The Last Guardian – Análise (Review) – Quando a experiência supera os problemas técnicos
13 de junho de 2021Ficha de jogo
Lançamento: 6 de Dezembro de 2016
Gênero: Ação/Aventura
Desenvolvedora: SIE Japan Studios (Team ICO)
Plataforma: Playstation 4
The Last Guardian foi finalmente lançado em 2016 após longos 7 anos desde o primeiro anúncio, no longínquo ano de 2009. Em desenvolvimento desde 2007, o jogo passou por diversos problemas de produção, tendo inclusive mudado de plataforma já que o jogo foi pensado inicialmente para o Playstation 3. Mesmo com todos esses problemas, a expectativa em torno do jogo sempre esteve presente graças a confiança em torno do trabalho de Fumito Ueda, criador dos clássicos Shadow of the Colossus e ICO. Mas será que The Last Guardian faz jus a toda essa expectativa criada em torno dele? Seria essa mais uma obra prima do famoso Fumito Ueda e sua equipe conhecida como “Team Ico”?
Uma belíssima identidade visual
Pra quem é já é familiarizado com o trabalho do diretor por conta de seus dois jogos anteriores, logo de cara já reconhece a identidade visual de seus trabalhos também presente aqui. Os cenários cheios de ruínas imponentes, as luzes passando por cada fresta, e paleta de cores clara e o personagem principal cheio de carisma utilizando uma técnica próximo a um Cell shading; The Last Guardian mantém o estilo gráfico dos jogos anteriores, mas evolui em todos os sentidos. O resultado é fantástico, tornando-o um daqueles games em que você acaba usando frequentemente a função de Screenshot diante dos cenários de tirar o folego. Trico é a cereja do bolo, com um nível de detalhes excelente, perceptível especialmente em suas penas e pelos ao longo do seu enorme corpo.
No geral, o apelo visual de The Last Guardian se agarra não tanto em poder bruto mas sim na sua belíssima direção artística, que dá o tom certo e torna esse aspecto uma parte de todo uma atmosfera que acaba por ser um dos principais pontos fortes do jogo.
O Protagonismo de Trico
Nos primeiros momentos do jogo você conhece Trico, uma criatura gigante com uma aparência híbrida de gato e pássaro, e a partir daí acaba-se criando uma relação de amizade com o simpático “monstrinho”, relação essa que é o fio condutor não só do enredo como também do gameplay.
A história que vivenciamos em The Last Guardian é narrada através de um homem mais velho que relembra o tempo em que era apenas um menino e conheceu uma criatura gigante – a quem ele passou a chamar de Trico. O menino aparece misteriosamente em um local cheio de ruínas do que aparenta ser uma antiga fortaleza e percebe que está cheio de marcas pelo corpo, logo ele também se dá conta de que não está sozinho e acaba encontrando a estranha criatura acorrentada e machucada. Após tratá-lo e alimentá-lo, aos poucos uma amizade se forma entre os dois e a partir daí começa uma jornada pra que o menino possa voltar para sua vila. É uma história relativamente simples, mas que possuem algumas nuances e boas surpresas, mas acima de tudo, é uma história tocante. A trilha sonora é a cereja do bolo que agrega ainda mais a atmosfera, com músicas orquestradas belíssimas que quebram o silêncio pontualmente.
The Last Guardian é um jogo com mecânicas e objetivos relativamente simples: Avance pelo cenário com a ajuda de Trico, resolvendo puzzles, enfrentando alguns inimigos e procurando descobrir como alcançar determinados lugares para progredir. Para isso você tem a sua disposição comandos simples, como apontar o dedo na direção desejada para que Trico vá até lá, pode chamá-lo, fazer carinho para acalmá-lo, entre outros, além de poder subir nele escalando-o. Embora o panorama geral seja simples, o jogo na verdade acaba se tornando complexo devido a um ponto chave: A inteligência artificial de Trico e seu comportamento.
O comportamento de Trico é realista e passe a sensação de que estamos interagindo com um animal de estimação de verdade com sua própria característica e individualidade, isso acrescenta demais à experiência proposta pelo jogo pois você realmente acaba se apegando a criatura. É fantástico perceber as nuances de seu comportamento e a forma como devemos ir construindo uma relação aos poucos com ele através das ações ao longo do jogo, como, por exemplo, coletar misteriosos barris luminosos que servem de alimento para Trico. Por outro lado, os produtores pesam um pouco a mão nesse realismo e individualidade de forma que o Trico muitas vezes simplesmente não obedece ou não entende os seus comandos, tornando alguns momentos extremamente frustrantes.
Infelizmente os pontos negativos que frustram a experiência não se limitam a este último, a jogabilidade também apresenta diversas falhas. A movimentação e os comandos no geral são funcionais, o problema está em uma escolha de comando específica que atrapalha durante toda a jornada, que é terem feito com que o menino agarre automaticamente nos lugares. Isso é extremamente irritante especialmente nos momentos em que você precisa descer da criatura já que o tempo todo ele fica se agarrando quando na verdade você quer se soltar de vez. A câmera também não ajuda e se mostra extremamente inconsistente nos momentos em que estamos em ambiente fechado. Por fim, há um problema bastante estranho que, embora não atrapalhe muito o andamento geral do jogo, certamente pode incomodar certas pessoas, que é o fato de o “tutorial” estar presente durante todo o jogo, com os prompts ensinando certos comandos sempre aparecendo na tela quando você se aproxima de realizá-los. Acho que é a primeira vez que vejo isso desde que comecei a jogar videogame e até agora não sei ao certo se é um erro de programação ou se é proposital, o que é certo é que às vezes dá a impressão que você nunca encerrou o tutorial.
Um jogo que supera os pontos negativos
Sob um olhar frio The Last Guardian é um jogo a ser recomendado com muitas ressalvas, seu problema com a câmera e as respostas inconsistentes de Trico aos seus comandos tornam The Last Guardian um jogo para jogadores pacientes. Mas passada a análise técnica e superada as frustrações no caminho, The Last Guardian é um tipo de jogo que pouco se vê na indústria, pois através de uma relação única entre os personagens consegue passar diversos sentimentos, fazendo com que quem esteja no controle sinta-se envolvido de verdade ao invés de estar apenas assistindo o desenrolar dos acontecimentos. Sua Atmosfera densa combinado com cenas pontuais de emocionar e tirar o fôlego, terminam de construir um jogo que consegue superar esconder seus defeitos e se tornar uma experiência
Obs: As Screenshots foram tiradas em um PS4 base
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