Análise do jogo Guardian Heroes

2 de fevereiro de 2022 0 Por Markus Norat

Por: Cosmão

Ficha do Jogo:
Data de lançamento inicial: 26 de janeiro de 1996
Desenvolvedora: Treasure
Gênero: Hack and slash
Publicadora: Sega
Plataformas: Saturn, Xbox 360

Guardian Heroes é da famosa Treasure, responsável por clássico atrás de clássico desde a era 16 bits. A Treasure é formada por ex-integrantes da Konami, quando, em 1992, resolveram fundar uma das mais criativas softhouses de games até os dias de hoje. A produtora é famosa por conseguir extrair quase toda capacidade dos sistemas nos quais ela desenvolve jogos, trazendo ao mundo pérolas como esse game do qual escrevo.

Podemos citar facilmente alguns de seus grandes feitos no passado, como Gunstar Heroes para Mega Drive, Alien Soldier também para Mega Drive, Radiant Silvergun para Saturn, Mischief Masters pro N64, Ikaruga pro Dreamcast, entre tantos outros. Seu forte sempre foram jogos de tiro, mas, o que vamos ver aqui, é uma jóia rara dos beat’n ups, um dos melhores jogos do estilo já feito pelas talentosas mãos dos programadores da Treasure.

A história de Guardian Heroes gira em torno de uma eterna batalha entre os Espíritos do Céu e os Espíritos da Terra. Durante tal batalha, muitas vidas humanas são perdidas e os Espíritos da Terra acabam por serem derrotados e aprisionados nas trevas, junto com os humanos. Um dos humanos consegue escapar das trevas e jura vingança contra os Espíritos do Céu. Seu nome: Kanon.

Kanon volta à Terra e trouxe com ele os Espíritos da mesma; foi para o reino, obrigou todos a obedecê-lo e estabeleceu-se o novo rei. O rei local, na época que iria receber a coroa, prevendo o que iria acontecer há muito tempo atrás, criou uma espada capaz de acabar com qualquer outro reinado por ali, como forma de prevenção mesmo. Kanon descobriu os planos do rei e mandou destruir todas as espadas do reino, menos uma especial, cujo dono era um guerreiro extremamente forte e implacável, que inclusive ajudou Kanon a voltar das trevas e lutou ao lado dele. Nesse meio tempo, outra pessoa, a princesa Serena, sobreviveu as encaustos causados por Kanon e se infiltrou no reino, buscando meios de derrotá-lo.

Em tempos mais atuais, quatro guerreiros encontram a tal espada do tão falado guerreiro implacável. Eles a mantém com eles, sendo que Han praticamente toma como dele a espada. Em uma noite turbulenta, Serena invade o local onde eles dormem pra avisar que os guerreiros do reino já sabem que eles estão com a tal espada e a importância da mesma. Kanon já ordenou a captura de todos e, principalmente, da espada.

Han, Randy e Ginjirou na abertura do game

Durante a fuga dos quatro jovens guerreiros mais a Serena, eles encontram Valgar, outro poderoso cavaleiro que coloca uma enorme máquina para impedí-los de prosseguir. Han resolve usar a nova espada contra o robô gigante, mas a mesma solta uma descarga sobre ele, fazendo-o recuar. A espada flutua no ar e assim revela-se seu verdadeiro dono: uma espécie de zumbi caveira, de armadura dourada. Já que pega a arma em mãos, executa um único golpe que VARRE o inimigo dali. Depois disso, passa a atacar incessantemente a pobre Serena, que defende-se como pode. Nicole, gentil e inocentemente, pede pro “monstro” parar de atacá-la, já que ela não é inimiga. Pro assombro de todos, ele imediatamente para de atacar. Percebendo que o guerreiro ancestral obedece a qualquer ordem que lhe dão, os cinco guerreiros resolvem contar com a ajuda dele para conseguir escapar e desvendar os segredos por trás de tanto poder contido numa espada.

