Análise de Grand Theft Auto IV – Amado, Odiado e Grandioso. Niko, Vamos Jogar Boliche?

30 de outubro de 2021 6 Por José Daniel

Ficha do Jogo:
Lançamento: 28 de abril de 2008.
Gênero: Terceira pessoa, Mundo aberto e Ação.
Desenvolvedores: Rockstar North.
Publicadora: Rockstar Games.
Plataformas: Playstation 3, Xbox 360, Xbox One (via retrocompatibilidade) e PC – Computador (Microsoft Windows).
Tempo de Jogo: 27 horas (mais de 70 horas caso tente os 100%).

Classificação Indicativa: +18.

Apresentação Inicial

Após muitos anos de estrada, a série Grand Theft Auto estava consagrada. O ano era 2008 e finalmente teríamos a tão aguardada continuação das aventuras em Liberty City, totalmente repaginada para a nova geração de consoles da época. Um mundo todo repaginado e mais vivo. Uma cidade densa nunca vista anteriormente em toda a saga. A Rockstar sempre mostrou não estar para brincadeira com suas franquias, porém, em Grand Theft Auto, é nítido um capricho especial.

Apesar de uma mudança significativa em relação aos antecessores, o game não chega a ser revolucionário. No entanto, conseguiu superar as 501 mil cópias vendidas (em cinco dias) de San Andreas, tendo vendido 926 mil cópias nos mesmos cinco dias, somente no Reino Unido. Claramente um sucesso comercial, mas o que será que os fãs acharam do game? Bom, posso adiantar que, mesmo com todo esse sucesso nas vendas, o game é amado por uns, mas não agradou outros, pela pegada mais séria e um clima mais tenso apresentado. Isso é ruim? Acredito ser uma questão particular de cada um, mas a qualidade que GTA IV tem é indiscutível e as críticas foram bem favoráveis à essa continuação.

*O game foi jogado e finalizado na versão PC e todas as screenshots foram tiradas durante o gameplay (A versão de PS3 também foi jogada).

Welcome to Liberty City!

Enredo

Assumimos Niko Bellic, um veterano de guerra, do Leste Europeu, que decide tentar a vida na América. Seu primo, Roman Bellic, mora em Liberty City e diz estar vivendo o sonho americano. Muito dinheiro, luxo e sucesso. A América é o lugar onde seus sonhos se realizam. Entretanto, nem tudo é o que parece. Assim como diz o velho ditado: “Nem tudo que reluz é ouro”.

Hey, Niko!
Platypus (O bendito navio).

Niko descobre que o homem que traiu a sua unidade no Exército há 15 anos está na América e decide ir para lá (Até porque, seu primo já estava tendo muito sucesso por lá). Assim, Niko embarca em um navio direto para a América. Ao chegar, percebe que as coisas que Roman falava, eram tudo mentira. Roman Bellic é dono de uma companhia de táxi que está indo de mal a pior, cheio de dívidas com agiotas e mora em um apartamento horrível, ao invés de uma bela mansão.

Quando tudo já parece não estar nos eixos, acabam envolvidos com a máfia russa e algumas coisas do passado de Niko começam a ressurgir. Niko Bellic precisará entrar para a vida do crime para poder se livrar dela. Faz o que é mandado sem questionar e executa com maestria. Porém, como tudo na vida, nada é de graça e sempre temos que pagar um preço pelas nossas escolhas. Mesmo Niko não sendo do mal e tendo bom caráter, acaba fazendo coisas que não condizem com suas crenças para poder salvar a sua pele e a de seu primo.

Diga olá para o meu amiguinho!
Niko.

Como o Jogo Funciona?

Grand Theft Auto IV é um jogo de mundo aberto em terceira pessoa, mantendo o padrão que a franquia estabelece desde GTA III. Apesar de não seguir exatamente a mesma linha de seus antecessores em todos os aspectos, o game apresentou novidades que deixaram seu universo mais rico, mesmo que ainda não seja o mais completo. Muitas coisas das que estávamos acostumados em Grand Theft Auto: San Andreas (clique aqui para ir para a análise de San Andreas), foram removidas e outras acrescentadas.

Niko pode andar, correr, pular, socar, atirar, dirigir, atirar enquanto dirige, pilotar diversos tipos de veículos, nadar, comer, beber, ficar de cover (se proteger dos tiros ficando escondido atrás de algum objeto), jogar sinuca, jogar boliche, jogar dardos, navegar na internet (na Lan House), namorar, sair com os amigos, desde sair para beber até convidá-los para participar com a gente de mini games (sinuca, boliche, etc), fazer passeios de helicóptero, ser vigilante, assistir shows de Stand-Up, ir a bares, restaurantes, boates de striptease e jogar em arcade. Não é possível ser paramédico, bombeiro ou fazer entregas e ser cafetão. As missões de táxi ainda existem, mas não seguem exatamente a mesma linha de GTA: SA.

O sistema estilo RPG de San Andreas foi removido. Niko não pode ficar magro, gordo, musculoso, cortar o cabelo, fazer tatuagem ou coisas do tipo. Por possuir um enredo mais sério e uma pegada mais de altos e baixos na vida, a parte mais “zoeira” que tínhamos, não está tão presente. Isso não é de todo ruim, já que algumas das adições preenchem o vazio das funções removidas. No final das contas, por mais que não seja de fato ruim, pesou muito na avaliação dos fãs.

