Análise de Urban Chaos: Riot Response – O Desconhecido e Inovador Jogo De Polícia e Ladrão

24 de julho de 2021 0 Por José Daniel
Ficha do Jogo:
Lançamento: 19 de maio de 2006.
Gênero: Tiro em primeira pessoa.
Desenvolvedores: Rocksteady Studios.
Publicadora: Eidos Interactive.
Plataformas: Playstation 2 e Xbox.
Tempo de Jogo: 8 a 14 horas.

Classificação Indicativa: +18.

Apresentação Inicial

Urban Chaos: Riot Response é o primeiro game desenvolvido pela Rocksteady Studios. O mesmo estúdio que desenvolveu a aclamada série de jogos do Batman: Arkham. Apesar de não ser um jogo muito conhecido e ter ficado um tanto escondido em sua geração, Riot Response é considerado pelos fãs, um dos melhores jogos de tiro em
primeira pessoa (FPS) já feitos. A empresa mostrou que sabe o que faz desde o seu primeiro jogo. Como sabemos, o resultado da saga Arkham foi extremamente positivo.

Na época, o game conseguiu fazer com que, uma temática que não era muito inovadora, tivesse mecânicas bem diferenciadas para a época. Polícia contra gangues é algo que os jogos e o cinema costumam abusar muito, e em sua maioria, são repetitivos e enjoativos. Urban Chaos transforma a experiência em algo divertido, dinâmico e com a violência na medida certa. Com certeza não recebeu o devido sucesso e muita gente não conhece essa pérola.

A história é contada por um jornal na televisão, onde os acontecimentos são sempre noticiados e pela visão do nosso protagonista durante suas missões, onde encontra diversas pessoas da equipe ou reféns que acabam acrescentando mais informações e enriquecendo o enredo. Vale lembrar que o game é inspirado no Urban Chaos de 1999. No entanto, não é uma sequência e nem possui ligação com o anterior.

*O game foi jogado e finalizado no Playstation 2 e todas as screenshots foram tiradas durante o gameplay.

Urban Chaos: Riot Response

Enredo

Tudo começa com um jornal noticiando que a cidade está sob ataque de grupos extremistas que explodiram uma estação deixando diversos feridos no local. Junto a isso, as gangues da cidade estão em guerra e, dessa forma, instaurando o caos em toda a cidade.

Apresentadora do jornal.
Rebelião de gangues.

Um grupo tático da polícia foi recentemente criado para conter atos de violências pela cidade, a T-Zero. Porém, apesar de ser um grupo feito para realizar a segurança do povo, a população não os vê com bons olhos, uma vez que, milhões de dólares foram investidos no grupo e acabam por considerar como lavagem de dinheiro do prefeito da cidade. É aí, que o protagonista, Nick Mason, agente da T-Zero, entra em ação ao combate as gangues.

Como o jogo funciona?

O game apresenta um estilo de jogo linear, mas que coloca o jogador em situações referentes à temática apresentada.
O protagonista possui uma equipe bem preparada. Um bombeiro (abre passagens, apaga fogo e segue as suas ordens), uma médica (cuida dos reféns, oferece kit médico e auxilia em determinadas situações. Também segue as suas ordens) e o resto da equipe que aparece em alguns momentos no decorrer do gameplay.

É possível realizar o resgate de diversos reféns, batalhar com chefes de gangues, lidar com lunáticos suicidas e ainda ter que lidar com as adversidades no caminho. A atmosfera trabalha com o cenário urbano (assim como o próprio nome sugere: Caos Urbano: Resposta de tumulto…ou tropa de choque), indo de cenários destruídos e caóticos
até uma linha mais tranquila e pacata (com inimigos atirando em você, mas…pacata).

Enfermeira.