Como dá pra perceber, a história de Guardian Heroes é bem interessante e cheia de reviravoltas. Quando pensamos que um determinado personagem é o que é, ele revela-se ser outra coisa, totalmente diferente, pegando o jogador de surpresa. O jogo depois dessa cena inicial, dá a possibilidade do jogador seguir por diversos caminhos no enredo. Cada vez que termina uma fase, lhe é dada de 2 a 3 opções para escolher, cada uma delas leva à novas fases e inimigos, bem como chefes e finais diferentes. Por toda essa variação, o jogo conta com um replay imenso, mas não é só isso não.

Personagens principais:

Samuel Han – é o mais forte da turma em se tratando de força física, começa com a espada sagrada e depois consegue mais duas, caso o jogador explore bem as fases. Possui uma magia simples de fogo, que pode aperfeiçoar e melhorar seus ataques.

Randy M. Green – o mago da equipe, portanto, o que tem menos HP e mais MP. Randy é ótimo para se atacar de longe, mas isso não significa que ele seja ruim para ataques mais próximos. Sabendo usar seu bastão mágico, dá pra conseguir muitos hits nos inimigos (já somei mais de 40 hits usando entre magias e ataques de Randy). Além disso, pode usar seu hamster Nando pra atacar os inimigos. Nando também está disponível em versão solo no modo Versus.

Ginjirou Ibushi – o mais rápido, movimenta-se na velocidade da luz e usa poderes elétricos pra TORRAR os inimigos. Seus ataques mágicos estão entre os mais fortes do jogo.

Nicole Neil – a meiguinha da equipe, possui poucos ataques, usa um bastão estranho que invoca uma criatura bizarra de diversas formas. Suas magias consistem nessa criatura: uma delas faz chover dezenas delas pelo cenário, acertando a todos. Nicole também possui magia de cura e um dos ataques mais apelões e eficientes contra chefes: o campo de força que expele qualquer um que se aproxime.

Serena Corsair – como já mencionei, a moça de armadura vermelha tem no elemento gelo toda sua força para atacar os inimigos. É bastante rápida com a espada e ágil também.

Guerreiro Zumbi – é o verdadeiro dono da espada sagrada e um dos mais fortes do jogo. Não possui defesa, é praticante do ditado: o ataque é a melhor defesa. O jogador pode selecionar várias estratégias com ele apertando o botão X com um dos personagens principais durante o modo história: desde evitar ataques, apenas acompanhar o jogador, apenas se defender, atacar sem parar e usar o super ataque dele. O super ataque do Zumbi faz explodir uma bola de energia no cenário que cobre TODA A TELA, fazendo todos ali subirem levando dano, como se fosse uma explosão nuclear. Tamanha ignorância tem nome: Genocide Crush. Deve ser o ataque mais poderoso do jogo e mais complicado de se fazer também: precisa ter TODO o MP completo e, sem levar dano, fazer um comando. Outro ser que usa esse mesmo poder é o Espírito do Céu, também desbloqueável no modo Versus.

Princesa Lucia – princesa que foi feita de marionete por Kanon e que busca um meio de fugir e ajudar os guerreiros.

o temido zumbizão caveira, puto da vida por terem o acordado

Vilões principais:

Kanon G. Gray – o tirano e vilão da história, tem como meta destruir os Espíritos em geral e tomar conta de tudo e todos. Kanon tem poderes fora do comum, além de usar de gelo, fogo, vento e raios, ele pode voar, teleportar, apelar com suas magias e muito mais. Com MP alto, pode dar MUITO trabalho se o jogo estiver em modo HARD.

Valgar Reinhart – irmão de Lucia e chefe dos Black Knights. Quase tão rápido quanto Ginjirou, usa duas espadas e elementos de eletricidade nelas. Valgar era pra ter sido um dos personagens principais, tamanha a similaridade dos ataques dele com os outros, mas acabou sendo somente um chefe destravável no modo versus.

Katrina – praticamente o oposto de Serena, vive disputando com ela quem é a mais forte. Líder dos Royal Knights Red Group, Katrina é habilidosa com a espada, fazendo jus à sua fama de vilã.

