Análise (Review) de Hell Let Loose – A Guerra Nunca Foi Tão Real

8 de julho de 2022 2 Por José Daniel

Ficha do Jogo:
Lançamento: 27 de julho de 2021.
Gênero: Tiro em Primeira Pessoa, Guerra, Estratégia, Realista.
Desenvolvedores: Black Matter Pty Ltd.
Publicadora: Team17 Digital.
Plataformas: Playstation 5, Xbox Series X / S e PC- Computador (Microsoft Windows).
Tempo de Jogo: Online (não possui campanha).

Classificação Indicativa: +18 anos.

Apresentação Inicial

Esqueça tudo que você já sabe sobre jogos de guerra e encare Hell Let Loose com mente aberta. A aventura que Hell proporciona faz Battlefield e Call of Duty serem um passeio no parque com a família, em um dia bastante agradável e tranquilo. A premissa do jogo é oferecer uma experiência nunca vista anteriormente nos games de guerra, elevando o realismo ao mais alto nível.

Para quem me conhece, sabe que eu sempre costumo dizer que o videogame é a forma de arte que nos proporciona maior imersão. Filmes podem ser imersivos, livros também, mas jogos e teatro são as que mais nos aproximam da vivência dos personagens. Hell Let Loose nos coloca na pele de um soldado que sofrerá as consequências da guerra na mais pura e fria experiência. Logo de cara, já sentimos a apreensão do que está por vir. Após jogá-lo, nunca mais verá a guerra com os mesmos olhos.

*O game foi jogado no PC através de uma chave cedida gentilmente pela Team17 Digital e todas as screenshots foram tiradas durante o gameplay.

É sempre bom lembrar!

Como o Jogo Funciona?

Uma coisa é certa, é aqui neste tópico que o jogo brilha. A ideia de trazer o realismo absoluto para jogos de guerra pode soar bastante diferente. De maneira geral, o jogo segue a mesma fórmula de sempre de jogos do gênero, mas trabalha de forma distinta em relação ao seu funcionamento. O fato de possuir apenas modo multiplayer pode incomodar alguns (que é o meu caso), já que ficamos reféns de servidores, pessoas jogando e tempo de espera durante as conexões.

Um problema comum.

Em jogo, podemos andar, correr, pular, abaixar, deitar, atirar, utilizar equipamentos, dirigir veículos, nos comunicar com nosso time (essencial), curar aliados, repor provisões, morrer, e morrer, e morrer, e morrer novamente. Apesar de serem mecânicas comuns em jogos de tiro, temos que acrescentar a dificuldade em dominá-las, o que requer bastante paciência (o próprio jogo já alerta isso logo de cara).

A guerra nunca tem sentido.

Antes de ir para a guerra, teremos que escolher a nossa classe. Normalmente, em jogos assim, tanto faz a classe em que você está, já que, no final, você só quer derrotar os inimigos e mostrar quem é que manda. Em Hell Let Loose, a sua classe (função) é de total importância para o bom desenvolvimento em combate. São mais de dez classes e todas com sua função específica, sendo: comando (comandante) e somente disponível após o nível 10, infantaria (oficial, atirador, assalto, atirador automático, médico, suporte, atirador de metralhadora, antitanque e engenheiro), blindado (comandante de tanque e tripulante) e reconhecimento (vigia e franco-atirador).

Esse sou eu! Recruta, mirrado e nem sabe como segurar um rifle.

Customização

Na caserna ou antes de começar a partida, poderemos customizar nosso soldado. Cada facção possui suas próprias características (soviéticos, americanos e alemães). Temos diversas opções de capacetes, cabeças e uniformes. As mudanças são apenas visuais e não impactam no decorrer da partida. Temos uma boa e variada quantidade de itens e irão agradar os que gostam de customizar seu soldado.

Customização.

Modos de Jogo

O game traz dois principais modos de jogo: modo guerra e modo ofensiva. No modo guerra, teremos algo semelhante à conquista. Temos um espaço neutro e temos que dominar o QG inimigo antes que o tempo acabe. Caso o tempo chegue ao fim e nenhuma equipe consiga dominar o espaço, vence aquele que tiver maior número de bases conquistadas. Os setores funcionam como base para o jogador poder aparecer no mapa.

Já o modo ofensivo, temos uma equipe contra a outra. Uma ataca e a outra defende. Nosso principal objetivo é defender ou atacar setores inimigos e, cada setor perdido, não poderá ser recuperado pelo time adversário. A equipe que conseguir defender seu setor por mais de 30 minutos vencerá a batalha.

Menu de seleção de categoria e local de origem no mapa.

Mapa

O mapa será o nosso aliado durante as nossas partidas. Durante o gameplay, não teremos um mapa no HUD e somente poderemos acessá-lo ao estilo clássico, apertando o botão e vendo onde estamos (como se fosse um mapa de verdade). As fases são bastante extensas e surgir muito longe do combate poderá ser bastante frustrante, já que nosso soldado é apenas um homem comum e não uma máquina de guerra. Os QGs, setores e localização dos aliados estão presentes e estarão marcados no mapa e nos localizamos através de uma bússola no centro inferior da tela. Vale lembrar que o jogo possui mais de dez mapas diferentes para batalharmos e torcer para a nossa vitória.

