Análise (Review) de Resident Evil 4 Remake – A Versão Definitiva de Resident Evil 4

Análise (Review) de Resident Evil 4 Remake – A Versão Definitiva de Resident Evil 4

11 de abril de 2023 Off Por José Daniel

Ficha do Jogo:
Lançamento: 24 de março de 2023.
Jogadores: Um jogador.
Gênero: Survival Horror, Ação e Aventura, Tiro em Terceira Pessoa.
Desenvolvedora: Capcom.
Publicadora: Capcom, Capcom U.S.A.
Idiomas disponíveis: Português (Brasil), Inglês, Francês, Italiano, Alemão, Japonês, Russo, Árabe, Coreano, Chinês (Tradicional e Simplificado) e Espanhol (Espanha), Espanhol (América Latina).
Plataformas: Playstation 5, Playstation 4, Xbox Series X|S, PC – Computador (Microsoft Windows).
Tempo do jogo: 15 horas (40 horas, caso tente os 100%).
Versão do jogo analisada: Versão americana para Computador.

Classificação Indicativa: +18 anos.

Clique aqui para conferir o DETONADO COMPLETO (GUIA, PASSO A PASSO) do jogo Resident Evil 4 Remake!

Apresentação Inicial

Resident Evil 4 surgiu, originalmente, em 2005, causando um tremendo abalo na indústria de games. Amado por muitos e idolatrado por outros, RE4 acabou envelhecendo mal em diversos aspectos de sua jogabilidade, movimentação e ambientação. Desse modo, nada mais justo do que receber um Remake de respeito, assim como Resident Evil 2 acabou recebendo, trazendo as melhorias vistas em Resident Evil VII.

Apesar da repaginada visual e de mecânicas, Resident Evil 4 Remake mantém toda a essência do original, ao mesmo tempo em que apresenta uma reimaginação (positiva) da atmosfera presente no game de 2005. Aquele mix de Silent Hill 2 e Devil May Cry já não estará tão presente, deixando-o ainda mais com cara de Resident Evil. Dito isso, acredito que será uma experiência interessante para a análise ver as mudanças que o game trouxe para os fãs e novos jogadores. Para conferir a análise de Resident Evil 4 original, feita pelo nosso redator Rafael Castillo para acompanhar as diferenças no remake, basta clicar aqui.

*O jogo foi jogado em um computador que atende aos requisitos e todas as screenshots foram tiradas durante o gameplay (Obrigado Joneez pela cópia do jogo e pelo auxílio na produção da análise).

Enredo

Após os acontecimentos de Resident Evil 2, Leon Scott Kennedy deixou de ser policial e passou, compulsoriamente, a integrar a segurança privada do governo em um projeto ultrassecreto. Leon teve que enfrentar um treinamento pesado para que pudesse estar preparado para sua nova missão, na qual foi escalado para trabalhar para o presidente dos Estados Unidos.

Leon S. Kennedy.
Vilarejo na Espanha.

A filha do presidente foi sequestrada e foi parar nas mãos de lunáticos em um culto secreto no interior da Espanha e, para a sorte dela, Leon foi o selecionado para realizar o resgate. Enquanto a procura, Leon terá que enfrentar o culto e descobrir o que aconteceu com os habitantes do vilarejo.

Como o Jogo Funciona?

Não hesitarei em dizer o quanto o jogo melhorou em relação ao original, mas não deixarei de criticá-lo se necessário. Quanto ao jogo original, durante toda a minha vida o joguei, porém, nunca havia finalizado para valer, já que a jogabilidade me desagradava imensamente. Felizmente, após finalizar o original e o remake, posso dizer com propriedade o quanto as mudanças foram significativas para se tornar a versão definitiva de Resident Evil 4.

As principais mudanças na jogabilidade estão atreladas a forma em que controlamos o protagonista. Ao invés de pararmos para atirar, recarregar e utilizar itens, podemos fazer tudo isso com o Leon se movimentando, ou seja, podemos andar e atirar, andar e recarregar, tornando a experiência mais dinâmica e fluída. Além disso, os movimentos estão bem mais plásticos, então não parece que controlamos o personagem de forma robótica. É a melhor jogabilidade de toda a franquia até agora. Devido às mudanças na jogabilidade, o jogo está com uma dificuldade bastante elevada, então procure jogar na dificuldade padrão, caso não queira uma experiência ruim com o game ou não busque um desafio a mais.

