Xbox Series X e PS5: Um futuro sem mídia física?

21 de julho de 2023 Off Por Daniel Felix

Pessoal, este é um assunto recente e muito sensível, então, iremos tratá-lo aqui com seriedade e sem qualquer caimento para qualquer tipo de plataforma. Porém, nós aqui do Revolution Arena, temos o dever de informá-los do que acontece no mundo dos games e também, dos impactos que isso pode causar para todos nós, amantes de videogames! Não falarei de PC’s pois, nos dedicaremos a tratar de consoles apenas. Também não falarei da Nintendo, afinal, é um console que não parece dar indícios dessa migração digital, da qual falaremos a seguir, embora seus usuários, tenham jogos físicos e digitais também. Muito menos, falaremos da questão dos jogos Cloud, que é um outro tipo de assunto bem sensível, mas, que está em um prisma diferente dos jogos que podemos baixar para nossos consoles domésticos e jogar off-line.

Acontece que, como toda tecnologia, games não são diferentes e, assim, evoluem. Começamos os consoles caseiros, basicamente com o Magnavox Odyssey, que trazia o recurso de cartuchos (Era um modo diferente, como veremos a seguir.). Você precisava do cartucho para ativar os games que vinham na memória do console. O que era diferente dos próximos consoles onde, os games tinham suas rom’s, isto é, seus arquivos, diretamente armazenados em cartuchos, em consoles famosos como NES e Mega Drive, por exemplo.

Tivemos já na década de 90, o Sega CD e o Playstation, nos quais os games eram armazenados em cd’s. Tivemos depois o Playstation 2 usando DVD’s, assim como o primeiro Xbox, e logo em seguida, o seu sucessor, o Xbox 360 que ainda usava DVD, muito embora, o concorrente da época, o Playstation 3, já usasse Bluray, uma mídia que conseguia armazenar muito mais dados. Em todos eles, os games eram parcial ou totalmente copiados para o HD interno dos consoles. Entretanto, nessa década dos anos 2000, é que começamos a ter vislumbres de uma modalidade de games digitais.

Enquanto a Sony tinha um conceito, um ensaio, em produção de jogos digitais, o primeiro Xbox já tinha a possibilidade de baixar jogos da loja da Xbox e salvá-los em seu HD interno. Então, podemos dizer que aí que começou, de certa forma, esta migração do físico para o digital, de que vamos falar agora.

Após o primeiro Xbox, é claro, o Xbox 360 trazia um sistema mais evoluído, uma loja Xbox para jogos digitais muito melhor do que a anterior, e foi ali que muitos começaram a construir o que podemos chamar de Biblioteca Digital. As pessoa que tinham Playstation, também, começaram a construir uma biblioteca digital particular, a partir do Playstation 3, onde a loja da PSN, já era estável para comprar jogos.

Nestes 2 consoles, também surgiram os planos de assinatura mais famosos para os usuários, onde haviam vantagens e acessos a jogos digitais, fosse para ganhá-los, ou testá-los por um período de tempo. Então, evoluímos para Xbox One e Playstation 4, com suas possibilidades gráficas incríveis se comparado aos anteriores, lojas digitais fantásticas, e muitos jogos remasterizados (Games antigos melhorados de alguma forma.), e nós já tínhamos vários jogos dos consoles anteriores em nossas bibliotecas.

É claro, essa realidade foi muito mais acessível para os donos do Xbox One por causa do recurso de retrocompatibilidade, que permitia jogar jogos desde do Xbox e Xbox 360, forma digital, além de permitir rodar algumas mídias físicas originais. No Playstation 4, havia uma lista de mais de 100 jogos clássicos que os gamers poderiam jogar através de um serviço especial. Repito de novo, nessa altura, todos nós já tinhas umas senhoras bibliotecas digitais. Devo, também, citar um fato interessante. A Microsoft meio que adiantou um pouco esse transição no Xbox, com o Xbox One S All Digital, que não tinha leitor de Bluray.

Enfim, chegamos na era atual, com o Xbox Series X e S, e Playstation 5. Consoles com versões com e sem leitor de Bluray. E isso, de certa forma, já deixava claro um certo rumo que o mercado de games está tomando. O de transição total para digital. É claro, se olharmos de modo geral, para nossa cultura hoje, não só os games como, basicamente tudo o que é possível, está sendo migrado para o digital. Filmes, séries, desenhos, músicas. Não encontramos com facilidade, DVD’s, nem BLURAYS, embora estes últimos ainda possam ser encontrados em lojas online. É realmente uma tendência da nossa civilização atual.

