Análise (Review) de Super Mario Bros. O Filme (Sem spoilers)

6 de abril de 2023 Off Por Olivia Marinho
Ficha do Filme
Título original: The Super Mario Bros. Movie
Lançamento: 5 de abril de 2023 (Brasil)
Direção: Aaron Horvath, Michael Jelenic
Gênero(s): Animação, Aventura, Comédia, Ação
Duração: 1h 32min (92 minutos)

RESUMO

Com um hype insano de anos em uma longa espera, eis que chega aos cinemas o filme dos irmãos bigodudos amados por tantas pessoas de diferentes gerações. Subir a escadinha do cinema com minha camisa altamente sarcástica do Sonic foi inebriante. Os olhinhos brilhantes de crianças que hoje jogam no switch ou se viciam em ver gameplays no youtube, assim como os sorrisos de seus pais que cresceram ouvindo bipes e bops de seus nintendinhos, soprando cartuchos e catando revistas de detonados.

O filme começa e o que se ouve são muitos gritos, na realidade, ao longo de toda a sessão do filme escutei os gritos de diversas crianças (confesso que eu também estava gritando junto com elas), pegando todas as referências possíveis, e tudo que eu senti foi um frenesi de um sonho realizado, ver meu herói de infância diante de mim. Nem dava para acreditar que em pouco mais de uma hora foi possível conceber tamanha grandiosidade tão bem executada, mesclar tantos conceitos antigos e novos, tudo bem encaixado e embalado em lindos pixels.

DESENVOLVIMENTO

Rápido como um ouriço, o filme consegue jogar seu espectador num universo altamente familiar e ainda tão novo. Há um toque de realismo menos exagerado que o antigo filme do Mario de 93, mas principalmente extremamente funcional. Um mundo de jogo que parece ser ideal, como se os pulos, poderes ou mesmo a sociedade do reino cogumelo fosse mais humana do que parece.

Os personagens são naturalmente carismáticos, o que gera um problema inicial de baixo desenvolvimento de personagens e suas relações. Talvez seja escolha de estúdio pois “todo mundo conhece o Super Mario”, mas ainda assim gerou uma sensação fraca de elo entre diferentes personalidades. Parece que elas seguem um roteiro pré-determinado,mas não fogem muito dali. Talvez afaste algumas pessoas do filme que nunca jogaram ou conhecem o personagem.

Ainda que isso seja um ponto negativo, é necessário negritar algo: estamos falando da Illumination, estúdio de Minions e Pets, filme com sensação de sessão da tarde na televisão. Então com essa falta de tato entre Mario e seus amigos, pode ser que haja abertura para uma (quase óbvia) continuação ou seja uma tentativa de acelerar o enredo e tentar enfiar na tela tudo que for possível para que o filme tente ser agradável para todos os públicos. Em ambas as situações o objetivo foi alcançado.

Dá para notar que o filme pode vir a passar na televisão e ainda possuir a mesma magia, poder ser comprado em DVD e repetido até que o disco arranhe. Palmas a produção de um filme que pode vir facilmente a se tornar um clássico dos filmes dominicais. 

Essa universalidade do filme talvez seja o que confere a nota alta que veremos ao fim. As cenas de tirar o fôlego (assim como os gritos das crianças no cinema a cada personagem ou easter egg que aparecia na tela). O filme possui muitas camadas, mesclando títulos como Super Mario 3, Super Mario 3D World, Mario Maker, Mario Kart e também o universo de Donkey Kong de maneira bem concisa, coesa, ainda que seja coisa demais para processar em tão pouco tempo.

FOTOGRAFIA E IMAGEM

SIM! Dá para notar cada um dos fios de cabelo do Mario. O filme possui um nível de detalhe imensurável. Desde o Jeans manchado e costurado ao cabelo dos personagens, escamas ou mesmo texturas de tecido e de criaturas, nada aqui foi perdido. O filme é muito bonito. São lindos panoramas e paisagens que acompanham o encanador, desde o Brooklyn ao Reino Cogumelo.

Se nas cenas que puderam ser vistas nos trailers, podíamos acompanhar diferentes biomas e zonas a serem exploradas, a experiência final é tão interessante quanto. Cada uma das cenas cria a sensação de velocidade, potência e principalmente grandeza.

Os pontos de vista de baixo para cima quando Bowser aparece fazem ele sempre parecer maior do que é. A altura da câmera aqui parece ter uma grande importância, com closes longe para algumas cenas de luta e movimentação pelo lindo mundo do jogo.

