Spider-Man: Miles Morales – Análise (Review) – Um novo herói entre nós

Ficha do Jogo:
Lançamento: 12 de novembro de 2020.
Gênero: Ação e aventura.
Desenvolvedores: Insomniac Games.
Publicadora: Sony Interactive Entertainment.
Plataformas: Playstation 4, Playstation 5 e PC – Computador (Microsoft Windows – Versão Remastered).
Tempo de Jogo: 7 a 10 horas. (pode chegar a 20 horas se for fazer o 100%)

Classificação Indicativa: +12.

Apresentação Inicial

Após o sucesso de Marvel’s Spider-Man, já era possível imaginar que surgiriam continuações. Porém, não imaginávamos que seria uma grande DLC. Spider-Man: Miles Morales é uma DLC autônoma com proporções de um jogo novo. Uma história própria, com um foco no desenvolvimento do novo Spider-Man, Miles Morales.

Miles Morales surgiu nas HQs lá em 2011, em Ultimate Fallout do arco Ultimate. Peter Parker faleceu e surgiu um jovem para ser seu substituto. Miles não foi o primeiro substituto de Peter, mas ganhou um destaque especial. Na época, causou uma certa estranheza com os fãs mais ferrenhos do aranha. No entanto, conseguiu um espaço para debater assuntos mais complexos que antes não era o foco do nosso herói cabeça de teia.

Miles é um jovem negro de ascendência hispânica. Filho de um oficial de polícia, Jefferson Davis e Rio Morales, uma professora. Miles Morales é um grande amigo de Peter que, após ser picado por uma aranha, acabou adquirindo super habilidades semelhantes ao seu querido amigo. Miles também é um amigão de Ganke Lee, um nerd otimista que sabe a identidade de Miles como aranha.

A história do nosso novo herói não ficou somente nas HQs. Em 2018, Miles Morales foi o protagonista da incrível animação de Homem-Aranha no Aranhaverso, onde é possível ver a transformação de Miles em herói. Um jovem cheio de medos e receio de ser como o Parker. Por incrível que pareça, as coisas não saem como planejado e acaba se tornando o novo herói de Nova York.

Agora, Miles Morales tem uma expansão completa para mostrar a sua evolução pessoal dentro de uma jornada repleta de grandes poderes e grandes responsabilidades. Miles é carismático e de bom coração. E sabemos que é disso que um verdadeiro herói é feito.

O jogo foi jogado e finalizado 100% no PS4 padrão e todas as screenshots foram tiradas durante o gameplay.

*Muito do dito na análise de Marvel’s Spider-Man servirá para essa. Então apenas focarei nas mudanças para não a tornar repetitiva.

Como o Jogo Funciona?

Por se tratar de uma DLC (eu, particularmente, não gosto muito de entender Miles Morales como uma DLC), o game bebe de praticamente 100% de Marvel’s Spider-Man. Porém, em Miles Morales as coisas são atualizadas de uma maneira muito impressionante em relação ao game original. Continua sendo um game de mundo aberto, crimes e situações esporádicas que nosso herói irá enfrentar, além de uma batalha consigo para entender e conseguir lidar com as suas novas habilidades, responsabilidades e relações sociais como um todo.

Em clima natalino, Nova York está bela e comemorativa. Neve, enfeites, árvores de natal, bonecos de neve e boas festas estão presentes para expressar o sentimento dessa época do ano tão marcante e com estereótipos americanos do evento (inverno, neve, família unída, salvação da humanidade etc). Tudo isso com uma atmosfera agradável, repleta de aprendizado e ensinamentos.

O jogo segue a mesma linha do original no modo de contar a história, dos eventos durante a exploração, coleta de itens pelo cenário e podcasts diários. Dessa vez, tudo adaptado ao universo de Miles e ao entorno de sua história. Miles não gosta do J. Jonah Jameson, então não tem o hábito de ouvir seu programa. No entanto, existe uma nova apresentadora de podcast (podcaster?). Danika Hart, uma jovem universitária que traz em seu programa, o Danikast, uma visão diferente da vista no “Apenas Fatos” de Jameson. Como sabemos, nada melhor que opiniões diferentes para aprimorar o senso crítico.

Sistema de Combate

Não é novidade para ninguém que para ser o Homem-Aranha é preciso muita inteligência, determinação e flexibilidade, e isso, Miles tem de sobra. O sistema de combate funciona como o padrão deixado pelo Spider-Man. É simples, dinâmico e bem fluído. É possível sentir a leveza de Miles durante os combates com inimigos desde os mais simples até os mais elaborados. É somente isso? Cadê as novidades? Bom, se tudo que Miles fizesse fosse exatamente igual ao Peter, não seria um jogo diferente, mas isso não é bem assim.

