Análise de Contra: Hard Corps

25 de abril de 2022 0 Por Markus Norat

Por: Cosmão

Ficha do jogo:
Data de lançamento: 8 de agosto de 1994
Gêneros: Plataforma, Shoot ’em up, Run and gun
Jogadores: Até dois jogadores
Desenvolvedora: Konami
Publicadora: Konami
Plataformas: Mega Drive, Nintendo Switch (disponível para assinantes para do Nintendo Switch Online + Pacote adicional)

Konami talvez tenha tido a sua melhor fase nos videogames de 16 bits. São incontáveis os jogos da empresa que fizeram sucesso, quer sejam jogos com personagens licenciados, jogos que eram continuações de séries famosas ou até mesmo jogos que a Konami criava, fruto de mentes criativas que permeavam por todo o estúdio.

Bom, em um estúdio que deu luz à jogos como Tiny Toon AdventuresRocket Knight AdventuresSuper Castlevania IV e Axelay, antes de produzir uma versão de Contra para o Mega Drive, só podia vir coisa boa, e realmente veio…

Contra, naquela época, alcançava o status de uma das maiores séries de jogos já feitas. Ao lado de outros petardos da empresa, como Castlevania, a série sempre estrelou nos consoles da Nintendo, e isso acontecia desde os 8 bits com o Nintendo, e passando pelo Super Nintendo nos 16 bits.

O Mega Drive só veio receber o primeiro jogo da série em 1994, com Contra: Hard Corps, uma espécie de spin-off da série principal. Mas, a julgar pelo que vimos sair daquele cartucho, a espera valeu a pena e superou todas as expectativas.

A história do jogo se passa cinco anos após os acontecimentos em Alien Wars, o jogo do Super Nintendo. Um grupo terrorista liderado pelo Colonel Bahamut roubou uma célula alienígena que havia sido recuperada durante a guerra dos aliens e pretende usá-la para criar armamento pesado. No lugar dos tradicionais Bill Rizer e Lance Bean, um novo time de quatro guerreiros foi convocado para resolver o problema.

Diferente de seu rival na época, o Super Nintendo, o jogo Contra do Mega Drive permitia que os dois jogadores escolhessem entre quatro personagens distintos não apenas na aparência, mas também no gameplay e no tipo de armas que cada um carrega. Cada um deles possui uma jogabilidade diferente e pode carregar quatro armas diferentes, sendo identificadas pelas letras: ABC ou D, além da bomba que explode a tela toda. O botão A é o responsável por trocar entre as armas coletadas, e se você apertar o direcional do controle para baixo, mais o botão de pulo, todos os personagens darão um slide, o que é muito útil para conseguir escapar de enrascadas. Além disso, todos podem escalar paredes e atirar em oito direções diferentes. Isso tudo agrega, além da variedade, um fator replay altíssimo. Eis os quatro selecionáveis no jogo e algumas particularidades de cada um:

Ray Poward 
A – Vulcan Laser / B – Crash Gun / C – Spread Gun / D –  Homing Missiles
De fato, Ray, o guerreiro humano, é o mais equilibrado dos quatro. Possui um bom armamento, suas armas são ótimas para qualquer situação do jogo. Ray ainda possui a clássica arma do Contra original, a Spread Gun, que solta uma rajada em cinco direções, facilitando muito sua vida, além do Homing Missiles, arma ideal pra quem ainda não manja muito do jogo.

Sheena Etranzi
A – Genocide Vulcan / B – Shower Crash / C – Break Laser / D – Ax Laser
É uma personagem de certo modo equilibrada e com boas armas. O que pega com Sheena é a lentidão do tiro de algumas armas, o que pode prejudicar o jogador em situações mais tensas. Além disso, seu armamento é sensivelmente mais fraco do que Ray Poward, sendo compensado com um slide mais efetivo.

Brad Fang 
A – Beast Shooter / B – Power Punch / C – Flame Thrower / D – Psychic Blast
Brad possui o arsenal mais forte do jogo, mas também os que tem o menor alcance. Por isso, só escolha esse personagem se já estiver bem familiarizado com as fases e com os chefes, pois não é mole jogar com ele não. Seu Power Punch é ótimo, mas, assim como seu Psychic Blast, ele só sai para os lados, nunca para cima ou para baixo.

Browny
– Victory Laser / B – Gemini Scatter / C – Electro Yo-Yo / D – Shield Chaser
Esse robozinho minúsculo é um dos personagens mais interessantes de se controlar. Ele se dá melhor que os outros em várias situações, apesar de seu armamento ser consideravelmente mais fraco. Seu Electro Yo-Yo (arma C) é de longe sua melhor arma, pois o cordão se estica até os inimigos e os destrói quase instantaneamente! É uma das armas mais apelativas pra se usar em chefes, apesar de lenta. Browny ainda tem um movimento extra de pulo duplo e pode planar no ar, ao se apertar o botão de pulo enquanto estiver no ar.