Mas, a questão é que, nos games, essa tendência, se é que já não podemos chamar de fato, tem um peso muito maior para nós gamers. Em primeiro lugar, em países como o Brasil, nós precisamos muitas vezes, vender um jogo antigo para comprar um novo. Isso não é possível em jogos digitais, a não ser que você esteja disposto a vender toda a sua conta de uma vez. Um outro lado, é a questão do colecionismo que todos nós, podendo ou não colecionar, gostamos. Um outro fator, e, dentro do contexto tecnológico, um real medo, assim como possibilidade é se, a empresa, daqui uns, digamos, 10 anos, decide desativar a loja digital. Para onde vão nossos jogos, nossa biblioteca? Precisaríamos ter muitos dispositivos de armazenamento para garantir que isso não aconteça.

E é aí, nesse âmbito, que começamos, já em 2023, a começar a ver claramente, que a indústria está mesmo andando para esse lado. A Microsoft, dona do Series S, o custo x benefício amado por nosso povo aqui do Brasil, informou de forma oficial que, ao menos em relação aos seus jogos exclusivos, não haverá mais mídia física no Brasil. Todavia, não tivemos, por exemplo, Hogwarts Legacy em mídia física para o Xbox, muito embora, o game não seja exclusivo. Logo, sabemos que, do lado da Microsoft, o Brasil foi excluído das mídias físicas.

Do lado da Sony, há apenas rumores mas, as empresas querem ganhar cada vez mais dinheiro, então, é muito difícil que ela mantenha, em seus próximos consoles, uma estratégia de mídia física. Todavia, além disto, temos profissionais da mídia especializada, como Mat Piscatella, analista do Circana, que afirmam que a indústria de games, está mesmo se preparando para lançar apenas mídias digitais e que isso deve acontecer em uns cinco anos.

“Os lançamentos AAA apenas digitais estão aqui. Nos próximos 2 anos, essa tendência vai acelerar e, por volta de 2028, acho que será a norma para a maioria dos lançamentos de Xbox e PlayStation. A Nintendo provavelmente não se moverá tão rápido, mas, novamente, é a Nintendo e estão sempre cheios de surpresas.”

É muito claro que o que Mat diz, é cada vez mais real, e muito, muito triste. Pois, no andar dessa carruagem, consoles com leitor de Bluray, apenas valerão a pena, para quem já tem alguma mídia física (Em especial no Series X, já que este é mais potente Xbox e não tem versão apenas Digital, como acontece com seu concorrente direto, o PS5.). No entanto, para quem está começando nas novas plataformas, não valerá a pena gastar um valor tão caro por um Series X, por exemplo, haja visto, em menos da metade de sua vida, já não possuirá lançamentos em mídia física. Isto é um pouco diferente, no lado do PS5, pois há a versão apenas digital, ligeiramente mais barata, porém, com a mesma potência da versão com disco. O que difere do Xbox, uma vez que o Series S é menos potente que o Series X, porém, ainda sim, o Series S acaba sendo, tanto pelo preço, quanto pelo cenário atual, o melhor custo x benefício, pensando em Xbox (E talvez, no valor alto do PS5 Digital.), nessa vida digital que estão nos obrigando a aceitar (E que é mesmo, como eu disse acima, a tendência da nossa civilização!).

Por tanto, o futuro desses consoles, ainda que contenham leitores de mídia física, é ser levado, no restante de suas vidas úteis, talvez mais uns 5 anos, apenas por mídias digitais! Não há escapatória! E na próxima geração, podem ter certeza, não haverão mais leitores de disco no Xbox ou no Playstation.

Deixo aqui um adendo para todos que gostam de colecionar. Aproveitem agora, comprem e guardem, pois em breve, todos os games de mídia física, se tornarão objetos raros, com alto valor para se obter! E, se me permitem dizer isso, embora com pesar no coração, de quem ama muito mídias físicas, versões de colecionador, manuais, encartes e capinhas bem feitas, sejam bem-vindos à era digital do videogame!

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