Análise do jogo Prey: Evil
21 de outubro de 2020Por: RssV – Zeebo Brasil |
Apresentação: 4.0 |
Gráficos: 6.5 |
Som: 5.0 |
Jogabilidade: 6.5 |
NOTA FINAL: 5.5 |
Apesar de ser recente como um título comercial, “Prey” tem uma história que remete a vários anos atrás. A produção da 3D Realms foi anunciada pela primeira vez no ano de 1995, e prometia uma nova tecnologia gráfica capaz de criar visuais até então nunca vistos. De fato, a demonstração do jogo na E3 1998, quando rodava num Pentium 266MHZ com chip gráfico Voodoo 2, deixou a imprensa e os fãs embasbacados, tamanha a qualidade do que se viu rodando num computador que já não era “top” mesmo naquele ano. Infelizmente, o jogo sofreu com sucessivas trocas de membros em seu time de produção, além de outros imprevistos obscuros que o fizeram cair no limbo por um tempo — até que foi retomado por volta de 2002 e finalmente lançado para PCs e Xbox 360 no ano de 2006, trazendo um motor gráfico totalmente reformulado. Já em 2009, foi anunciada uma adaptação de Prey para dispositivos móveis, que chegou ao Zeebo com o nome de Prey: Evil, uma versão bastante simplificada.
A versão Zeebo de Prey: Evil segue basicamente o mesmo enredo do original: fala de Tommy, um índio Cherokee cansado de viver em seu lugar de origem, embora lá permanecesse por não conseguir convencer sua namorada Jen a ir embora. Numa ocasião em que há uma briga num bar em que Jen trabalha, o planeta Terra é invadido por alienígenas, e os personagens são sugados para uma nave espacial chamada Sphere (Uau!). Através de uma explosão causada por um estranho, Tommy consegue escapar do aprisionamento. E após sofrer uma queda e entrar num estado de quase-inconsciência, ele encontra-se com o espírito de seu avô, que o ensina a habilidade de libertar-se de seu corpo, movendo-se apenas com seu espírito. Toda essa ladainha confusa serve para justificar as habilidades sobrenaturais de que Tommy faz uso durante o jogo — ele precisa libertar-se de seu corpo para progredir em alguns trechos, recebe insights de espíritos indígenas ajudando-o a resolver impasses, entre outros. Tudo em prol de salvar a Terra, embora o enredo indique que o herói esteja mais interessado em sua namorada.
Se tudo isso parece um tanto quanto confuso para você, a apresentação da versão Zeebo pode deixá-lo mais relaxado (ou talvez mais perdido ainda). Isso porque não há qualquer sequência em CG ou em imagens que explique qual é a do jogo. Você inicia uma nova partida com apenas uns dois parágrafos de duas linhas falando sobre a capotagem de um carro, e de o herói ter acordado no fundo de um vale. Aqueles que não estão nem aí pra enredos estão em casa aqui, pois vão simplesmente começar a caminhar, e danem-se os propósitos. Descobrir as mecânicas da utilização de portais, o motivo de sair de seu corpo ou coisas parecidas acabam acontecendo “no tato”. Em função disso, o estranhamento com algumas frases e indicações que vão surgindo durante as fases deve ser comum.
O jogo está dividido em 5 capítulos, cada um contendo algumas áreas curtas. Como certamente foi pensado para ser um jogo Mobile, algumas áreas são tão curtas que podem ser transpostas em segundos, é só questão de pressionar o analógico pra frente. Também nota-se, logo de início, que os cenários são bastante simples, sem quaisquer objetos em movimento e com poucos inimigos — estes vão surgindo de um a um na maior parte do tempo, e são poucos para cada área. Isso sem dúvidas é algo providencial quando pensamos em jogar num telefone, mas tendo em mãos um controle completo, com 2 analógicos e shoulder buttons, fica tudo meio parado.
Essa sensação de monotonia já deve afastar muitos jogadores desde a primeira fase, quando iniciamos num cenário simples de rochas marrons, com uma chave de fenda como arma e tendo que derrotar umas aranhas-alien que aparecem. Mas devo dizer que, insistindo no jogo e passando por algumas áreas, a coisa até vai melhorando, pois surgem cenários menos restritos, novos inimigos (embora no total, sejam bem poucos), outras armas, e quebra-cabeças simples, que colaboram para afastar um pouco o marasmo. Algo que também ajuda a progressão é que as áreas pelas quais passamos ficam disponíveis para serem selecionadas no menu inicial, ou seja, é sempre possível iniciar novas partidas a partir de quaisquer desses pontos, inclusive utilizando em trechos iniciais as armas que conseguimos mais adiante.
Os gráficos de Prey: Evil são simples, mas não são feios. As cores e texturas utilizadas nos cenários, por exemplo, são bastante razoáveis; se pararmos pra pensar, grande parte delas são superiores a um bom número de títulos para N64 e PSOne. O que prejudica essa impressão são algumas animações: efeitos de fumaça, fogo ou sangue, por exemplo, são bastante pobres; os inimigos também não são um primor nesse aspecto, a maior parte deles conta com poucos quadros de movimento. Isso parece ser falta de polimento ou capricho nesses “detalhes”, e não uma limitação do jogo, já que em alguns trechos vemos animações bacanas (vide as criaturas voadoras que surgem sempre que Tommy morre a partir da terceira ou quarta fase).
Falando sobre a parte sonora, pode-se dizer que o jogo é contido, até demais. Quase todo o tempo ouvimos a uma mesma música de fundo, que não é das mais elaboradas. Os sons das armas e dos inimigos são bastante apagados. Além deles, também ouvimos algumas frases aqui e ali, sejam de Tommy ou de seu espírito conselheiro — e ao contrário de todos os textos, esses sons não foram localizados para o nosso Português.
Apesar de tantas referências negativas, é possível dizer que Prey: Evil é um jogo bastante apropriado quando o vemos rodando numa tela pequena de um gadget. A menor resolução, a limitação dos controles, o uso “casual” que se faz de jogos em telefones, tudo isso parece ter sido levado em consideração quando esse port foi produzido, e ele se adapta bem a tais características. Entretanto, quando pensamos num console de mesa, mesmo que um console não tão poderoso, o tipo de dinâmica que essa adaptação apresenta é um pouco restritiva demais. Não parece realista pensar que poderia haver uma grande reformulação do título para torná-lo melhor compatível às possibilidades do Zeebo (que devem ir um bocado além disso). Prey: Evil é, claramente, mais um trabalho pouco elaborado para compor uma lista inicial de jogos. Mas, sem dúvidas, a expectativa dos consumidores é de que esse tipo de lançamento não seja uma prática dominante no futuro — até porque, mesmo sem falar em jogos “exclusivos” para o Zeebo, existem produções para celular que não sofreriam tanto com a transição para um console de mesa.
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