Análise (Review) de Pokémon Scarlet & Violet

21 de novembro de 2022 0 Por Markus Norat
Ficha do jogo:
Lançamento: 18 de novembro de 2022
Jogadores: Em um único console: 1 jogador / Em comunicação local: 2 a 4 jogadores / Em linha: 1 a 4 jogadores.
Gênero: Aventura, RPG
Desenvolvedora: Game Freak, Nintendo
Publicadora: Nintendo, The Pokémon Company
Idiomas disponíveis: Alemão, Chinês Simplificado, Chinês Tradicional, Coreano, Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Japonês.
Plataformas: Nintendo Switch
Classificação Indicativa: Livre para todas as idades.

Versão do jogo analisada: Versão americana, para Nintendo Switch.

Eis que finalmente chegou o dia de lançamento de Pokémon Scarlet e Pokémon Violet, e, como sempre, em cima de muitas pompas, paetês e um assombroso e extremo hype – como sempre acontece com qualquer jogo da badalada franquia Pokémon. O mundo conheceu oficialmente Pokémon Scarlet e Pokémon Violet, que foi lançado em jogos separados (assim sendo, o correto é dizer: foram lançados e não foi lançado…), tática já utilizada outras vezes pela Nintendo nos jogos dos monstrinhos fofos, para conseguir vender mais versões do game, e, inclusive, um pacote “Double Pack”, pelo dobro do preço.

Toda a empolgação e espera dos fãs por esse lançamento tinha um motivo muito especial, pois dessa vez havia a promessa oficial de esse game trazer um novo e revolucionário caminho a ser seguido a partir de agora pelos jogos da série; permitindo, a partir de agora que você suba em um Pokémon Lendário e explore um maravilhoso mundo vasto e aberto, em que não existem barreiras, não haveria nesse game um caminho definido para você desbravar a grande aventura pela nova região de Paldea, ou seja, você desbravar a região como quisesse! Essa promessa se cumpriu com o lançamento do jogo? A resposta é um forte e escandaloso: SIM!

Imagem: Nintendo

O jogo é maravilhoso nesse sentido, e, mais do que isso, me atrevo a dizer que esse jogo traz o conceito e a ideia que todo fã de Pokémon sonha desde o início da série de games Pokémon, lá no Game Boy, em 1996. Quando você iniciar a jogatina, você poderá escolher entre Sprigatito, Fuecoco ou Quaxly, para ser seu primeiro Pokémon parceiro e se aventurar na vastíssima região de Paldea, uma área cheia montanhas, pântanos, lagos, quedas de água, desertos, florestas, vilarejos e cidades completas, tudo isso carregado de muitas surpresas e mistério… Não há outra forma de falar, o conceito e a ideia do game é, de fato, maravilhoso, é a materialização do sonho dos fãs da série em forma de jogo; mas, infelizmente, esse sonho tem inúmeros problemas técnicos que ofuscam o brilho de uma ideia colossal.

Sabemos que a maioria dos jogos sempre apresentam algum probleminha, algum erro, algum bug, alguma coisa fora do lugar, que passou despercebido ou acabou ficando no produto final em virtude de o prazo de lançamento já estar muito em cima (ora, quem já fez curso de mestrado e doutorado sabe muito bem o que é lutar contra o tempo para entregar a versão final de um trabalho, é por tal motivo que existe o ditado que diz que dissertações e teses nunca são verdadeiramente finalizadas da forma como o autor queria, o prazo de entrega é que acaba e o trabalho acaba sendo entregue da forma que deu). Pois bem, no caso de Pokémon Scarlet e Pokémon Violet é com muita tristeza que somos obrigados a relatar que o jogo não está polido e, mais do que isso, o jogo não foi finalizado, pois é impossível que alguém possa afirmar que o foi devidamente revisado antes de ser entregue ao consumidor final.

Imagem: Nintendo

Entenda: o jogo e todas as ideias e novidades adicionadas nele funcionam (bem, funciona, mas as vezes o jogo dá tanto erro que fecha sozinho…), mas funciona cheio de problemas que saltam aos olhos dos jogadores, e, inclusive, já se espalha por diversas redes sociais na internet uma infinidade de pessoas publicando fotos e vídeos com múltiplos tipos de erros técnicos desse jogo (alguns erros fazem os personagens agirem de forma macabra, que até lembram as perturbadoras cenas do filme exorcista!), como quadros por segundo baixíssimos, gráficos mal acabados, iluminação problemática, personagens fora de controle, travamentos, muita lentidão, Glitches visuais constantes fazem com que coisas estranhas estejam surgindo na tela em vários momentos entre outros tantos problemas. Pode acreditar, isso está sendo relatado aqui nessa análise com profunda tristeza por parte do crítico. É muito triste ver que o resultado final de um jogo que tinha tudo para brilhar grandemente no mundo dos jogos eletrônicos foi marcado por uma total falta de cuidado por parte da empresa que o desenvolveu, e também por parte da empresa que o lançou.