Como nosso novo herói é um aprendiz, teremos que enfrentar uma onda de amadorismo, mas com muito empenho. Uma das coisas que Miles mais teme é errar e vive perguntando ao Peter como as coisas estão indo. Peter sempre aprendeu da pior forma, então seus ensinamentos a Miles vão muito além de só acrobacias e surfar de teia pela cidade. Assim como Tio Ben sempre foi o guia moral de Peter, Peter passa a ser o de Miles e confia-o a responsabilidade de ser o herói que Nova York precisa.

Com Peter fora da cidade, ele deixa uma série de lições gravadas em hologramas para Miles treinar e desenvolver seus movimentos de forma adequada. Como Peter é seu mentor, suas habilidades já estão bastante evoluídas e diversos movimentos que antes dependiam de upgrades da árvore de habilidades, agora já estão inseridos no personagem, como: malabarismos enquanto surfa pela cidade, ataques aéreos, habilidades avançadas de esquivas, entre outros.

Ao invés do foco que Peter tinha, Miles tem uma barra de Venom. O que é isso? Venom é um poder de energia que Miles possui. Pode canalizar energia e liberá-la em um soco ultrapoderoso, saltos exorbitantes e pode usá-lo para ativar mecanismos elétricos. Além disso, Miles pode ficar invisível e com certeza isso é uma habilidade fantástica para melhorar o stealth presente no game. São ótimas novidades e combinam muito bem com o personagem, tornando-o diferente. E novamente, recebe XP para realizar upgrades e aprimorar seus elementos aracnídeos.

Missões Principais e Secundárias

O game funciona como o anterior nesse aspecto, porém, oferece uma maior exploração em missões secundárias. As missões principais seguem de maneira linear, acontece algo e o Miles tem que ir resolver, alternando entre momentos com as missões e momentos vagos para explorar o mapa.

As missões secundárias estão bem mais presentes em Miles Morales. Será necessário realizar algumas delas para revelar objetivos da missão principal, mas nada muito complexo, apenas oferece uma maior exploração da ambientação e participação de personagens secundários do enredo.

Uma novidade, muito bem-vinda por sinal, é o aplicativo do Homem-Aranha. Ganke Lee desenvolveu um aplicativo para que as pessoas pudessem fazer denúncias de crimes e pedir ajuda para o querido amigo da vizinhança (o segundo, no caso). É possível encontrar diversas missões de civis pedindo ajuda em situações do cotidiano e algumas um pouco mais elaboradas. Poderá resgatar um gatinho em perigo, evitar que um prédio em chamas desabe ou simplesmente tirar uma foto com um fã.

Ainda é possível encontrar itens para coleção. São semelhantes às mochilas de Peter, mas com itens nostálgicos para Miles. Além desses colecionáveis, ainda terão áudios/ruídos para serem identificados em locais específicos que se associam a momentos especiais da vida do herói. Seja um simples som de sino, lembrando momentos em que Miles e família moravam próximos ou momentos marcantes para seu falecido pai.

Junto a isso tudo, temos os registros dos podcasts para que possam ser ouvidos sem perda de conteúdo. Normalmente, os momentos de podcasts são interrompidos quando entramos em ação, então vale a pena ouvi-los quando estiver mais tranquilo na exploração.

Por se tratar de uma expansão/continuação do enredo do game original, não é mais necessário realizar a configuração de torres em departamentos de polícia para desbloquear o mapa. Logo de cara, já temos o mapa completo a nossa disposição. Apenas as missões e objetivos extras que irão surgindo conforme o decorrer do enredo. Tudo acontece de uma forma bem fluída e gostosa de acompanhar, ainda mais se tratando de uma trama com um maior foco no desenvolvimento pessoal do personagem.

O lado bom do clima de natal é que a cidade está totalmente decorada com a data comemorativa. Uma cidade coberta por neve e uma sensação agradável na exploração. Apesar de ser o mesmo mapa do anterior, a cidade teve uma revitalizada. A parte interna dos apartamentos e lojas estão mais densas e variadas. Já era um ponto positivo e agora mais ainda. Novos lugares para explorar, ambientes bem detalhados e diversos itens quebráveis pelo cenário. Tudo de uma qualidade superior, levando o console ao máximo de sua potência.

Árvore de Habilidades

A árvore de habilidades de Miles está bem menor do que a que estávamos acostumados com Peter. A árvore é dividida em três partes, com a adição de habilidades extras que serão desbloqueadas ao realizar os treinos de hologramas que Peter deixou a Miles.

