Análise (Review) de God of War: Ragnarök (sem spoilers) – “Nós fazemos nosso próprio destino.”
27 de novembro de 2022Ficha do jogo: Lançamento: 9 de novembro de 2022. Jogadores: Um jogador Gênero: Ação, aventura, Hack’n Slash, RPG e terceira pessoa. Desenvolvedora: Santa Monica Studio. Publicadora: Sony Interactive Entertainment. Tempo de conclusão: 20 – 30 horas para a campanha e até 50 horas para os 100%. Plataformas: Playstation 4 e Playstation 5. Idiomas disponíveis: Português (Brasil), inglês, espanhol (Espanha), alemão, japonês, francês e italiano. Classificação indicativa: +18 (violência extrema e linguagem imprópria). Versão do jogo analisada: Versão americana para Playstation 4. |
Introdução
God of War Ragnarök é o nono título da saga “God of War” que teve seu primeiro jogo lançado no saudoso Playstation 2 em 2005 e com este game, encerra a saga nórdica. Ele é um dos indicados ao The Game Awards 2022, concorrendo ao jogo do ano. Dirigido por Eric Williams, este game possui uma trama e narrativa diferente dos outros jogos da saga. Assim como o God of War (2018), que foi o jogo do ano de 2018 devido a nova proposta de narrativa, onde os produtores queriam fazer uma “reimaginação” da franquia renomada, dirigido, magistralmente, por Cory Barlog, que também dirigiu o God of War 2 (2007). Vale lembrar que o game possui modo foto. Esta análise não contém spoilers do game.
O hype para o Ragnarök era tão grande que, em cinco dias depois do seu lançamento, o game vendeu mais de 5.1 milhões de cópias, sendo o game mais vendido no lançamento da Playstation, enquanto que o GoW (2018), vendeu 3.1 milhões de cópias em seu lançamento.
Uma das maiores inovações vista no game é sua câmera. Simplesmente não há cortes de edição, sendo comumente chamado de “plano em sequência” pelos cineastas, elemento muito difícil de se fazer, porém proporciona uma imersão gigantesca. Isso foi introduzido no game de 2018, mas até hoje recebe elogios por isso.
Existem livros da saga que explicam diversos eventos que não foram contados nos jogos. O mais recente livro foi escrito por James Barlog, pai de Cory. Vale a pena lê-los. São romances que saciam a curiosidade dos fãs.
God of War Ragnarök é uma sequência direta do God of War (2018), portanto, haverá alguns spoilers do game de 2018. O que na verdade, serviu mais como um precursor para os acontecimentos mais importantes da história.
Confira a análise completa do God of War (2018): Análise de God of War (2018).
O game rodou muito bem no Playstation 4 (107.30 Gb) com 1080p/30fps, Playsation 4 Pro (107.30 Gb) pode chegar até 1656p/60fps e no Playstation 5 (84.06 Gb) pode chegar a 2160p/30fps até 1440p/80fps.
O game foi jogado no Playstation 4 Fat; e todas as screenshots foram capturadas durante o gameplay.
Enredo
Após os acontecimentos da versão de 2018 de God of War, Kratos e Atreus se preparam para o maior evento da mitologia nórdica, o Ragnarök. Enquanto procuram respostas, acontecem várias diversidades que os obrigam a se aventurarem pelos Reinos em busca de sobreviver contra as feras selvagens, os deuses nórdicos e o rigoroso inverno Fimbulwinter, evento que aparece após a morte do deus aesir, Baldur, precedendo o fim do mundo nórdico.
Kratos está mais calmo e sábio do que nunca. Atreus está mais experiente e maduro, como anseia por respostas sobre a origem do nome “Loki” e de profecias, assim como sua sede por aventura.
História
A história do God of War (2018) foi emocionante e inovadora, para nós jogadores que estávamos acostumados a sair matando tudo que aparecesse na frente. Neste game, Kratos busca passar seu conhecimento e experiência de vida para Atreus para que ele esteja preparado para qualquer adversidade, mas o mesmo insiste em contrariar seu pai em busca de respostas e profecias.
Durante a jornada acontecem muitas reviravoltas e que, em muitos momentos, Atreus passa a ser o protagonista. Se não fosse por sua teimosia, talvez o jogo não seria tão grandioso e nem conheceríamos personagens tão interessantes.
Muitas vezes, o desenrolar da história é lento, cansativo e desnecessariamente longo. Há muitos novos personagens carismáticos na trama que nos fazem apreciarmos os diálogos e esquecermos um pouco da matança generalizada. Muitos mistérios acontecem, mas, infelizmente, não há muitas respostas. O excesso de cenas cinematográficas, partes cansativas e perguntas sem respostas me desmotivou um pouco a jogar.