Nada melhor que ter total controle da câmera e da movimentação.

Ainda podemos pular obstáculos e utilizar a faca. No entanto, o modo de utilização da faca sofreu algumas modificações importantes. A faca possui uma “barra de vida”, ou seja, quando ela se esgotar, a faca quebra e não poderá mais ser utilizada ou, dependendo da faca que estivermos utilizando, poderemos consertá-la. É importante lembrar que agora poderemos aparar ataques de inimigos com a faca, incluindo os do Dr. Salvador. Essa é uma adição mais que bem-vinda para aumentar a qualidade do fator gameplay.

Muitos fãs pediram um modo de matar os inimigos sem ser visto, com a utilização do modo stealth (furtividade). Como a Capcom precisava acertar no remake de Resident Evil 4, após o fiasco de Resident Evil 3 Remake, ela atendeu aos pedidos dos fãs. Agora é possível atacar os inimigos com a faca sem ser visto e passar despercebido por algumas situações mais perigosas. Não é nada comparado a um agente 47, em Hitman, porém é uma novidade bastante agradável.

Os caixotes que Leon pode quebrar poderão ser quebrados com a faca ou, mais indicado, quebrar no chute. Essa foi uma adição bem bacana se pensarmos que agora nossas facas possuem tempo de uso. As caixas possuem um símbolo amarelo para indicar que são quebráveis, assim como em Resident Evil VII em diante, porém muitos não as viram com bons olhos. Eu, particularmente, não vi problema quanto a isso.

Quebre-as como preferir.

Maleta e Pingentes

A maleta está de volta e de uma forma espetacular. Houveram poucas mudanças, mas as que surgiram foram boas o suficiente para agradar de mais e desagradar de menos. Para quem não gostava de ter que ficar organizando a maleta na versão original, seus problemas estão solucionados. O jogo permite a organização automática da maleta, mas ainda mantém as opções originais a seu dispor. Ou seja, se o jogador preferir organizar sozinho, ele ainda poderá com tranquilidade. Outra adição importante é os atalhos de armas, já que não precisamos ficar entrando na maleta toda hora para equipar os equipamentos e armas.

Os pingentes na maleta são chaveiros que podemos pendurar na maleta para conceder algum benefício durante o gameplay. Para consegui-los será necessário brincar no estande de tiro do mercador e conseguir ótimas pontuações, para assim, conquistar fichas e trocar em uma “máquina de recompensas”. A versão de pré-venda do jogo oferece alguns chaveiros para utilizar também, mas nada que não consigamos jogando e sendo bom.

Maleta e pingente.

Fabricação de Armas e Equipamentos

Uma novidade muito bem-vinda é a inclusão do modo de fabricação de armas e equipamentos que já havíamos visto anteriormente na série. Como a munição poderá ser bem escassa, poderemos encontrar recursos que servirão para a fabricação de munição. Para podermos fabricar itens mais bem elaborados, será necessário possuir a receita. Elas são vendidas pelo mercador e ele sempre avisa quando tem algo novo em sua loja. Granadas e virotes também podem ser fabricados, além da fabricação de explosivos para utilizar nos virotes para a besta/balestra.

Fabricação de recursos.

Mercador e Estande de Tiro

O mercador está de volta e melhor do que nunca. Muita gente pode não gostar do quão tagarela ele está nessa versão, mas, se tem uma coisa que ninguém pode falar, é que deixou o jogo ruim. Agora, além de nos permitir comprar, vender, melhorar nossas armas, ele também aceita trocas. Como assim? Lembra das famosas “Spinnels” que encontrávamos no jogo original? Então, agora elas são trocáveis. Alguns itens só podem ser obtidos se trocarmos as Espinelas (como o jogo chama), ou seja, sem elas, não tem choro.

Olá, estranho!
Opções de troca.

Além disso, temos missões opcionais para receber uma grana extra do mercador. O sistema é o mesmo dos medalhões azuis que precisávamos quebrar no game de 2005, porém, dividido em várias outras missões. São missões simples de se realizar e com um retorno bacana. Alguns poderão achar frescura fazer esse tipo de missão, mas agrega valor ao progresso que fazemos durante a campanha e complementa na variedade de objetivos para não ficar tão monótono e linear.

Uma missão de eliminação de cão selvagem.

