Análise (Review) de Company of Heroes: Console Edition

3 de julho de 2023 Off Por Allan Lima
FICHA DO JOGO:
Lançamento: 30 de Maio de 2023
Jogadores: 1 jogador / multijogador
Gênero: Estratégia em tempo real (RTS) / Ação
Desenvolvedora: Relic Entertainment
Publicadora: Sega
Idiomas disponíveis: Inglês / Português
Disponível para as Plataformas: Playstation 5; Xbox Series X|S
Classificação Indicativa: 14 anos (linguagem imprópria, violência)

Versão do jogo analisada: Versão para Playstation 5

Obs: Também fizemos uma análise da versão de PC, a qual você pode conferir aqui.

Os jogos de estratégia em tempo real fizeram sua fama nos PC’s e tem na plataforma o seu principal público. Por se tratar de um gênero dinâmico, que exige decisões rápidas e seleções de múltiplas unidades em diferentes pontos de um grande cenário, o mouse e teclado é essencial e a adaptação para um controle se torna bem difícil e limitante. Isso, é claro, nunca impediu que diversos jogos famosos ganhassem sua versão para consoles, pois seria difícil para as produtores ignorarem o público massivo presente nas plataformas de mesa. A série Company of Heroes se aventura pela primeira vez nos consoles, adaptando seu terceiro e mais recente jogo da série, trazendo com ele a qualidade característica da série, seus defeitos e uma pitada de problemas oriundos de uma adaptação difícil.

Lutando em duas frentes

Company of Heroes 3 oferece a possibilidade de ingressar em duas campanhas diferentes. Em uma delas você luta pela liberação da Itália ao lado dos aliados, e na outra você luta no norte da África com os África korps, divisão alemã que lutou ao lado dos Italianos no continente, e ambas oferecem uma história como pano de fundo. Na Itália você irá acompanhar o ponto de vista do tenente Joe Conti e sua troca de correspondências com sua amada, Maggie. Na África, você acompanha os impactos do conflito na população de Benghazi. Esses pequenos enredos são interessantes para encorpar o modo campanha, mas muitas vezes você sente que é algo meio deslocado das ações do jogo em si.

Enquanto a campanha da África você encara um gameplay mais tradicional do gênero RTS, a campanha da Itália oferece um gameplay mais variado. A campanha se inicia de modo tradicional, mas logo o mapa se abre em larga escala e o jogador toma ações baseadas em turnos, tendo liberdade para escolher qual cidade tomar primeiro, por exemplo. Essa mecânica é intercalada com o modo tradicional de RTS, então no momento em que o jogador tomar a ação de atacar uma cidade, uma missão tradicional começa, sendo essa uma maneira bem inteligente de se mesclar os dois modos de gameplay.

O jogador é aconselhado por três comandantes que possuem pontos de vista diferentes. Enquanto um é mais prudente e prefere assegurar rotas de suprimentos antes de atacar, o outro prefere uma abordagem mais agressiva. O jogador então precisa escolher o tempo todo quem ouvir e isso reflete em pontos de lealdade, habilidades e diálogos únicos. Embora esse modo ofereça uma abordagem e um nível de liberdade interessante, não demora muito para que se torne um pouco chato e monótono, fazendo com que o jogador fique ansioso para começar logo uma missão tradicional e sair do mapa em larga escala.

No gameplay tradicional, Company of Heroes 3 é familiar a aqueles que já jogaram jogos da série ou mesmo estão acostumados com jogos do gênero, mas há alguns pontos que merecem destaque. Um deles é o sistema de cover, que embora não seja novidade na série, merece destaque por tornar o cenário uma parte fundamental da sua estratégia, o que aliado às características de cada unidade, torna tudo muito divertido. Vai atacar um ponto com seus fuzileiros? É bom tomar cuidado com pontos de metralhadora parada, uma vez que elas podem “travar” a sua unidade em um ponto, fazendo com que você seja obrigado a recuar ou oferecer fogo de supressão, tendo que deslocar alguma outra unidade para ajudar. Um outro ponto que merece destaque, dessa vez negativamente, é a falta de possibilidade de afastar e/ou personalizar a câmera, cujo ângulo original pode desorientar um pouco o jogador por ser muito próxima.