Gráficos e Ambientação
Como os próprios desenvolvedores falaram, este game leva a capacidade do Playstation 4 ao extremo, e realmente acontece. Acredito que os gráficos desse jogo são os melhores que eu já vi em um console da geração passada. O game está simplesmente gigante, com reinos que parecem não ter fim. Cada reino é muito rico e cheio de detalhes, a fauna e flora é muito diversificada e completa. A iluminação deixa os gráficos mais vivos e coloridos, proporcionando mais imersão do que nunca. Faz parecer imagens retiradas da vida real.
As expressões faciais estão muito realistas. Podemos ver a tristeza, felicidade e a raiva estampadas no rosto dos personagens. Isso gera um sentimento de empatia por eles, gerando emoções fortes ao jogador, desde alegria até tristeza.
Para se locomover a longas distâncias utilizamos os portais como viagem rápida e se preferir, existem os barcos e trenós para se locomover a curtas distâncias rapidamente. Aí é onde as melhores histórias são contadas pelos personagens, sendo, muitas delas, sobre o passado do Kratos, inclusive.
Os cenários estão mais verticais devido a nova mecânica implementada. Kratos não pula, mas ele lança suas Lâminas do Caos em certos pontos para subir, descer, escalar e pular de uma plataforma a outra. Dá até para fazer combos utilizando essa mecânica.
Os gráficos durante os combates estão mais realistas. Dá pra sentir cada golpe que é dado aos inimigos, pois a física das armas passa uma sensação de peso e “corte” quando as lâminas entram em contato com o inimigo. Ou seja, significa que esta rasgando brutalmente sua pele.
Jogabilidade
A jogabilidade é semelhante ao seu antecessor, mas possui algumas inovações. Assim como os games anteriores podemos atacar, defender, aparar, esquivar, contra-atacar, escalar e usar habilidades especiais das armas e poderes. A inovação neste game se dá pelas possibilidades que o próprio cenário proporciona; em muitos momentos existem pedras, toras de árvores, árvores, haste e “espelhos” que são usados a nosso favor nos combates. Isso deixa o jogo muito mais dinâmico e frenético. Além de serem muito úteis e poderosos, isso diferencia-o do game anterior. Podemos fazer combos com o Machado Leviatã e as Lâminas do Caos, bem como fazer melhorias ao coletar recursos para tal. É possível modificar os ataques rúnicos, sendo que cada um possui suas propriedades como: dano, elemental, atordoamento e o tempo de recarga. Também poderemos melhorar até o nível três cada ataque rúnico em troca de experiência. A movimentação está bem sólida, consistente e realista.
O seu filho, Atreus, é um ajudante nato, que agora está mais experiente e inteligente, graças ao treinamento que Kratos fez com ele. Temos dois tipos de flechas que poderão ser usadas: a sônica e rúnica. Ambas têm suas especificidades e são essências para abrir os baús do jogo, bem como resolver quebra-cabeças e progredir na história. O companheiro também consegue fazer invocações rúnicas que consistem em invocar algum animal que dá uma quantidade grande de dano nos inimigos, além do tempo de recarga também. Existem áreas secretas e baús Nonir que são impossíveis de alcançar sem a ajuda do companheiro. O game possui muito mais quebra-cabeça do que antes, tendo que solucioná-los a quase todo lugar do mapa, além de estarem mais complicados de resolver.
Kratos também pode mudar sua aparência, sendo possível trocar a armadura peitoral, de pulso e de cintura, conforme os atributos que desejar. São: força, defesa, rúnico, recarga, vitalidade e sorte. E ao aprimorar uma dessas armaduras ao nível 9 (nível máximo), poderá selecionar uma armadura esteticamente ao agrado do jogador, já que os atributos da armadura com o nível máximo se mantêm. As missões secundárias e locais novos estão gigantes. É quase como se houvesse outro jogo. Todos os aprimoramentos das armas são feitos na loja.
O escudo está mais útil do que nunca. Além de defender, é possível atacar e interromper um ataque inimigo que não pode ser bloqueado (representado por um círculo azul). Existem 6 escudos com aparência e formato diferente, cada um possui propriedades específicas. Por sinal, a interface do menu de pausa está mais escura e confusa para selecionar os equipamentos.
Durante o modo história é fundamental que o jogador explore ao máximo o mapa. O game possui muitos itens super úteis, missões secundárias, chamadas de “Favores”, que agregam valor a história principal, locais e inimigos secretos que proporcionam recursos para melhorar as armas principais. Por isso é fundamental explorar cada canto do mapa.
Nos inimigos secretos, eu me refiro aos “Rei Berserk”, são chefes secretos que seriam ao equivalente as Valquírias do jogo passado e que sua localização está representada por uma lápide. Kratos e Mimir resolvem derrotá-los para não causarem mais problemas. Eles são muito fortes, então eu não recomendo enfrentá-los se estiver em níveis abaixo de 7.