Mais do que um simples descuido na produção do jogo, a situação desse jogo deve ser tratada pelos jogadores e pela crítica como um total desleixo por parte das empresas responsáveis. Sim, pleno, total e vergonhoso desleixo com uma série tão grandiosa e gigantesca como Pokémon. Como é possível que uma marca que ficou tão grande, mas tão grande, a ponto de ter virado símbolo do mundo Geek e da cultura Pop, uma franquia que marcou gerações e que se mantém há anos no topo das paradas em nível de importância, relevância e, principalmente, em arrecadação de dinheiro, recebe um jogo totalmente mal acabado dessa forma? Como é que a Nintendo, que é tão famosa pelo seu nível de qualidade e exigência, uma empresa que diz nos quatro cantos do mundo aberto do Planeta Terra que seu lema é colocar sorrisos nas pessoas através dos seus produtos e franquias de qualidade, entrega para os seus consumidores, por preço cheio, um jogo que não teve o mínimo de cuidado? Há, mas o game foi desenvolvido pela Game Freak e não pela Nintendo, podem dizer alguns defensores. Sim, é verdade, o jogo foi desenvolvido pela Game Freak, mas foi lançado pela Nintendo, que, no mínimo, foi conivente com todos os problemas técnicos que esse jogo apresenta, e com todos os problemas apresentados pelos jogos mais antigos da série Pokémon.

A impressão que essas empresas passam é a de que estão lançando jogos com problemas de maneira proposital, não por querer lançar um jogo cheio de erros, mas sim porque sabem que o jogo, pelo fato de ser um título da série Pokémon, irá vender muito e irá trazer um lucro absurdo. Ora, porque se preocupar tanto, lança assim mesmo, se atrasarmos o lançamento do game iremos perder dinheiro… A falta de esmero que quase todos os jogos da franquia Pokémon recebe destoam muito do nível de qualidade que a Nintendo construiu a sua fama; destoa do nível de qualidade dos jogos que a Rare produzia para o Nintendo 64 (como Banjo-Kazooie, Conker’s Bad Fur Day e tantos outros) e dos jogos da série Zelda, em uma situação que o próprio Shigeru Miyamoto, em entrevistas da época dos jogos do Nintendo 64, admitiu que disputava com a Rare para ver quem lançava um jogo com maior qualidade e polimento; naquela época, a Rare atrasou a data de lançamento dos jogos para entregar um produto polido e de qualidade, e o resultado foram games emblemáticos, lembrados e cultuados até hoje, como o GoldenEye 007.

É revoltante o que estão fazendo com a série Pokémon, a franquia merece mais do que isso, e, principalmente, os consumidores merecem muito mais, afinal de contas, esses jogos não são distribuídos de maneira gratuita, são vendidos, e por um preço muito elevado, diga-se de passagem.

Imagem: Nintendo

Após todo esse desabafo furioso, vamos passar a tratar da parte boa do game: Apesar dos irritantes problemas técnicos, como já relatei no início desta análise, esse jogo traz o conceito e a ideia que todo fã de Pokémon sonha desde o primeiro game Pokémon. Esse jogo se traduz em um enorme salto em relação aos anteriores. Se antes nós tínhamos uma jogabilidade que acabava ficando bem engessada, pelas limitações dos caminhos preestabelecidos, agora nós temos de fato um jogo com uma área bem ampla, bem aberta e com a jogabilidade bem livre! É empolgante ver que a ambientação de Paldea nesse game (diferente das regiões retratadas nos games anteriores) transmite uma forte sensação de imersão em um mapa denso e rico em detalhes de escala de ambiente e de quantidade de personagens não jogáveis (os famosos figurantes que aparecem na tela); tirando o assustador atraso que os jogos da série Pokémon se encontravam e deixando o jogador com uma sensação de liberdade próxima ao que jogos de mundo aberto (como Grand Theft Auto III, lançado em 2001) já permitem há alguns tantos anos.