As habilidades de Miles são divididas em: habilidades de combate, habilidades venom e habilidades de camuflagem. Já as de desafios, são divididas em: combate, travessia e furtividade. Totalizando nove eventos de desafios para realizar durante o game.

Trajes e Equipamentos

Uma das melhores coisas que Marvel’s Spider-Man trouxe (na minha humilde opinião) e repassou para o Miles Morales, foram os trajes e equipamentos. Miles possui vários trajes e cada um com sua respectiva habilidade especial. São muito bonitos e bem diversos, indo desde trajes comuns até trajes de filmes, HQs e eventos do próprio game. Novamente, é possível utilizar um traje e a habilidade de outro, sem ficar refém de usar um modelo específico para utilizar tal melhoria.

Uma novidade, muito bem-vinda por sinal, foi a opção de melhorias para o traje e para o visor da máscara. Ok, mas qual a diferença? Bom, as melhorias de visor podem auxiliar na marcação de inimigos para saber a sua localização e ajudar no combate em modo furtivo. Já as do traje, são úteis para aprimorar a armadura, redução de danos e maior absorção de energia, sendo assim, facilitando o desenvolvimento do combate. Como de costume, muito fluído e com a leveza do personagem sendo passada para o controle. É impressionante como é possível sentir que Miles e Peter são bem mais leves que o Batman em Arkham.

Além de todas essas funções, ainda é possível desbloquear dispositivos e melhorias. Nosso inventário de dispositivos possui quatro slots para dispositivos. São eles: lançadores de teias (solta teia), holodrone (cria hologramas que auxiliam em batalha), poço gravitacional (funciona como uma espécie de buraco negro e suga os inimigos para um ponto específico) e mina remota (libera um choque que pode atordoar ou nocautear inimigos ao acionada).

Outro fator importante e que vale a pena lembrar, é que existem diversas reservas do Underground espalhadas pela cidade. Cada reserva possui um ponto de fabricação que será utilizado para fazer upgrades nos dispositivos, trajes e equipamentos.

Modo foto

Um dos meus modos favoritos em jogos, é o modo foto. Ah, mas é tão legal assim? Bom, boa parte das screenshots presentes nessa análise foram tiradas utilizando o modo foto, então, não há como negar. Dessa vez, além das molduras originais, foram adicionadas novas e novos mecanismos. Agora é possível configurar a iluminação das fotos em uma aba específica para iluminação, deixando o trabalho ainda mais profissional. Os adesivos e funções extras de filtros, posicionamento de câmera, ocultação de personagens e clima também estão presentes (eu gasto um bom tempo nessas funções quando o game apresenta tantos recursos assim. Ah e vale lembrar que nenhuma foto presente na análise foi editada, mas sim, representam como o game é).

Rede Social e Perfil de Personagens (banco de dados)

A rede social de Spider-Man foi atualizada! Uma repaginada no visual da rede social, assim como nas interfaces do jogo, foi uma sacada muito boa. O visual está bem agradável e muito fácil de mexer. Com atualizações diárias dos feitos do herói, a sociedade de Nova York está bem ativa online. A aceitação do novo aranha veio mais rápido do que se possa imaginar. Vale lembrar que, ao final do game, caso role o feed da rede social até a última mensagem, é concedido um troféu bem bacaninha. De @NYCWallCrawler para @BKLYNSpider42.

Como já é uma prática comum em jogos do estilo, Spider-Man: Miles Morales também conta com o perfil dos personagens, contando um pouco de cada um e acrescentando detalhes para um maior entendimento do enredo (nesse caso, não é complexo entender, mas é válido mesmo assim). Um banco de dados com o básico de cada um já ajuda àqueles que não conhecem nada da história de Miles Morales.

Problemas e Bugs

Aqui vai uma parte que não me agrada. A grande maioria dos problemas de Marvel’s Spider-Man vieram para Spider-Man: Miles Morales. Porém, Miles Morales foi além e conseguiu trazer alguns problemas extras. Além dos já conhecidos problemas com áudio, que por mais que tenham sido minimizados em Miles Morales, ainda estão presentes. Personagens que a inteligência artificial desliga, que travam em diversos locais, um delay de renderização bem grande no PS4 padrão. O game ainda apresenta travamentos no inventário e pode acontecer de não reconhecer o comando para trocar equipamentos. Como assim? Por sorte tenho diversos registros fotográficos desses acontecimentos. Quando você seleciona o menu do inventário, ele fica em câmera lenta para que você possa escolher o item desejado e voltar a jogar normalmente. Porém, diversas vezes, a interface do inventário ficava travada na tela e tudo em câmera lenta, me forçando a reiniciar o checkpoint e em uma vez em específico, precisei até reiniciar o game.