Gash Deadeye – um cavaleiro com tapa-olho, basicamente a mesma coisa do Han. Usa um espada similar à de Han em seus ataques. Não é um inimigo declarado, mas, como estava no caminho do grupo, resolve interferir pra uma lutinha básica.

Zur Pah Yah – um dos mais engraçados vilões que eu já vi. Zur é como um animador de festas da época, um verdadeiro pierrô, sua voz e risadas são inconfundíveis. Em modo normal ele é basicão, poucos ataques apelativos e sem defesa alguma. Esperem pra ver a forma SUPER dele, hilária, mas muito apelona, pois renegera HP automaticamente.

Macho – outra comédia. Macho é líder de um grupo conhecido como Muscle-Heads, um bando de fortões (e ladrões) que só pensa em brigar com as próprias mãos e pés e não tem nada na cabeça. Pra se ter uma idéia, ao encontrar o grupo, ele acaba confundindo o nosso querido Zumbi com um antigo artefato de alto valor, e tenta roubá-lo do grupo.

Gambo – braço direito de Macho, possui poderes mais eficazes que o líder dos Muscle-Heads.

Proto Golden/Silver – robôs criados por Kanon para servir seus propósitos. Proto Silver foi multiplicado na sua fabricação, mas Golden Silver só existe um. Ambos lutam bem, mas Golden Silver leva vantagem por usar as 4 Pedras da Força. Curiosidade: Golden Silver é o último chefe do Gunstar Heroes, da própria Treasure pro Mega Drive.

Xenovia/King Valgar – NOTA: não continue lendo sobre Xenovia se não quiser estragar a supresa.

Supreendendo Kanon, o rei que fora subjulgado um dia é na verdade Xenovia, líder dos Espíritos da Terra. Está ali somente pra destruir os Espíritos do Céu e libertar os Espíritos da Terra das trevas onde foram aprisionados. Lembra muito uma succubus, inclusive podendo voar em batalha.

Sky Warrior – representando os Espíritos do Céu, temos o Sky Warrior. Um senhor apelação quando controlado no modo Versus, pode propagar a morte de todos com simples comandos, à menos que seja configurado 0 de MP à ele.

Great Earth Spirit – NOTA: não continue lendo sobre o Great Earth Spirit se não quiser saber quem ele é na verdade.

Great Earth Spirit é na verdade a verdadeira forma de Xenovia, após levar um sacode do grupo de heróis. Outro bom apelador, mas ainda inferior ao Sky Warrior.

Celestial Being – é o “Deus” de Guardian Heroes, que criou tudo e todos e propôs uma batalha sem fim entre as forças do Céu e da Terra, de onde ele iria tirar os melhores guerreiros. Portanto, durante o game, o jogador mesmo faz as escolhas, ou o lado dos Sky Spirits ou dos Earth Spirits.

Todos esses personagens, tirando a Princesa Lucia e o Celestial Beign, são destraváveis e jogáveis no modo Versus. Além deles, existem muitos outros, desde inimigos simples até chefes de fase, tudo selecionável e destravável.

quebra pau já no começo do jogo

O jogo já começa com uma abertura animal, mostrando os principais personagens em lutas pra nenhum anime botar defeito. Guardian Heroes é, basicamente, um jogo beat’n up com elementos de RPG; a grosso modo, um Final Fight medieval com magias e possibilidade de se avançar níveis. Cada um dos personagens do jogo tem seus próprios comandos, magias e golpes, tudo muito bem explicado dentro do Options/Control Descriptions do game.

Alguns tem algumas magias específicas, como Serena, que é expert em magias de gelo. Já Randy, tem como o fogo sua base para magias, podendo desferir rajadas que fariam inveja à qualquer Kamehameha da vida. O jogo consiste em avançar batendo e espancando todos pelo caminho, podendo mudar em 3 perspectivas de fundo, com os botões L e R. Existe um botão pra magia, outro pra saltos, outro pra golpes com a arma do personagem e um pra defesa, obviamente.