Bom, o jogo inicia da seguinte maneira: Você, como protagonista da história, é estudante de uma escola que passa um trabalho de campo, com a intenção de fazer com que os estudantes descubram as suas paixões pessoais. A tarefa é livre e cada estudante pode faze-la onde bem entender, para que assim, façam essa descoberta interior. Agora imagine o quanto isso daria errado na vida real… E assim, buscando o seu “tesouro”, você acaba chegando em Paldea e experimentará três grandes trajetórias principais, que poderão ser jogadas da forma, modo e ritmo que você bem entender. As três campanhas são ligadas entre si, mas se desenvolvem em separado e simultaneamente, convergindo para o mesmo ponto, no final.

Imagem: Nintendo

As três campanhas principais do game são: Victory Road, que é a tradicional rota dos ginásios, em que você irá tomar desafios nos ginásios e focar em se tornar o grande Campeão. A segunda é a Path of Legends, em que você enfrentará poderosos Pokémon “Titans”, que guardam raros ingredientes. A terceira é a Starfall Street, em que você irá encarar a equipe Star, que é a turminha do mal, que faz uma certa bagunça e deverá chegar até o chefe deles. Que fique bem claro que, diferente de como acontece no jogo anterior da franquia, o Pokémon Legends: Arceus, que tinha diversas localidades que eram semiabertas, aqui em Scarlet e Violet é tudo realmente muito aberto e você se sentirá bem à vontade para fazer tudo do seu jeito, da forma como você quiser e se você quiser; e essa liberdade é sentida durante toda a sua jornada. Por exemplo, você pode terminar o game sem passar por diversas áreas do mapa se quiser, mas, claro que os jogadores mais hardcore terão uma experiência muito mais completa ao visitar todos os pontos do jogo, enfrentar treinadores e se relacionar com os diversos Pokémons selvagens que estão espalhados por todos os cantos do mapa.

O que pode acontecer em alguns momentos é você perceber que não deve ir (mas pode ir se quiser, o jogo não o impedirá) para alguns locais, pois, de tão grande região de Paldea, ela é cheia de áreas bem diversificadas, como montanhas, pântanos, lagos, quedas de água, desertos, florestas e cidades, e, em alguns locais você encontrará Pokémons que estão em nível muito acima do que você está no momento; e é aí que você percebe que aquele ponto específico do mapa deve ser visitado em um momento mais no futuro, quando você estiver em um nível mais avançado do game.

Imagem: Nintendo

A essa altura você já deve ter se perguntado se há alguma diferença entre as versões Scarlet e Violet. Sim, podemos dizer que há algumas diferenças substanciais quanto o cerne do jogo, e passaremos a tratar agora das principais: Em primeiro lugar, Pokémon Scarlet possui um enfoque voltado para o tempo passado e Pokémon Violet apresenta um aspecto voltado para o tempo futuro, e isso faz com que as histórias sigam com modificações e as temáticas dos personagens sejam diferentes, até mesmo de alguns Pokémons, que são os Paradox Pokémons; em Scarlet encontraremos versões ancestrais de alguns Pokémons, enquanto em Violet, teremos as versões futuras, versões evoluídas deles; além disso, claro, temos os Pokémons exclusivos de cada versão. As escolas são diferentes em cada versão, em Scarlet temos a Escola Naranja, em que o símbolo é uma laranja, e a Escola Uva em Violet. Os professores também são diferentes nas versões, no Scarlet temos a Professora Sada e no Violet temos o Professor Turo. Como um jogo é voltado para o passado e o outro para o futuro, os estudos desses professores também são diferentes; enquanto Sada estuda a ancestralidade, o Turo, por sua vez, estudará sobre o processo evolutivo dos Pokémons.

Apesar de as novidades trazidas pelo mundo aberto, as batalhas seguem a fórmula tradicional dos games anteriores, e não são tão céleres, como tivemos em Pokémon Legends: Arceus, mas seguem o padrão já conhecido pelos fãs da série; apesar disso, temos uma situação que considerei bem legal e que traz um dinamismo ao jogo e que ajuda a fazer com que o jogador mergulhe mais forte na sensação de mundo aberto em tempo real do game, que é a inserção do modo “Let’s Go”, que possibilita que você envie um dos seus Pokémons para que ele lute contra os Pokémons selvagens e colete alguns itens. Apesar de fornecer menos pontos de experiência, é uma boa e fácil maneira de acumular itens e pontos. Esse ponto, consideramos que foi uma ótima novidade à série, que Pokémon Scarlet e Pokémon Violet trazem, além da questão do mundo aberto, que foi muitíssimo bem-vinda e há tempos já era necessária para conferir mais fôlego ao mundo dos Pokémons.