Existem os “Corvos de Odin”, que são criaturas descritas na mitologia nórdica e servem para avisar Odin sobre o que acontece nos nove reinos. Kratos deve eliminá-los para salvar as almas deles e receber as suas recompensas. Existe o medidor de vida e de fúria que poderá ser aumentado ao recolher as Maçãs de Idunn e os Frascos de Hidromel Sangrento. Estes itens estão dentro de baús chamados Nonir. Para abri-los é necessário atingir os selos espalhados no mesmo cenário. Para isso, é preciso, muitas vezes, usar a ajuda das flechas do companheiro e alguns só serão acessíveis após obter uma nova habilidade.
Outra novidade são os amuletos, que servem para proporcionam uma certa vantagem ao protagonista. Os amuletos são variados, sendo que muitos possuem propriedades diferentes e específicas. É possível ir aumentando a quantidade de amuletos a ser utilizados ao obter o item “Amuleto da Yggdrasil” e melhorá-lo na loja.
As habilidades são desbloqueadas ao usar a experiência do Kratos ou do companheiro na “Árvore de habilidades”. Para obter experiência é necessário lutar, coletar itens fazer as missões. É possível aprimorar certas habilidades para deixá-las mais fortes.
A variedade de inimigos está muito grande em comparação com o jogo passado. Existem inimigos novos, como os humanos, que são os Midgardianos, mas também existem muitos inimigos repetidos e suas finalizações são as mesmas.
Os chefões estão muito mais épicos, existem vários chefões diferentes. Além da aparência e design deles serem mais intimidadores, as lutas com eles estão mais originais e diferentes. Eu fiquei empolgado com cada batalha. E por chefão eu me refiro aos da campanha e os de missões secundárias.
Existe o códice, onde está descrita todas as informações de recursos, conhecimento, bestiário e lições obtidas durante a jornada.
Trilha e efeitos sonoros
Acho que este tópico dispensa comentários. As músicas são combinadas de acordo com os momentos que estamos. Se estamos em um combate contra um chefão, aparecerá sons mais épicos. Em muitos momentos somos agraciados com músicas mais “medievais” e simples, como se fossem músicas de tavernas. Elas são muito agradáveis e relaxantes e eu acho que combinou super bem com a mitologia nórdica.
Os efeitos sonoros estão simplesmente impecáveis. Cada som do passo de Kratos dá para sentir a força que o faz naquele chão. O som da fauna e flora estão muito realistas também. O barulho das armas ao atingirem um inimigo, ou simplesmente golpear o vento, são bem realistas e rústicos (como deve ser), principalmente as Lâminas do Caos, que faz um som como se estivesse cortando o vento.
A dublagem brasileira está maravilhosa como sempre. A dedicação que o Ricardo Juarez teve para interpretar o Kratos é surreal. Dá para perceber o sentimento que o protagonista sente quando ele fala, em muitos momentos eu percebi como o Kratos estava cansado e exausto de toda a situação, somente pela voz. Os outros dubladores também se dedicaram muito para isto e muitos deles são fãs de games e amaram dublar estes personagens. A dublagem original é perfeita também, já que a maioria dos movimentos dos personagens foram capturadas em movimentos de verdade, interpretados pelos atores e dubladores.
Inclusive, na ida da Revolution Arena para a Brasil Game Show de 2022, nossos redatores tiveram a oportunidade de conhecer a voz do Kratos, o Ricardo Juarez. Em especial, nosso redator, José Daniel (MrSuperFanMr), conseguiu registrar esse momento. Aliás, ele só tomou a iniciativa de jogar God of War (2018) por saber que um de seus dubladores favoritos era a voz do personagem.
Performance e otimização
Durante minha experiência houve um bug que me atrapalhou muito, eu estava buscando o troféu de platina e para isto precisa derrotar um certo chefão secreto, mas eu não conseguia acessar a área desse chefão, por algum motivo não aparecia o botão de interação e por conta desse grande problema eu não conseguei enfrentá-lo, faltando apenas este troféu para eu fazer 100% do game. Há relatos de muitas pessoas com esse mesmo problema.
Como eu joguei em um Playstation 4 Fat, eu presenciei problemas com renderização. Tive umas três travadas que demoraram 5 segundos para voltar ao normal e o jogo fechou sozinho uma vez.
Quando eu usava a viajem rápida, demorava cerca de 15 segundos para carregar o local, mas é compreensível para um Playstation 4, já que o mundo está muito grande e denso.
Estes problemas e bug que tive podem ser facilmente corrigidos por meio de atualizações.
Conclusão
O game está simplesmente incrível. A forma que foi apresentada a evolução dos personagens é surreal. Os desenvolvedores, programadores, atores e roteiristas fizeram um ótimo trabalho na humanização dos personagens. Gráficos lindos e com muita exploração. No entanto, não apresentou muita novidade em relação a jogabilidade e a progressão da história foi lenta e cansativa, no meu ponto de vista.
Avaliação:
Gráficos: 10.0
Diversão: 10.0
História: 8.0
Jogabilidade: 9.5
Som: 10.0
Performance e otimização: 7.0
NOTA FINAL: 9.0 / 10.0
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