Outro ponto que acabou pecando bastante, foi que, em algumas situações, os personagens entraram em paredes, carros e lugares que não havia como acessar, impedindo que eu os finalizasse e novamente tendo que acionar o checkpoint ou recomeçar uma missão do zero. O lado positivo foi que 99% desses momentos foram em missões secundárias ou que não resultavam em uma perda muito grande. Também ocorre de objetos sumirem e aparecerem do nada. Alguns momentos, nem sequer aparecem.

Um pequeno “defeito de fabricação” de Miles Morales, que não me lembro de ter tido problema em Marvel’s Spider-Man, foi com o posicionamento péssimo da câmera em alguns momentos, que acabam dificultando a visão de certos inimigos e podendo até ocultá-los (você fica socando o inimigo no canto da tela igual nos antigos Streets of Rage…clique aqui para ir para a análise de Streets of Rage 3).

Extras: Viagem Rápida, Trilha Sonora e Dublagem

Viagem rápida em Marvel’s Spider-Man era algo legal de se realizar e em Miles Morales, continua sendo. Novas cinemáticas nas telas de carregamento foram adicionadas e estão muito boas. Muita coisa foi adaptada para o universo de Miles e até podemos “ver” o Miles invisível dentro do metrô. Por mais que seja algo simples, é um detalhe que contribui significativamente para a imersão do jogador na rotina de aranha. Os carregamentos, no geral, estão bem mais rápidos no PS4 e são praticamente instantâneos no PS5.

A trilha sonora foi adaptada para o estilo Miles de ser. Desde a trilha orquestral enquanto surfa pela cidade até os momentos mais tranquilos e animados com um jazz e rap. A vibe que a trilha sonora do game passa é uma sensação única dentro desse universo. (Acesse @mrsuperfanmr no Instagram para saber mais sobre as trilhas dos games no Mr.Soundtrack)

O game apresenta dublagem em português do Brasil, assim como o anterior. As vozes são ótimas, tanto em inglês quanto em português. A única reclamação nesse ponto, é que houve uma alteração na voz brasileira do J. Jonah Jameson e, para mim, totalmente algo pessoal nessa parte, não agradou tanto como a anterior (essas alterações podem ocorrer por diversos motivos, então, em sua maioria, são justificáveis).

Atenção aos Detalhes

Deixei esse tópico para o final da análise para não perder o foco. Miles Morales tem uma atenção aos mínimos detalhes de uma forma que não teria como eu deixar de mencionar. Então separei uma série de imagens para mostrar o quão bem detalhado o game é.

Outro detalhe impressionante que foi adicionado é quando Miles erra os movimentos no ar. Ao realizar um movimento errado, seja uma acrobacia ou soltar teia na hora errada, Miles falha e cai no chão. Fiz o registro de diversos momentos em que eu calculei errado e cai. Inclusive, deixei minha marca de queda registrada na neve.

Conclusão

Spider-Man: Miles Morales é praticamente um jogo novo, mas como uma extensão do Marvel’s Spider-Man. Possui suas próprias características e são muito bem adaptadas para a proposta do game. Miles Morales é um personagem muito carismático e não demora muito para cair no agrado popular. Apesar de um enredo simples, por possuir um foco maior no desenvolvimento do personagem, não estraga em nada. Cumpre com a finalidade de divertir, entreter e até emocionar em um momento ou outro. Novas mecânicas adicionadas e aprimoradas para o novo personagem e até mesmo para a nova geração de consoles. Peca nos problemas e nos bugs, que podem atrapalhar em algum momento, mas dentro de um padrão de evolução bem significativo para as novas gerações. Sem dúvidas é um game que vale a pena ser jogado. A atenção aos detalhes é um ponto fortíssimo que o game apresenta e é esse o padrão que a indústria merece. O Ponto mais baixo que o game traz é o seu preço. Um valor muito elevado, ainda mais se tratando de uma expansão do anterior. Mesmo que seja um jogo autônomo, é muito alto o valor de R$250,00. É possível encontrar em algumas lojas, na faixa dos R$150,00, sendo um valor mais aceitável para o que o game oferece. O ideal é esperar uma promoção, mas no final das contas, é um jogo que vale a pena ter na coleção e merece ser jogado ao menos uma vez. Serve tanto para os fãs de carteirinha do herói (assim como eu) e para novos fãs.

Nota: 9,6/10.

*Nota realizada através dos fatores jogabilidade, enredo, bugs, trilha sonora/ambientação e fator diversão.

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