Mecânicas

Riot Response pode parecer um FPS genérico e sem muitos diferenciais a primeira vista, mas não é bem assim. Você é Nick Mason, agente da T-Zero e então precisa assumir um papel de responsabilidade. Logo no início do gameplay, somos apresentados ao bombeiro que irá nos acompanhar nessa jornada. Você será responsável por dar o comando da ação que necessita.

Uma das enfermeiras cuidando do bombeiro ferido.
Seguir, Abrir e Parar.

O bombeiro poderá abrir portas que estão fechadas usando um machado, resgatar reféns, apagar incêndios e poderá responder as suas ordens. O mesmo acontece com as enfermeiras. Ao encontrá-las, poderá comandar para cuidar de feridos, incluindo você (elas possuem apenas 3 kits médicos, então use-os com cuidado). Ainda é possível encontrar pessoas que podem abrir portas que dependem de algum mecanismo ou coisas do tipo, mas esse, depende de cada fase.

Bombeiro Forrester apagando um incêndio. (Corra, Forrester, Corra…)

Resgate de reféns

Aqui está uma mecânica bem bacana que lembra bastante o game S.W.A.T. O resgate de reféns em Riot Response é simples, mas funciona muito bem. A cada fase, teremos que lidar com líderes de gangues e podemos escolher entre matá-los ou prendê-los. Alguns dos membros da gangue poderá ter um refém, onde teremos que ter cautela e atacar no momento certo para podermos neutralizar o inimigo. Para isso, utilizaremos o nosso fiel escudo para nos proteger dos ataques e revidarmos no momento em que ele abre a guarda. Caso chegue muito perto do inimigo, o refém será executado. Não é difícil, mas é bom ter cuidado para não errar na oportunidade de atacar. Além disso, existem momentos que será necessário realizar a escolta dos personagens. Para concluir, você não pode deixar os inimigos atirarem muito em quem te acompanha, já que a resistência deles é bem menor que a do protagonista.

Resgate do policial.

Equipamentos e Armas

Escudo: Recebemos nosso escudo logo no começo da nossa experiência. Ele será útil em diversos momentos, mas é necessário cuidar bem, pois, ao sofrer muito dano, acaba desgastando e ficamos sem ele até a próxima missão. Os efeitos de danos, manchas de sangue e desgaste do escudo é muito bem feito para a época. Ele também servirá de proteção para passar entre alas pegando fogo sem sofrer dano. Em ambientes de incêndio, o escudo serve para barrar faixas de ar muito quentes, caso contrário, sofrerá um dano considerável. O nível de detalhes é um feito e tanto para a época, ainda mais para uma empresa estreante como a Rocksteady. Vale mencionar que é possível atacar com o escudo e este resultará em uma Brutal Kill (morte brutal).

Escudo com dano.

Lanterna: Ilumina lugares escuros (não é necessária em todos os momentos).

Cutelo: Pode ser utilizado para atacar ou arremessar contra inimigos. Causa um dano considerável e ajuda em momentos de pouca munição.

Cutelo.

Molotov: Um coquetel molotov simples, mas que inimigos também usam, então é bom ter cuidado com inimigos arremessadores. Um detalhe bacana é que eles param para acender o coquetel antes de jogar, permitindo que você efetue o ataque antes do inimigo arremessar contra você.

Taser: É uma arma não letal e serve para prender inimigos. Eles ficarão incapacitados e a polícia poderá levá-los. Caso segure o taser ligado por muito tempo em um inimigo, ele começará a pegar fogo e morrerá carbonizado. (Não parece tão não letal agora, né?)

Taser. (arma não letal) – Inimigo morto na janela.

Escopeta de cano cerrado: Uma simples arma de dano elevado. Possui apenas duas balas por vez e possui duas opções de tiro: uma de bala por bala e outra de dois tiros de uma vez, sendo essa última, a mais letal. Porém, caso erre o tiro, levará o dobro do tempo de recarga.

Visão térmica: Serve para enxergar e localizar objetos em locais escuros ou de incêndios, onde a visão natural ou com lanterna fica prejudicada. Servem também para facilitar a visão em locais com muita fumaça.

