony.

A Nintendo tentou impedir o lançamento do Playstation através de processos judiciais, porém a Sony ganhou e o Playstation foi lançado no mercado. Ironicamente, o console da Sony, o Playstation, foi o console de videogames que tirou da Nintendo o primeiro lugar no mercado. O console Sony Playstation vendeu mais de cem milhões de unidades em todo o mundo, se tornando um sucesso absoluto e incontestável, deixando a Sega e o seu console Saturn na lanterna (mas são assuntos para outra matéria especial).

Com os dois consoles de videogames de 32 Bits já lançados, o Playstation da Sony e o Saturn da Sega, o Super Nintendo com seus 16 Bits não teria mais fôlego para brigar com seus novos concorrentes, sabendo disso a Nintendo já prepara o seu novo console de videogames, com alto poder gráfico e que saltaria a capacidade de 32 Bits apresentada pelos consoles das empresas concorrentes, o novo console de videogame da Nintendo seria lançado simplesmente com o dobro: 64 Bits; porém com uma grande limitação: a Nintendo optou por manter os cartuchos no novo console, ao invés do CD, o que limitava – e muito – o armazenamento.

O Super Nintendo resiste como console principal da Nintendo até o lançamento do Nintendo 64, no ano de 1996. O console de 16 Bits da Big N continua sendo produzido, e em outubro de 1997 é lançado um novo modelo do console, remodelado e menor que o modelo original, o famoso Super Nintendo Baby. Este novo modelo para de ser produzido em 1999 nos Estados Unidos e em 2003 no Japão.

Super Nintendo Baby, também chamado de Snes Baby (modelo norte americano)
Super Famicom Jr. (modelo japonês)
Super Nintendo remodelado (SNES BABY) e a caixa americana do console

Quanto ao lançamento de jogos para o Super Nintendo, o surgimento de novos títulos começou a diminuir até parar completamente, antes mesmo do encerramento da produção do console. Os lançamentos para os Snes encerraram em 1997 nos Estados Unidos e no ano 2000 no Japão.

Os jogos mais vendidos do Super Nintendo
Os jogos da Nintendo mais vendidos para o console:
1- Super Mario World (20,6 milhões)
2- Super Mario All-Stars (10,5 milhões)
3- Donkey Kong Country (9,3 milhões)
4- Super Mario Kart (8,7 milhões)
5- Donkey Kong Country 2: Diddy`s Kong Quest (5,1 milhões)
6- The Legend of Zelda: A Link to the Past (4,6 milhões)
7- Super Mario World 2: Yoshi`s Island (4,1 milhões)
8- Donkey Kong Country 3: Dixie Kong`s Double Trouble (3,5 milhões)
9- Killer Instinct (3,2 milhões)
10- Star Fox (2,9 milhões)

ACESSÓRIOS

O Super Nintendo teve muitos acessórios interessantes, alguns feitos pela própria Nintendo, outros feitos por outras produtoras, confira alguns deles:

GAME GENIE

O Game Genie foi lançado pela Galoob Toys, permitia alterar os jogos de forma que deixava os jogos mais fáceis. Funciona semelhante ao GameShark, sendo que o Game Genie permitia usar apenas cinco códigos em cada vez e não permitia salvar (Nintendo não gosta do lançamento do aparelho e entra com ação judicial, porém perde, e o aparelho permanece no mercado).

MOUSE

O mouse e o Mouse Pad acompanhavam o jogo Mario Paint, permitia fazer desenhos, pequenas músicas e animações no jogo.

SATELLAVIEW

Este acessório se encaixava na parte de baixo do Super Nintendo, servia para que os jogadores pudessem fazer downloads dos jogos via satélite. O aparelho foi lançado somente no Japão e não obteve sucesso. Clique na foto ao lado para ampliar.

SUPER GAME BOY

O Super Game boy era um adaptador que permitia que os jogos do Game Boy pudessem ser jogados no Super Nintendo. Com o Super Game Boy o jogador poderia, ainda, colorir os jogos do Game Boy.

SUPER SCOPE

A bazuca Super Scope funcionava muito bem, porém poucos eram os jogos que permitiam o uso do acessório e quando se utilizava a bazuca no Super Nintendo, não se podia utilizar outro acessório. Não fez muito sucesso.

Deixe o seu comentário abaixo (via Facebook):