Randy mostrando todo seu poderia contra os soldados

Como é um jogo de quase livre movimentação, é natural que haja um botão pra se defender, já que os direcionais ficam pra fazer o personagem andar pra qualquer lado. O botão Z faz com que seu personagem possa escolher as magias num menuzinho, mas as mesmas podem (e devem) ser executadas por comandos específicos, muitos deles parecidos com comandos de jogos comuns de luta mesmo, como Street Fighter. Isso dá mais agilidade aos combates e também evita que seu personagem fica vulnerável enquanto escolhe magias. Novamente, para ver tais comandos, basta entrar no Options/Control Descriptions e ver os comandos do seu personagem.

Ao terminar uma fase, o jogador tem a chance de espalhar seus pontos ganhos em diversos requisitos do seu personagem, como HP, MP, Stamina, Strenght, Intelligence, Agility e Luck. Cada um deles determina como seu personagem vai evoluir durante a partida, portanto, é bom saber como distribuir esses pontos ao longo do jogo.

é preciso distribuir com cautela os pontos ganhos nas fases

Como eu já mencionei, o jogo possui um modo Versus bem completo, sendo que as disputas são em arenas e podem ser disputadas com até 6 personagens ao mesmo tempo. Acredito que toda a graça do jogo esteja nesse modo: juntar 6 amigos numa arena lutando, soltando magias a lá Dragon Ball e voando pelos ares é divertidíssimo. Some isso à possibilidade de destravar mais de 30 personagens, as possibilidades vão à estratosfera.

Desde simples lobos que vagam na floresta, até Espíritos ancestrais (até mesmo um companheiro do nosso amigo Zumbi), são inúmeros os personagens. E vale lembrar: cada um dos 40 personagens disponíveis possui sua própria gama de golpes, poderes e particularidades. Para habilitá-los, basta jogar muito e passar pelas fases onde eles estão que, automaticamente, eles aparece para serem escolhidos no modo Versus.

Os locais de batalha seguem o mesmo esquema para serem liberados: são cerca de 6 lugares, mas só mudam mesmo o background, uma coisinha ou outra na frente do cenário, além da música.

Ginjirou socando uma planta gigante. Ela também é destravável e tem golpes próprios; só para terem uma ideia do quebra pau do jogo no modo Versus.

Os gráficos do jogo, como podem perceber, são cartunescos, desenhados ao estilo anime mesmo. Por esse mesmo motivo, são super carismáticos e perfeitos. Não consigo imaginar Guardian Heroes de outra forma à não ser essa.

O som é fenomenal, com boas linhas de guitarra em chefes como o Valgar, temas mais amedrontadores e mais melancólicos em batalhas finais e muita pauleira quando o bicho pega em batalhas fenomenais, como por exemplo, no inferno.

Óbviamente, juntar tantos personagens e inimigos batendo uns nos outros com tantos poderes na tela tem seu preço, e ele se chama slowdown. Ele não é comum, ainda bem, mas acontece em casos onde duas magias iguais e muito carnavalescas são usadas ou quando existem muitos personagens lutando ao mesmo tempo. Novamente, vale frisar que são raros, o trabalho da Treasure foi realmente exemplar nesse game único.

Guardian Heroes hoje em dia é tratado como cult, pois, na época, muitas pessoas já tinha aderido ao Playstation e não aproveitaram muito essa pérola dos games. É um jogo até difícil de ser achado mesmo pirata, consegui uma cópia por sorte numa locadora aqui, era a última. Assim como Legend of Oasis, Nights, Saturn Bomberman entre tantos outros, Guardian Heroes merece toda a fama que tem e muito mais.

PRÓS:
+ inúmeros possibilidades, finais, personagens, cenários;
+ golpes realmente incríveis, dá gosto lutar nesse jogo;
+ abertura inigualável;

CONTRAS:
– slowdown quando muitos elementos se juntam na tela;
– ter tido uma “continuação” horrenda pro GBA; 😛

Final Score: 9.8

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