Imagem: Nintendo

A mecânica do Terastal é outra grande e boa novidade adicionada no sistema de combate dos Pokémons. Funciona da seguinte maneira: os Pokémons possuem um elemento Tera e o Terastal transforma o Pokémon no tipo Tera dele, e isso possibilita que os Pokémons alterem a sua configuração e assumam uma forma cristalizada, o que altera as resistências e as fraquezas do seu amigo, além de fortalecer os danos que ele causa; permitindo, assim, que você utilize o Terastal para estabelecer novas estratégias nas batalhas que você considerar mais complexas.

Além do que já mencionamos, acredito que não devo falar mais sobre as mecânicas do game, para não estragar a sua experiência quando estiver jogando esse game. De fato, é um jogo (ou são dois jogos, depende do ponto de vista) que apresenta sim fortes problemas técnicos que demonstram uma enorme falta de cuidado das empresas responsáveis pelo game (não interessa se os problemas são causados por má construção do jogo ou por incapacidade técnica do hardware do Nintendo Switch; o fato é que os problemas técnicos existem em um jogo caríssimo e que, seja qual for o motivo da existência deles, deveriam ter sido solucionados antes do lançamento, para que esse jogo não passasse a ser apelidado de “Cybermon 2077”, ou de tantos outros apelidos jocosos que se espalham pelas redes sociais e sites especializados), mas de fato, a verdade é que Pokémon Scarlet e Pokémon Violet não deixam de ser um sonho para todos os fãs da série, em virtude das novas ideias e conceitos que o jogo traz, de tudo que esse jogo já representa, das novidades que já estão implementadas no game, de tudo que esse jogo aponta que será o caminho a ser seguido pela série de games Pokémon.

Imagem: Nintendo

Apesar de o jogo ter sido lançado inacabado, em evidente descaso das empresas responsáveis, esse jogo aparenta ter sido idealizado com o pensamento voltado para o que os fãs realmente queriam que existisse em um game Pokémon. Sabemos, contudo, que existiu um problema na finalização da execução do jogo, que fez com que considerável parte do brilho fosse perdido, mas, de fato, as qualidades e novidades desse jogo são fortes e faz com que o game ainda tenha algum brilho; os problemas e bugs encontrados representam um absurdo desrespeito aos consumidores, mas com toda certeza não devem impedir que os fãs da série deixem de jogar esse game, em virtude de ser um jogo da franquia Pokémon e das novidades que foram trazidos por Pokémon Scarlet e Pokémon Violet. Nossa sincera recomendação é que somente após Pokémon Scarlet e Pokémon Violet receber uma atualização que corrija todos esses múltiplos problemas, ele merece ser jogado, para que você possa conferir todas as boas ideias que foram implantadas na série, sem ter que gastar uma considerável quantia de dinheiro com um produto ridicularmente mal acabado.

Estamos na esperança que a desenvolvedora faça uma atualização emergencial, que ajuste todos os problemas, em respeito ao legado da franquia Pokémon e aos seus fãs, e, assim, por conseguinte, fazendo com que Pokémon Scarlet e Pokémon Violet deixem de ser tratados como um caso jocoso de amor e ódio, e apresentem o verdadeiro brilho que mereciam ter desde o início, por terem trazido tanta inovação boa ao conceito da série.

Pontos positivos:
+ O mundo aberto caiu como uma luva, deixando a jogatina surpreendentemente divertida;
+ Inserção do modo “Let’s Go” e da mecânica do Terastal confere batalhas mais emocionantes;
+ As três campanhas principais do game são fantásticas;
+ Ótima quantidade de Pokémons;
+ O jogo é muito divertido como um todo, e traz diversas novidades que há muito tempo eram almejadas pelos fãs da série.

Pontos negativos:
– Não está disponível em Português;
– O jogo foi lançado com incontáveis problemas técnicos que atrapalham a diversão;
– Deveria ter mais conteúdo extra, além das campanhas principais, para conferir mais longevidade ao título;
– Os gráficos são antiquados, muito mal acabados;
– O jogo aparenta ter sido lançado sem estar finalizado, em virtude da enorme falta de polimento.

Avaliação:
Gráficos: 6.0
Diversão: 8.0
Jogabilidade: 8.0
Som: 8.0
Performance e Otimização: 0.0

NOTA FINAL: 6.0 / 10.0

Deixe o seu comentário abaixo (via Facebook):