Análise do jogo Castlevania: Symphony of the Night

29 de novembro de 2020 0 Por Markus Norat

Por: Cosmão

Ficha do Jogo:
Data de lançamento: 20 de março de 1997
Gênero: Metroidvania
Desenvolvedora: Konami
Publicadora: Konami
Plataformas: Celular – Mobile (Android e iOS) | PlayStation One | Playstation 3 | Playstation 4 | PlayStation Portable – PSP | Saturn | Xbox 360

Quando falamos de Castlevania, no passado, logo lembramos da memorável trilogia lançada originalmente para o Nintendo 8 bits (NES), que compreendia os três games iniciais que nos apresentaram os principais personagens e uma história rica e densa. Hoje em dia, o maior referencial da série acabou por se tornar um jogo lançado para os principais rivais da Nintendo na época, o Playstation e o Sega Saturn.

Mas, o que Castlevania: Symphony of the Night tem de tão especial assim? Por que ele é tão bem falado até nos dias de hoje, sendo que foi lançado há muitos anos? O segredo não está nos gráficos, muito menos em outros parâmetros básicos, mas sim, em sua jogabilidade e design, que desafiam o tempo e mostram que, com um pouco de vontade, dá pra se fazer maravilhas em qualquer hardware, seja ele antigo ou novo.

Symphony of the Night conta a história de Alucard, filho de Drácula, que desperta após seu sono em meio aos acontecimentos envolvendo Richter Belmont e o novo aparecimento do castelo de Drácula. Shaft, um mago poderoso que foi derrotado por Richter há muitos anos atrás (no game Dracula´s Curse, para o Nintendo 8 Bits), também retorna e lança um feitiço no caçador de vampiros, passando a comandá-lo. A missão de Alucard é derrotar Shaft e trazer à vida Richter antes seja tarde demais, além de ir atrás de seu pai. A história do jogo vai se desenvolvendo conforme o avanço do jogador, então espere por algumas revelações bacanas, com personagens aparecendo a todo momento e um final surpreendente.

O game tem uma mecânica muito parecida com Super Metroid, o que acabou por gerar o apelido “Metroidvânia” para os jogos da série que continham esse tipo de design. O game conta com um mapa enorme, gigantesco, o qual vai sendo revelado conforme o avanço, mostrando aos poucos as minúcias e os pormenores de áreas muitas vezes escondidas e imperceptíveis numa primeira olhada. Basicamente, sob essa ótica, é um Metroid com outros personagens e outra temática completamente diferente.

O sangue está presente e é constante no jogo inteiro. Na segunda imagem, a sala com o velhinho que vende itens essenciais para Alucard.

Alucard faz uso de vários equipamentos, que vão desde espadas até martelos, facas, porretes e tudo mais que possa ser encontrado pelo cenário. Além das armas, armaduras dos mais diferentes tipos e acessórios que dão certas habilidades e vantagens também fazem parte do “vestuário” dele, todos encontrados durante a exploração do enorme castelo. Um fato curioso é a possibilidade de colocar uma arma em cada mão do herói, dependendo da classe da arma. Então, podemos por uma espada e uma faca como armas, ou então trocar a faca por um escudo e fazer assim muitas combinações interessantes.

Subchefes e salas secretas transbordam por todo canto do castelo.

Armas, armaduras e acessórios dividem espaço com as famosas magias, muitas já conhecidas dos jogos da série para diversos sistemas. A água benta, cruz, o relógio que para o tempo e as já conhecidas facas são as mais comuns, mas temos também a luva, a bíblia, uma espécie de artefato que eletrocuta os inimigos e o cristal, que dão uma variedade grande ao sistema de combate. Além dessas magias secundárias, temos as poderosas invocações que são aprendidas através de pergaminhos encontrados no castelo. Todas envolvem uma combinação de botões que deve ser realizada rapidamente e consomem HP, mas, em contraparte, podem ser uma grande ajuda em momentos difíceis. Algumas armas também guardam técnicas secretas, aumentando muito a gama de golpes do filho de Drácula.