Visão térmica.

Após o término de cada fase, é possível desbloquear diversos equipamentos que irão auxiliar na jornada. Granadas de fumaça, melhores itens, etc. Então, fique atento em cumprir todos os objetivos para garantir o máximo de itens liberados. O jogo em si não é difícil, mas existem situações que podem dar algum trabalho considerável. Quantos mais melhorias e itens desbloqueados, melhor será o desempenho.

Objetivos primários, secundários e especiais

Apesar de ser um game linear, é possível dar uma diversificada no gameplay (pelo menos nas primeiras fases, já que depois poderá haver repetições). Urban Chaos apresenta o objetivo primário de cada fase, sendo bem diversificado, como: resgate a equipe de policiais, defenda o departamento de polícia do ataque dos Burners (nome da gangue e só de olhar para eles já dá para saber o motivo), resgate os reféns e por aí vai. Há também os objetivos “secundários”, que na realidade, são os objetivos que serão cumpridos para atingir o objetivo primário. Como assim? Por exemplo: Imagine que, como objetivo primário, você precise defender o posto policial de uma rua em território inimigo. Os “secundários” serão: resgate o bombeiro John das ferragens, localize a enfermeira na rua Azul, siga o sargento até a base inimiga e assim em diante. Eles servem para atingir o objetivo principal e segue assim até o final de cada fase.

Os objetivos especiais são objetivos opcionais que podem ser realizados durante as fases. De maneira geral, eles são simples e, cada um que for concluído, resultará em uma medalha que contará na pontuação final e poderá destravar um bônus. Os objetivos especiais são: use força não letal em determinada quantidade de inimigos, atingir tantos Headshots, terminar a fase sem morrer ou reiniciar checkpoints, encontrar as máscaras perdidas pelo mapa (colecionáveis do game) e prender ou matar o líder da gangue de cada fase (independente da sua escolha, esse não concede medalhas. Muda apenas a fala do rádio policial, caso escolha matar, o que eu achei bem legal, por sinal).

Menu de objetivos.

Líderes de gangue

Em cada fase terá um líder da gangue para ser enfrentado. Pode ocorrer durante a fase ou no fim dela, mas normalmente, ele é como um inimigo comum, só que mais agressivo. Tatuado, mascarado e sem camiseta. A opção mais tranquila é matá-lo. Caso opte por prendê-lo, vai ser minimamente mais complicado. No geral, é bem tranquilo.

Líder da gangue (não é um dos meus melhores prints, eu sei).

Jogabilidade

Um dos maiores e melhores feitos de Riot Response é a sua jogabilidade. Pela minha experiência em jogos de PS2, os FPS da época não eram dos melhores nesse quesito. Os melhores eram Medal Of Honor e Call Of Duty, porém, Urban Chaos apareceu e já entrou para o ranking de qualidade, com uma jogabilidade polida, fluída e dinâmica, simples e bem completa. Não era difícil de acertar um headshot e isso era bem prazeroso de fazer. Talvez o único ponto negativo seja o personagem não pular, mas não era algo necessário no decorrer do gameplay.

Tudo isso junto à uma kill cam (aquele momento em câmera lenta) quando pegava o inimigo em cheio. Estilo ao que vemos em Batman: Arkham quando nocauteamos o último inimigo, ou semelhante a tela de kill em Max Payne. Isso deixa a ação ainda mais prazerosa e eletrizante. Se pararmos para pensar que estamos falando de um game de quinze anos atrás, a qualidade é superior a muitos jogos da geração atual que apenas focam em gráficos de última geração e esquecem do primordial. Um bom jogo é aquele que é gostoso de se jogar e não só bonito e todo travado e nada dinâmico.