DUBLAGEM

As vozes originais do filme de Mario foram quase que inteiramente em STAR TALENT (quando a dublagem é feita com pessoas famosas e que não necessariamente fazem dublagem) com as vozes de Chris Pratt, Charlie Day, Seth Rogen, Anya Taylor-Joy, Keegan-Michael Key e Jack Black no grupo principal de personagens. Apesar da má fama desse tipo de escolha de elenco, foi bem agradável ouvir as vozes, apesar de acabar ouvindo o Senhor das Estrelas com sotaque italiano falso martelando meus ouvidos.

Com a direção de Manolo Rey, no Brasil, já era esperado uma ótima adaptação do texto original, com boas localizações e piadas mais brasileiras, tendo no seu elenco principal Raphael Rossatto, Manolo Rey, Carina Eiras, Eduardo Drummond, Pedro Azevedo e Márcio Dondi. 

Foi uma escola extremamente divertida,colocar o dublador do Sonic para interpretar Luigi. E Toad gritava as memórias de antigas dublagens do personagem na antiga série do jogo, com uma voz estridente e muito engraçada.

TRILHA SONORA

Deve-se elogiar plenamente o trabalho de adaptação e reinvenção da trilha sonora do jogo de maneira mais sinfônica e magnânima. Foram inúmeros os momentos de reconhecer que a toda hora eu estava ouvindo uma nova versão da popular música do World 1 – 1.

Outro ponto muito forte é a presença marcante de músicas dos anos 90, com o total estilo Guardiões da Galáxia, dando um tom colorido ao filme, apesar de serem músicas até batidas demais em obras audiovisuais nos últimos 5 anos. Foi divertido, apesar de ser mais da mesma vibe anos 90 que a indústria força em resgatar. Mas não ficou uma coisa saturada.

QUALIDADE COMO ADAPTAÇÃO

É bem assustador ver quantos jogos foram usados para se adaptar dentro de um único filme comercial. Como dito anteriormente, o universo aqui construído é imenso, apesar de nem todas essas áreas terem sido plenamente exploradas. O filme tem um enredo que facilmente viraria um TRIPLE A do jogo do filme baseado no jogo (trago aqui memórias de Ratchet and Clank).

Por se tratar de uma obra de alto orçamento e de grande apelo pelo público, pode-se dizer que sim, é um ótimo filme de jogo, quase tão bom quanto Sonic, mas ambas são obras que funcionam de maneiras diferentes, afinal Mario Bros Movie não é live action.

O QUE PODE VIR POR AÍ?

O filme se encerra com um final que dá abertura para muitas sequências. Consigo facilmente me ver novamente no cinema para ver um possível SUPER MARIO BROS MOVIE 2: O RETORNO DA VINGANÇA DO MALIGNO BOWSER ou algo com a mesma energia.

Como o filme não se utilizou de todos os jogos da franquia, é possível que mais mundos,poderes e personagens venham a ser explorados e desenvolvidos. Por se tratar do mesmo estúdio de Meu Malvado Favorito, não é surpresa a possibilidade de infinitas sequências, spin offs ou mesmo um especial de natal.

CONCLUSÃO

Apesar da crítica mundial (altamente presunçosa) não ter dado altíssimas notas ao filme, fecho, sim, com uma nota 10 esta análise. É um filme quase puramente comercial, que veio para reestruturar o que o filme de 93 não pôde, ainda que aquele filme ainda seja queridinho de seus fãs. Não é bom,mas é o que tem e o que temos é muito MUITO divertido.

A Illumination Studios fez um trabalho muito gostoso ao trazer para o cinema um personagem carismático e muito fácil de trabalhar. E ainda que hajam vários jogos e a estória esteja completamente escrita, foi possível fazer algo novo e legal. É medíocre? Talvez, mas o que mais a gente pode querer?

Super Mario Bros vem para resgatar um espírito de uma juventude viciada em videogames que pertence a todos nós. Eu ri, eu chorei, eu me emocionei e sei que muitas pessoas vão.

O filme funciona, seus personagens funcionam. E assim que ele passar na televisão, eu vou ver de novo. Não é um filme hardcore para se pensar demais, apesar do seu ritmo corrido. É um filme bobo para assistir com a família, os amigos, levar para a escola para mostrar aos alunos ou até deixar rolando em loop na TV de uma agência bancária.

Que a gente continue com o espírito de quem soprou muito cartucho e quer passar isso aos filhos. É quase como um conto velho e universal que a gente pode recontar várias vezes de novo e de novo e não cansa, simplesmente porque, sim, é bom.

Confira abaixo o trailer final do filme:

Avaliação:
Desenvolvimento: 10.0
Roteiro/Direção: 10.0
Dublagem: 10.0
Fotografia: 10.0
Trilha Sonora: 10.0
NOTA FINAL: 10.0 / 10.0

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