A curva de aprendizado pode ser bem complicada e embora o jogo ofereça um tutorial, ele é extremamente simplista e deixa a cargo do jogador aprender a maioria das mecânicas e características mais intrínsecas de cada unidade. Se você é um novato, certamente pode sofrer um pouco.

A adaptação

Quando se avalia uma adaptação de RTS para consoles, é preciso dar um desconto à produtora. Haverá limitações e o gameplay será prejudicado. Ponto. O sucesso depende unicamente do quanto isso é mitigado a ponto de ficar jogável. A desenvolvedora faz um bom trabalho no geral, usando bastante os gatilhos para possibilitar ações através de rodas similares à seleção de armas em jogos tradicionais. Os direcionais também auxiliam e permitem uma seleção mais rápidas de cada unidade que você tem em campo. Mas é na precisão e rapidez que os controles pecam. Uma missão em que eu tinha que defender uma cidade de um ataque alemão que vinha por duas pontos diferentes do mapa, expôs a imprecisão do cursor em selecionar diferentes unidades que estejam próximas uma da outra, além disso, muitos atalhos ainda sofrem com o fato de ser necessário muitos “cliques” no direcional e ainda assim ter que correr o risco de selecionar a unidade errada dentro de um mesmo tipo que estejam em pontos diferentes do mapa.

Por sorte, Company of Heroes 3 oferece a pausa tática – que também está disponível no PC, mas é no console aonde ela se torna fundamental. Ao apertar L3, a ação é pausada e o jogador fica livre para poder dar comandos as suas tropas, sendo que cada uma dessas ações entra em uma fila que vai sendo executada quando você tira a pausa. Uma adição excelente que alivia a maioria das limitações impostas pelo controle.

Em termos de performance, a edição dos consoles de Company of Heroes 3 sofre para conseguir entregar algo suave. Estranhamente, é no modo em que encaramos o mapa expandido por turnos que o jogo apresenta vários pequenos travamentos e quedas de fps, enquanto que nas missões comuns com mais elementos na tela, o jogo não trava muito e roda mais suave.

Os gráficos são decepcionantes, com texturas extremamente porcas e com aspecto lavado, especialmente o solo. Claro que RTS não é um gênero que foca em gráfico, mas entregar algo assim certamente prejudica a imersão. Os efeitos de explosões e partículas também são bem pobres e faz com que mesmo as batalhas mais ferozes não sejam tão impressionantes assim, visualmente falando. Para agravar ainda mais a situação, o som do jogo é bem fraco e carece de um impacto maior nos sons dos tiros e explosões, e isso ficou perceptível mesmo eu usando um bom headset. A trilha sonora, por sua vez, é ótima, trazendo músicas típicas militares das quais todos já estamos acostumados, mas nunca perde aquele feeling de epicidade; minha única ressalva quanto a isso é a ausência de música quando estamos na batalha por turnos, o que contribui para a monotonia gradual que esse aspecto do jogo acaba entregando.

Vale a pena?

Se você é fã da série ou do gênero, não vai ser nos consoles que você vai encontrar algo que valha a pena de verdade, e isso também é válido para essa versão de Company of Heroes 3. Agora, se você não é tão fã assim e/ou quer experimentar o gênero, vale esperar uma boa promoção. O jogo peca em diversos aspectos técnicos, mas ainda assim entrega missões divertidas e com um lado estratégico aguçado que pode prender o jogador que não se importar com isso.

Avaliação:
Gráficos: 6.0
Diversão: 8.0
Jogabilidade: 7.0
Som: 7.0
Performance e otimização: 7.0
NOTA FINAL: 7.0 / 10.0

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