O estande de tiro está de volta, no entanto, completamente repaginado. Ao invés de ser aquela coisa tosca de ter um fundo com uma imagem borrada da vila e atirar em Ganados de madeira, temos uma sala tematizada de navio pirata, onde atiramos em marinheiros e, para não ficar tão monótono, alguns marinheiros especiais que concedem maiores pontos. Teremos alguns contratos com informações sobre pontuação e recompensa e cada uma com uma arma diferente. Ao completar os objetivos, receberemos fichas para trocarmos em pingentes para a maleta. As fichas comuns, azuis, concedem os pingentes. Já as amarelas, podem ajudar a conceder prêmios melhores na “máquina de prêmios”.

Navio pirata no estande de tiro.

Tesouros e Itens Valiosos

Os tesouros e itens valiosos também estão de volta. Entretanto, com algumas diferenças significativas e, novamente, muito bem-vindas. A principal novidade nesse quesito é a possibilidade de acoplar diversos tipos de joias na peça de tesouro que encontramos. Anteriormente isso era possível, mas restrito a um tipo de joia. Para deixá-la mais valiosa, basta colocar joias diferentes e com diferentes valores. Vale lembrar que as coisas na loja estão mais caras que de costume, então sempre busque por tesouros.

Tinha mais peças valiosas, mas eu meio que vendi tudo.

Mudanças na Ashley

Um tópico bastante importante para o Remake. Quem jogou o original sabe o quanto é sofrido ter a Ashley nos acompanhando e gritando, incansavelmente, com sua voz estridente: “LEON, HELP!”. O Remake está de parabéns no quesito “tornar uma personagem chata em algo útil”, uma vez que, o objetivo dos Ganados é sequestrá-la e não matá-la. Ashley será perseguida como se tivesse uma mira gigantesca em cima dela e o Leon não existisse (apesar de ser assassinado constantemente pelos inimigos enquanto tenta salvar a personagem). O lado bom é que ela não morrerá com tanta frequência, o lado ruim é que você vai.

Ashley remodelada visual e mecanicamente.

Ambientação e Atmosfera

Desde o surgimento do jogo original lá em 2005, uma das coisas que mais chamavam a atenção dos adolescentes de plantão, era a atmosfera macabra que Resident Evil 4 trazia, algo bem diferente do que estávamos acostumados até então. Era visível a semelhança com a atmosfera de Silent Hill 2, mas de alguma forma, ainda trazia algo novo. Uma sensação única. O remake conseguiu, não só trazer aquele sentimento novamente, como deixou as coisas ainda mais densas e repleta de calafrios.

O que será que está por aqui?

Os cenários são os mesmos, porém, felizmente, reimaginados. Você sabe por onde está passando, mas percebe que não é exatamente igual. O nível de detalhes nos cenários é de deixar qualquer fã boquiaberto. Lembra de como era andar na chuva? Então, agora ficamos sujos de lama, ensopados, com aquela sensação de “preciso de um banho, urgente!”, ou andar pela vila sem saber o que esperar. Tudo milimetricamente pensado para causar uma sensação de imersão ainda maior. Entrou na “bolha” do Resident Evil VII de cabeça, mantendo a essência de Resident Evil sem deixar de ter suas inspirações.

Bem-vindo de volta!
Rolê no bingo.

Violência

Brutalidade, desmembramento e visceralidades é o que se espera de um jogo de survival horror, certo? Em 2005 não tínhamos exatamente isso, mas em 2023, a coisa muda para valer. A violência presente em Resident Evil 4 Remake é, de certo ponto, até mesmo chocante. Apesar de podermos optar por situações menos explícitas no menu de configuração, para àqueles que desejam deixar a atmosfera ainda mais “macabra”, a violência explícita é um prato cheio. Cabeças estouradas, membros totalmente destruídos, entre outras informações mais pesadas estão totalmente presentes nessa jornada repaginada.

Banho de sangue.

Principais Mudanças e Trocas

Para a confirmação de que o Remake é a versão definitiva de se jogar Resident Evil 4, tivemos algumas mudanças significativas durante o gameplay, mas que não afetam a essência do enredo. Para uma adaptação adequada da nova versão, algumas coisas foram removidas, como a perseguição da estátua, porém, outras coisas vieram no lugar e ocuparam melhor o espaço deixado. Além da remoção do inimigo U-3 (que estará presente em Separate Ways), o Regenerator também sofreu uma modificação em seu modo de finalização. De modo geral, os acréscimos e as trocas foram necessárias para uma maior imersão ludonarrativa, uma vez que, algumas dessas coisas quebravam a imersão do jogo, fugindo de seu conteúdo principal.