Obs: Estou falando de forma simples para conseguir explicar como funciona, mas não vá pensando que vai ser simples de dominar as mecânicas que o game apresenta.

Dia D (dia D impressionar os coleguinhas).

Equipamentos

O jogo possui uma vasta variedade de equipamentos, desde ferramentas para uso corpo a corpo até seu arsenal (que varia de acordo com a classe que você está). Temos que fazer a manutenção dos nossos suprimentos de batalha usando caixas de suporte (acionado apenas pela classe de suporte) ou o comandante acionar o apoio aéreo para recebermos suprimentos.

Há também ferramentas para a manutenção de veículos e da vida de nossos soldados. Podemos utilizar maçaricos, chave inglesa, martelo e áreas de reparos e reabastecimento de nossos veículos. Para a saúde de nossos soldados, temos a opção de seringas de morfina (precisamos solicitar ao nosso pelotão durante o combate) e será bastante útil, já que a resistência a dano é quase nula. Qualquer tiro poderá ser fatal. Caso não consiga ajuda, o jogador poderá optar por desistir (aperte F para desistir).

Morri.

Ambientação

A ambientação é bastante fiel a cenários de guerra reais, nos passando a sensação de estarmos dentro do cenário de “O Resgate do Soldado Ryan”. A lama dos cenários úmidos e com clima chuvoso, explosões e destroços, cenários em meio a campos abertos, praia, vilas, cemitério de aviões, casas abandonadas. Tudo muito bem-feito e detalhado. A imersão que o ambiente do jogo proporciona é algo bastante único e fazia tempo que não sentia a pressão de estar em meio ao caos da guerra em um jogo.

Casa abandonada.

Problemas e Bugs

Aqui é um ponto delicado que o game apresenta. Em toda a minha experiência no PC, quase não tive encontro com bugs, mas os problemas estão bastante presentes. Antes de mais nada, por ser um jogo só online, já temos um grande problema aqui no Brasil. A grande maioria dos servidores são estrangeiros e, mesmo existindo servidores brasileiros, a imensa esmagadora maioria dos jogadores estão em outros servidores. Por possuir espaço para até 100 jogadores, não é nada divertido jogar em servidores com apenas 15 jogadores. Nas minhas primeiras tentativas de jogo foi quase impossível entrar em um dos servidores. Tentei servidores americanos e, logo no começo da partida, após minutos de espera para conectar, o host da partida me expulsou por ping alto (isso que era menos de 150). Além de conexão perdida diversas vezes, não é nada legal esperar mais de cinco minutos de tentativa de conexão. Isso que Hell Let Loose não é nem de longe o pior jogo nesse aspecto. Seu maior problema é o fato de possuir apenas multiplayer e isso não garante uma longevidade para o game, infelizmente. Até o momento da análise, existem diversos servidores lotados, mas não é uma garantia de que irá conseguir jogá-lo de fato.

Estar na fila é dar um tiro no escuro. Pode ser que dê ou não.

Extras: Trilha sonora e Manual de Campo

A trilha sonora do jogo é basicamente o som ambiente da guerra. É muito caprichado e realmente nos faz sentir em meio a destruição da guerra. Os tiros que passam de raspão são aterrorizantes e até o nosso soldado sente isso. A distância de uma explosão muda completamente a intensidade do som. Cada detalhe foi cuidadosamente pensado para estar ali. Com certeza é o som ambiente mais imersivo que já presenciei em um jogo do gênero.

O manual de campo é basicamente um grande tutorial bem explicado para os jogadores compreenderem a premissa do jogo e como ele funciona. São inúmeras páginas, mas com a síntese do conteúdo, ou seja, não é ruim de se ler. Aprendi muita coisa por ele e foi graças ao manual que eu consegui ir de fato batalhar contra meus inimigos no campo de batalha. A última vez que vi algo bem explicado assim foi em Total War: Warhammer III (que inclusive tem análise feita por mim aqui na Revolution Arena).

Conclusão

Hell Let Loose é um ótimo jogo de guerra e um dos melhores em quesito imersão. O game apresenta uma ótima, mas complexa jogabilidade (nada que não dê para aprender) e trabalha em cima do realismo. Amantes de COD e BF podem e vão sentir dificuldades em dominar Hell Let Loose. Seus gráficos são lindos e complementam a ambientação bastante variada e detalhada que o jogo apresenta. O fato de precisar de comunicação para um bom desempenho de jogo pode incomodar alguns, principalmente os mais solitários (assim como eu). Sua música ambiente é excelente e, obviamente, combina com a atmosfera do game. Apresenta diversos problemas para jogadores BR, mas não é uma exclusividade de Hell Let Loose, já que o game ainda possui muitos jogadores e vários servidores, incluindo servidores brasileiros. Não é um jogo que recomendo para todo mundo, mas para amantes de jogos de guerra, exclusivamente multiplayer, é uma ótima oportunidade de se divertir.

Nota: 8,7/10.

*O game foi jogado através de uma chave cedida gentilmente pela Team17 Digital.

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