As magias possuem efeitos bonitos e enchem a tela.

Sobre os gráficos não há muito o que se dizer. Remando contra a maré de gráficos poligonais, os caras da Konami decidiram optar pelo 2D, mas capricharam na movimentação do personagem e dos inimigos, fazendo com que Symphony of the Night seja um dos jogos mais bonitos até mesmo pros padrões atuais. O sistema em 2D fez um bem danado pra exploração do castelo, pois a dinâmica de passagens escondidas, habilidades conquistadas e salas secretas dão todo o charme para o jogo.

Alguns itens só podem ser alcançados com determinadas habilidades de Alucard, 
como se transformar num morcego para poder voar, por exemplo.

Jogar Castlevania Symphony of the Night é um passeio. Controlar Alucard é simples, fácil e prazeroso, pois o personagem se movimenta facilmente e possui ataques devastadores dependendo do level dele. Sim, é possível evoluir Alucard, o que acaba por aumentar sua quantidade de energia e MP, como em um RPG mesmo. Frascos que aumentam a energia e MP máximos também estão espalhados pelo castelo, o que instiga o senso de exploração.

A música é outro diferencial. Um jogo com “sinfonia” no nome não poderia dar mancada no aspecto sonoro, e nisso, Symphony of the Night é impecável. Músicas de qualidade, efeitos sonoros muito bem feitos e um trabalho de voz muito bacana, apesar de o resultado final da versão americana ter ficado com uma qualidade abaixo da versão japonesa, fecham o pacote sonoro com chave de ouro. Todos os personagens da história, durante as cutscenes, possuem vozes próprias, tudo embutido no CD, coisa de mestre mesmo.

A história apresenta diversos personagens bacanas. Na segunda imagem, uma das entradas para uma nova área no castelo.

A curva de aprendizado do jogo é relativamente fácil, mas nos últimos corredores a coisa pode se complicar se não tiver os equipamentos certos ou se o Alucard não tiver evoluído muito. Os inimigos geralmente tem um padrão fixo de ataque, mas alguns podem dar um bom trabalho para serem destruídos. O maior chamariz com relação a isso, entretanto, está no maior segredo do jogo: o castelo invertido. Para acessá-lo, é preciso descobrir uma passagem secreta na sala do relógio e conseguir um item importante ali, que o levará a fazer o segundo final do jogo. Através desse final, Alucard tem acesso ao mesmo castelo, mas totalmente invertido (tanto no mapa quanto no jogo), com novos itens, armas, inimigos e salas prontinhas, apenas esperando para serem exploradas.

Dois dos chefes mais bacanas do jogo.

Facilmente eu poderia dizer que se tratam de dois jogos em um, tamanha a diversidade de lugares que os produtores colocaram no pequeno CD do Playstation e do Sega Saturn. Áreas visitadas anteriormente possuem um novo design, com inimigos cada vez mais fortes e novos, além de toda uma gama de chefes novos e secretos. Armas, acessórios e frascos de HP/MP também existem, aumentando e muito o fator replay e a exploração do jogo.

Uma das armaduras permite destruir espinhos, alcançando assim lugares antes inacessíveis. NA segunda imagem, a transformação final de Drácula.

Por todos esses motivos, Symphony of the Night ainda é considerado o melhor Castlevania já feito. Koji Igarashi e sua turma conseguiram recriar a série como poucos, dando um novo rumo e revitalizando algo que parecia fadado à mesmice. Tanto é verdade que os jogos consequentes para Game Boy Advanced e Nintendo DS seguiram esse mesmo padrão, aumentando e muito a longevidade da série.

Resumão:
+ gráficos maravilhosos em 2D, o ápice da série;
+ músicas lindas, efeitos sonoros e trabalho de voz excelentes;
+ design de fases inteligente, propõe a exploração ao invés de focar nos combates apenas;
+ toneladas de itens, acessórios, armas, armaduras e magias;
+ o extra do castelo invertido com o verdadeiro final foi a cereja do bolo;

Final Score: 10

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