Gráficos e Violência

Os gráficos de Urban Chaos são bonitos e permanecem até os dias de hoje. Claro que, alguns detalhes não estão mais no seu ápice como na época em que foi lançado. Mas, de maneira geral, era detalhado e com efeitos muito bons. O fogo é digno de aplausos e, como sabemos, efeitos de fogo em jogos são bem variados e não são simples de fazer bem feitos. Os detalhes das roupas dos inimigos, máscaras, uniformes policiais, entre outros, eram muito bonitos. Já a cidade em si, não era a das mais bonitas e era possível encontrar locais mais ocultos com uma preocupação a menos de beleza.

A violência do game pode ser considerada elevada. Não é nenhum Manhunt ou Mortal Kombat da vida, mas faz por merecer. Os inimigos reagem bem aos tiros e a variedade de armas. A física, nesse ponto, também é bem-feita.

Headshot, kill cam e objetivo especial.

Extras: Multiplayer, Modo emergência, Colecionáveis e Bugs

O game apresenta um multiplayer online, o que era raro e de difícil acesso na era Playstation 2. Era um bom multiplayer e fez sucesso entre os fãs, a ponto de ser jogado até hoje em servidores de fãs em emuladores.

O modo emergência é um modo de desafio, onde as coisas acontecem dentro de um determinado tempo e é necessário ir realizando os objetivos. Só é desbloqueado após realizar a prisão do líder da gangue durante a fase. Caso opte por matá-lo, o modo emergência permanecerá bloqueado.

Para coletar as máscaras de gangue espalhadas pelo mapa, será necessário explorar o mapa em busca delas. Não é muito difícil, já que as fases não costumam ser muito grandes e segue um ritmo linear. A primeira é encontrada logo de cara, na apresentação das mecânicas do game. Após completar dentro do tempo limite, é possível desbloquear novas habilidades que irão auxiliar na campanha, como melhorias para o escudo ou maior capacidade de munição.

Um colecionável.

Como nenhum jogo é perfeito, Urban Chaos apresenta alguns bugs, mas durante minha experiência, tive poucos e nenhum que comprometesse o gameplay. A maioria era personagens entrando em paredes, enroscando em alguma porta ou passagem e alguns momentos, eu achei que era bug, mas foi pura incompetência minha. O único bug que me incomodou um pouco foi um momento que eu precisava conversar com uma enfermeira e não abria o diálogo. Após uma volta pelo cenário, ela finalmente me reconheceu e o diálogo apareceu. Isso aconteceu apenas uma vez, das duas que finalizei o game e não foi necessário dar restart. Ou seja, um feito e tanto para um game de uma empresa estreante e ainda mais para a época.

Trilha sonora

A trilha sonora é muito boa e combina com os momentos em que aparece. Logo na abertura, toca uma música bem animada e eletrizante que já deixa um gostinho do que o game vai oferecer. Para conferir a música de abertura, é só executar o vídeo a seguir:

Conclusão

Urban Chaos: Riot Response foi uma surpresa agradável para os amantes de FPS e para apreciadores de bons jogos. Possui um enredo com uma temática bem padrão, porém consegue trabalhar bem dentro da sua proposta, com mecânicas interessantes e uma jogabilidade excelente. Os personagens são bons e em algum momento você vai acabar se lembrando deles. Gráficos bonitos e com uma violência gráfica moderada para a proposta. Agrada, diverte quem procura por algo de qualidade e com uma história a ser contada ao mesmo tempo que agrada aqueles que só querem ver cabeças rolando durante o caos urbano. Colecionáveis e objetivos especiais que agregam em um tempo de jogo suficiente para não o tornar enjoativo. Poucos bugs ou que não impedem o jogador de prosseguir, junto a uma trilha sonora que agrada os ouvidos. Para os mais emocionados, um multiplayer online que pode ser jogado via emulador até os dias de hoje. Bom, bonito e um clássico.

Nota: 9,2/10.

*As notas são retiradas de jogabilidade, gráficos, trilha sonora, bugs e fator diversão. Os fatores gráficos são avaliados para a época em que foi lançado, comparando com outros games da época.

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