Análise (Review) de Earthbound

8 de novembro de 2020 1 Por Olivia Marinho
FICHA DO JOGO:
Lançamento: 27 de agosto de 1994
Jogadores: Até 1 jogador
Gênero: RPG, JRPG.
Desenvolvedora: HAL Laboratory, Ape, Inc.
Publicadora: Nintendo
Idiomas disponíveis: Português, Inglês e Japonês.
Plataformas: Super Nintendo, Nintendo Switch, Game Boy Advance, Nintendo DS/3DS, WiiU
Classificação Indicativa: 10 anos
Tempo do jogo: 30 Horas.
Versão do jogo analisada: Versão europeia, para Super Nintendo

ONNET, EAGLETOWN, 19XX.

Sentir o cheiro de comida caseira num churrasco de família talvez seja uma das coisas mais agradáveis que nós como seres humanos aprendemos a amar. O carinho e a “comidinha da mamãe” ficam nos nossos corações. Até que chega o dia em que um mal tão grande que talvez venha a ser a personificação do mal ameaça você, sua família, sua cidade, as pessoas que ama e o resto do universo. O nome desse mal é Giygas e ele precisa ser derrotado. É hora de sair de casa, pegar um bastão de beisebol rachado, seu cartão de crédito e começar a sua jornada.

É nessa atmosfera de coisas nostálgicas e familiares aliadas a uma espécie de horror cósmico que iniciamos nossa jornada no controle de Ness, o protagonista da estória do jogo Earthbound, e os 3 amigos que você conhece ao longo do jogo.

O objetivo de Ness é coletar as melodias de 8 lugares importantes no mundo, chamados de santuários. Cada santuário possui uma forte conexão com as memórias afetivas do protagonista. Essas melodias são o caminho para a derrota de Giygas.

Tela Inicial de Earthbound

Earthbound ou Mother 2 é a sequência de Mother (NES/Famicom), título que não chegou a conhecer terras ocidentais oficialmente, a não ser por meio de traduções feitas por fãs. A série possui também um terceiro jogo, Mother 3 (GBA), que encerra a franquia.

Earthbound também possui uma versão para GBA, no título de Mother 1+2 que contém os dois primeiros títulos da série Mother.

Lançado em 1994 para Super Nintendo / Super Famicom, o jogo não foi um sucesso de vendas no primeiro momento devido ao preço alto e as propagandas estranhas na revista Nintendo Power que não criaram reações tão positivas. Hoje em dia, Earthbound tornou-se um símbolo cult, tendo uma comunidade de fãs muito unida e que até hoje continua produzindo conteúdos e produtos relacionados a franquia.

Tela de título

Mas o que é Earthbound?

Fugindo do mais comum que se pode ver num RPG ou JRPG, Earthbound coloca o jogador no papel de 4 crianças destinadas a salvar o universo das garras extradimensionais de Giygas. Ness, Paula, Jeff e Poo possuem habilidades especiais e jeitos únicos de lidar com as batalhas que surgem ao longo da jogatina.

Tela de escolha de nomes dos personagens e outras informações

Ness, o protagonista do jogo, é um garotinho simples e aventureiro. Ele é capaz de usar habilidades psíquicas e curativas, além da habilidade única PK ROCK ou PK LOVE (a habilidade pode ser nomeada conforme uma coisa que você goste muito. Então é possível nomear a habilidade como PK PIZZA ou PK LIVRO).

Paula, a garota do grupo, possui habilidades psíquicas mais focadas em elementos (fogo, gelo e raio). Sua habilidade única é REZAR. Sim, rezar. Através dessa habilidade é possível atingir efeitos de cura, ataque ou mesmo aleatórios que não fazem nada.

Jeff é um garotinho loiro de baixo nível de força, mas que é o único capaz de usar ferramentas e armas de fogo que ele próprio consegue construir, como uma bazuca. Entretanto, ele é o único que não consegue usar habilidade psíquicas e curativas, ficando dependente dos objetos que carrega.

Poo é um príncipe de um país oriental que possui habilidades psíquicas e curativas. Suas Habilidades únicas são o PK STARSTORM (chuva de meteoros) e MIRROR. A segunda é capaz de fazer com que o personagem se transforme no inimigo com o qual estiver lutando, adquirindo seus status, porém a habilidade é muito difícil de ser usada, devido não funcionar sempre.

Quanto ao inimigo, Giygas, pouco se tem informação sobre o que seja esse ser. Ao longo do tempo é possível coletar informações ainda que muito abertas, mas que não chegam a definir o que quer seja GIYGAS.

Sistema de Combate

As mecânicas do jogo são diretas, como comandos de atacar, defender, usar objetos, usar habilidades especiais, fugir e até mesmo colocar no modo “luta automática” (onde o próprio jogo luta automaticamente, sem comandos). Mas mesmo sendo uma jogabilidade direta, isso não quer dizer que você vai simplesmente atacar os inimigos até que veja que venceu e ouça a musiquinha de vitória.