Além dos quatro personagens jogáveis, temos alguns outros que compõe o time dos vilões e o Comandante Doyle, que é o responsável pelo time Hardcorps e quem passa as coordenadas de cada missão. Entre os inimigos, destaca-se Deadeye Joe, que é o primeiro inimigo que se encontra logo no início do jogo, além do vilão principal, Colonel Bahamut. Mas o jogo todo é cheio de chefes mirabolantes, máquinas enormes e toda a sorte de coisas e objetos que podem tirar uma vida do jogador. De fato, é um dos jogos mais impressionantes já feitos, não apenas na variedade, mas na quantidade de chefes, um mais criativo que o outro.

A jogabilidade também esconde alguns pormenores bastante interessantes. É possível, por exemplo, travar seu personagem enquanto atira usando para isso o botão X do controle de 6 botões do Mega Drive. No controle tradicional, é preciso segurar o botão de tiro e apertar o botão A. Esse é um recurso interessante quando você quer ficar fixo num local seguro enquanto destrói algum inimigo ou parte vulnerável de algum chefe.

Mas não era só nisso que o jogo buscava variedade: quase todas as fases possuíam uma bifurcação, que levava o personagem à fases diferentes, dessa forma a história do jogo irá se desenrolar de acordo com suas escolhas, e por esse motivo o jogo apresenta seis finais distintos! Esse fator é até hoje muito lembrado e elogiado. Geralmente, as divisões levam à fases mais fáceis ou mais difíceis, mas será preciso jogar por todas elas para ver todos os finais existentes, além de conseguir aproveitar todo o conteúdo do jogo, como as linhas de diálogo e chefes diferentes. Muita da dificuldade desse game está em completar todo o conjunto de finais e, lhes digo por experiência própria, essa é uma das tarefas mais difíceis que você irá encontrar no Mega Drive. Realmente é bem difícil realizar esse feito!

Outro fator que chama a atenção, dessa vez aos olhos, é o visual de Contra: Hard corps. O jogo é tão bem feito, com uma animação tão fluída e lotado de efeitos especiais que muito comumente é comparado ao Gunstar Heroes, que é outra preciosidade do Mega Drive, feito pela Treasure que, por sinal, foi montada por ex-funcionários da Konami, entre outros artistas.

O jogo é recheado de explosões, prédios inteiros caindo, robôs gigantescos, tiros pra todo lado e NENHUM slowdown! Parece que tudo foi realmente feito com muito esmero, aproveitando todas as capacidades gráficas do Mega Drive e ainda incrementando outras características que ele não poderia executar de forma natural. Um dos exemplos é na famosa fase da rodovia, em que um robô gigante, ao fundo da estrada, vem nos perseguindo e tentando nos acertar, esticando seus braços num efeito de zoom-in e zoom-out muito impressionante para a época.

O layout das fases também é digno de menção. Os produtores buscaram criar um design simples e funcional, pois além de fases que são simples retas, temos variedades como a já citada fase da rodovia, outra fase de escalada e muitas outras fases, onde temos que voar em veículos armados até os dentes! De certo, muitas partes nesse jogo são de confrontos com chefes, o que o torna bem recheado de momentos épicos e insanos.

A música nesse game também merece ser elogiada. Todas as composições são ótimas, baseadas em techno trance, o que combina muito bem com a ação caótica que acontece na tela. Efeitos sonoros são bem limpos e cristalinos, exceto por algumas vozes, que ficaram roucas, o que era um padrão no Mega Drive, pois infelizmente o videogame de 16 bits da Sega não permitia a transmissão de vozes nítidas, pelo seu chip sonoro. Mesmo assim, Contra: Hard Corps é um daqueles jogos pra se jogar com o volume no máximo!

Finalizando, se você é fã da franquia ou se simplesmente gosta de um bom jogo de ação e está disposto a encarar um grande desafio, recomendo muito experimentar Contra: Hard Corps. Para os padrões atuais da indústria de jogos, ele pode ser considerado até cruel em alguns momentos; mas, em uma época onde a dificuldade era o padrão em certos jogos e principalmente franquias como Contra, é simplesmente prazeroso você aprender com os erros e avançar, descobrindo na raça como vencer os chefes e etapas mais complicadas desse grande clássico do Mega Drive.

Resumão:

PRÓS:
+ visual estonteante, um dos melhores do Mega Drive;
+ trilha sonora que combina perfeitamente com o jogo;
+ variedade enorme de personagens e fases;
+ vários finais, adicionando um fator replay altíssimo;
+ muito divertido, mesmo com uma dificuldade elevada.

CONTRAS:
– as fases poderiam ser maiores, muitas vezes você entra na fase e ela se resume apenas à um chefe.

Curiosidades:
• Contra: Hard Corps tem o nome de Probotector MD na Europa;
• A versão japonesa traz uma barra de energia e continues infinitos, características que foram retiradas das versões americanas e europeias, tornando Contra: Hard Corps um dos jogos mais difíceis da série;
• No Level 3, ao escalar uma parede, encontrará um personagem misterioso que o desafiará para um combate. Se aceitar, note que o personagem fará os mesmos movimentos de Simon Belmont, personagem principal da série clássica Castlevania, também da Konami.

Final Score: 9.5

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