Não tem para onde correr.

Problemas e Bugs

Por mais que até agora tenha sido somente elogios, é aqui que a coisa complica para o lado do jogo (mas nem tanto). Em relação a otimização, de fato, o jogo oferece inúmeras opções de configurações para a versão de computador, favorecendo o fator otimização. No geral, apresentou pequenos travamentos e quedas de quadros, além de delay de renderização em diversos momentos. Nada muito exagerado ou que atrapalhasse. Já no quesito bugs, aqui é onde temos um problema maior. Consegui registrar alguns problemas em vídeo e pode ser chocante em alguns aspectos. A igreja conseguiu desaparecer em determinado momento, Ashley bugou completamente e não conseguia se mover sem se arrastar e piscar após o resgate, inimigos sumindo e aparecendo do nada. É um show de bugs, mas em situações pontuais. Ou seja, nada que atrapalhasse o andamento do jogo (com exceção do bug da Ashley que quase me fez reiniciar o jogo, mas foi só morrer que voltou a funcionar).

Ashley enfiada no chão.

Extras: Trilha Sonora, Dublagem e Modo Mercenários

A trilha sonora, como as outras partes do jogo, também passou por uma remodelagem. Continua mantendo a essência do original, mas com a sonoridade adaptada para a atmosfera atual. Sim, até mesmo o som da máquina de escrever é o mesmo, porém, mais atmosférico. A qualidade dos chips de áudio da atualidade também contribui para essa melhora significativa de som. Os efeitos sonoros gerais continuam excepcionais e jogar com fones de ouvido é uma experiência encantadora.

Felizmente o jogo apresenta legendas e dublagem em português do Brasil. No geral, ela é ótima, mas pode ser um pouco estranho no começo, já que só tínhamos dublagem do Leon em animações. Felipe Grinnan (Drake em Drake e Josh), é o responsável por emprestar a voz ao Leon em português, assim como já havia feito anteriormente em algumas animações. A voz que gera maior estranheza e que não combinou foi a do Krauser, perdendo muito da qualidade geral do personagem. Os Ganados possuem áudio original em espanhol, mantendo a qualidade dos gritos e falas de cada um. Então é possível encontrar um “Voi a matar”, “Un forastero!”, “Detrás de ti, imbecile”.

O modo mercenários está de volta em forma de DLC, assim como será o caso da campanha separada de Ada, a Separate Ways. O modo consiste em sobreviver à hordas de inimigos enquanto corre o tempo. É um modo bastante divertido desde o original e que retorna em sua melhor forma. É mais do mesmo, mas mais caprichado, mais robusto.

Imagem de divulgação de The Mercenaries.

Conclusão

Resident Evil 4 Remake já está na minha lista de referências de remakes, já que conseguiu superar o original (uma tarefa nada fácil). Gráficos lindíssimos e bem detalhados, mesmo não sendo nova geração, cenários reimaginados, mas mantendo as características originais, inimigos melhores desenvolvidos e uma dublagem em português muito boa. Trilha sonora repaginada e efeitos sonoros agradáveis, complementando a atmosfera nova que o game apresenta sem perder a qualidade. Os objetivos secundários apresentados pelo mercador é uma inovação bastante bem-vinda, juntamente com a habilidade de aparar ataques inimigos ou abatê-los em stealth. O jogo está bem otimizado em sua versão PC, mas não deixa de possuir alguns bugs bem chatinhos (mais até que o original). No entanto, os feitos de Resident Evil 4 Remake são tantos que faz ser a versão definitiva de se jogar Resident Evil 4. É um título obrigatório para todos os fãs da franquia, principalmente do quarto título e é uma ótima porta de entrada de novos jogadores para a tão consolidada saga de Resident Evil.

Pontos Positivos

  • Jogabilidade nova
  • Melhorias na gameplay e adição de recursos
  • Adição de objetivos secundários
  • Mecânica repaginada de tiro ao alvo
  • Remoção ou troca de partes ruins do jogo original
  • Melhoria na IA da Ashley

Pontos Negativos

  • Alguns bugs inconvenientes
  • Dificuldade elevada

Avaliação:
Gráficos: 10.0
Diversão: 10.0
Jogabilidade: 10.0
Trilha Sonora e Efeitos Sonoros: 10.0
Performance e Otimização: 8.0
NOTA FINAL: 9.6 / 10.0

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*Atualizado em 19/04/2023.

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