Menu de batalha

Antes mesmo da batalha começar, caso você chegue por trás de um inimigo, a tela brilha verde e você pode ter o primeiro turno. Agora, se o inimigo se aproximar de você por trás, a tela brilha vermelha e o inimigo pega o primeiro turno.

Um dos pontos mais interessantes do jogo são suas condições de batalha (ailments) que diferem do convencional onde seu personagem fica “congelado”, “lento” e outras coisinhas mais comuns e encontradas mesmo num RPG de mesa. Aqui é possível ficar com status como tontura, envenenamento, “diamantizado” (virar um diamante), possuído por um fantasma, insolação, sono, desconcentrado, resfriado (gripado), chorando, estranho, “cogumelizado”, náusea, paralisia, solidificado e inconsciente. Essas condições variam de complexidade, mas todas podem ser curadas com habilidades curativas ou ao usar um objeto de cura dentro ou fora da batalha.

Se um personagem morre é possível ressuscitá-lo usando habilidades curativas de nível mais alto ou objetos de cura ou que são especificamente para ressuscitar.

Outro ponto no sistema de batalha de Earthbound é o contador de vida que é uma barra que fica rolando os números para cima ou para baixo durante a luta, diferente de outros jogos com contadores de vida mais estáticos. Devido a essa barra rolante, todo dano tomado ou pontos de vida recuperados não fazem os números mudarem imediatamente. Exemplo: se seu personagem está com 200 pontos de vida e leva 200 de dano, a vida vai diminuir aos poucos até chegar a zero, o que pode oferecer à pessoa que está jogando a possibilidade de impedir a morte desse personagem. É possível tomar quantidades de dano absurdas, por vezes, e ainda assim manter alguém vivo.

Conclusão

Apesar da dificuldade muitas vezes desencorajadora que afeta o fator replay, Earthbound é um dos jogos que mais revisito ao longo dos anos. Há uma parte específica do jogo que requer memória ou ler um detonado para poder entender. Essa parte é uma das mais entediantes do jogo e a maior quebra de ritmo também. O que me fez largar o console por uns meses até ter coragem de passar pela fase novamente.

O jogo possui quebras constantes de ritmo como o fator de ter de usar um item específico (telefone) para poder salvar o jogo. Se você esquecer de ir a um telefone o progresso pode ser perdido. Isso acaba tornando a experiência frustrante repetidas vezes.

Contudo, não tenho repetido minha jogatina por vários anos à toa. Earthbound possui quase um cheiro de lasanha feita em casa, uma sensação caseira e feliz que remete a infância alegre. É esse charme colocado ao lado de uma estória muito bem escrita e composta de uma linda trilha sonora, que faz o título possui uma qualidade especial e estar num patamar só seu.

Extras

1. Ness é um personagem de Smash Bros. Ele está presente no jogo desde o primeiro título;

2. Existe uma quarta sequência da série Mother, chamada Oddity, que está sendo realizada há anos por fãs. Não é um lançamento da Nintendo ou do criador da série, mas Shigesato Itoi deu sua “benção” para o grupo que está produzindo;

3. Quase toda trilha sonora de Earthbound foi produzida em sampleys (remixagens) de músicas de grupos musicais famosos como The Beatles e a banda The Beach Boys.

4. O jogo possui uma comunidade bem grande, sendo o Mother Forever e o Starmen.net os sites mais famosos. Existe Também o Earthbound Brasil, site brasileiro de Earthbound.

Pontos positivos e negativos

Positivos:

1. Estória Cativante, devido ao nível de envolvimento que quem joga tem com o mundo do jogo. Após zerar, o jogo fica na cabeça e logo você procura por mais e mais conteúdos relacionados a ele;

2. Sistemas de combate diferenciados, como a barra de vida rolante. Essas mecânicas fazem as lutas do jogo, que são mais da metade da gameplay inteira, não serem cansativas;

3. Duração do Jogo: podendo render boas horas de jogatina devido a momentos em que você precise farmar experiência ou mesmo por causa da exploração e dos diálogos, que sempre são muito divertidos, o jogo pode render dias e mais dias de gameplay.

4. Trilha sonora: o jogo se baseia no sistema de samplear faixas musicais já existentes e remixar ao ponto de gerar algo novo, chega a ser espantoso o que foi feito no sentido sonoro aqui

Primeiro diálogo do jogo com o pai de Ness

Negativos:

1. Inventário com pouco espaço, tornando um desafio rearranjar seus itens antes de grandes batalhas;

2. Compra de itens por unidade. Durante o jogo, não é possível comprar mais de um item por vez. O que torna as compras no jogo bem cansativas e repetitivas;

3. Salvar o jogo pode ser bem chato já que para tal você precisa ir num lugar com telefone, ligar para o seu pai e então salvar o jogo, o que te faz ter que ver o mesmo diálogo de salvamento sempre, também quebrando um pouco do ritmo do jogo.

AVALIAÇÃO:
Jogabilidade: 10
Gráficos: 10
Diversão: 10
Som: 10
Nota Final: 10 / 10

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