Ps: O game não apresenta legendas em português e a tradução das legendas vista nas imagens foram feitas por fãs.

A estátua da liberdade (do café).

Mapa

Liberty City é uma versão fictícia de Nova York, presente no estado de State of Liberty (ou Liberty State). O Liberty State é formado por Liberty City (GTA III, IV e Stories), The Carraways (parte excluída da versão final de GTA IV), Upstate Liberty (parte inacessível de GTA III) e possivelmente Carcer City (Manhunt).

Em relação aos mapas anteriores, GTA IV não teve um foco no tamanho, mas sim, na qualidade e imersão do jogador durante o gameplay. É uma cidade bem populosa, movimentada e com o mapa ligado em três partes (contando com a ilha de Alderney, baseada em Nova Jersey) e quatro distritos: Bohan (equivalente ao Bronx), Algonquin (baseado em Manhattan), Dukes (baseado no Queens) e Broker (baseado no Brooklyn). Cada um desses distritos são distintos entre si em praticamente todos os aspectos, indo desde de o social até o econômico, mantendo a semelhança com a vida real (e lembra bastante o que foi feito anteriormente em Yakuza). Cada rua e bairros possuem uma variação dos nomes reais. É uma viagem completa por Nova York, mas ao estilo GTA.

Alderney City e Liberty City respectivamente.

Exploração e Mundo Aberto

A Rockstar é (ou costumava ser) muito detalhista em relação aos seus lançamentos da saga GTA. Cada mundo aberto tinha seu estilo e características próprias que tornam tudo muito único para cada experiência nova. Com Grand Theft Auto IV, isso não foi diferente e trouxe um realismo muito maior do que já estávamos acostumados para a época.

Rolê no parque.
NPC comprando besteira.

Liberty City era a cidade mais viva até então. A cidade grande funciona como uma cidade grande. Trânsito lotado (ocasionando até acidentes), pedestres vivos, (com falas, interações entre si). Você pode estar andando próximo à um hotel e encontrar pessoas fumando na calçada, mexendo no celular, pessoas em bancas de jornais ou em barraquinhas de comida comprando um cachorro quente. Uma imersão sem igual para os padrões de GTA (maior até do que a de GTA V na geração PS3 e X360).

Quer sair colocando o caos na cidade? Pense bem, já que será tudo registrado pelos cidadãos e eventualmente o denunciarão para as autoridades. Quando a polícia chegar, não tem dessa de sair atirando. Caso esteja armado, você terá a chance de se render (ou a chuva de balas irá começar sem dó nem piedade). Ande armado e será parado pela polícia, possibilitando ocultar a arma para evitar a guerra (ou atire em todos e comece o caos).

Policial me dando a oportunidade de levar um tiro.

A polícia em GTA IV pode ser mais agressiva que a de seus antecessores. Mesmo que de forma gradativa (policiais, helicópteros, SWAT), teremos uma boa dificuldade para tirar a polícia da nossa cola. Deseja fugir roubando um novo carro? Todos saberão que roubou um novo carro. Corra, corra mais rápido e saia da zona de busca da polícia, mas se for visto por algum policial ou passar por alguma viatura, terá que correr ainda mais.

Forças especiais.

Lugares para ir

Cansou de fugir da polícia e quer ter uma vida comum? Há diversos lugares para se visitar em Liberty City (ou nem tanto assim) e o melhor de tudo é que não teremos telas de carregamento durante a exploração. Quer comer um lanche no Burger Shot? Que tal um balde de frango frito na Cluckin’ Bell? Bom, fique à vontade, entre no estabelecimento e faça seu pedido sem ser interrompido por telas de carregamentos ou cutscenes indesejadas.

Burger Shot.
Cluckin’ Bell.

Restaurantes e bares estarão a sua disposição. Agora Niko pode ficar embriagado, dirigir alcoolizado, tanto sozinho quanto com os amigos. Comer em restaurantes com suas namoradas ou levá-las para jogar dardos ou sinuca nos mais clássicos bares de Liberty City. Cada um desses locais possui vida próprias, pessoas socializando, bebendo ou buscando alguém para apostar em mini games. Dificilmente você sentirá a cidade vazia como em GTA III, por exemplo.

Restaurante.
Bar.

As lojas de roupas de San Andreas deram uma diminuída, tanto na quantidade quanto na variedade de roupas. Niko poderá visitar lojas de roupas finas (ternos e camisas), roupas comuns e roupas russas. Nada muito elaborado e a grande maioria é horrível. Qualquer roupa que Niko for usa, parece a mesma (menos ternos e roupas especiais). Não foi um lugar que passei muito tempo, já que as opções não agradam tanto. Usar o terno é elegante, porém, pode não fazer sucesso com todas as mulheres. Muitas das visitas que fará em lojas de roupas serão para objetivos das missões ou agradar o seu date casual. As roupas adquiridas ou ganhas em missões ficarão disponíveis nas casas seguras.

Modo.
Perseus.

Não é possível comprar casas seguras (como era em San Andreas). Agora elas são desbloqueadas conforme avançamos nas missões principais e como consequências das nossas escolhas durante o game (escolhas que podem até mesmo decidir o final que teremos. Ao todo são dois possíveis finais). Nas casas seguras poderemos ver TV, trocar de roupa e dormir para salvar (quando salvamos, avança o tempo). Nada muito elaborado, mas já é mais do que fazíamos antes.

Salvando.
Apartamento chique.

Entretenimento

As danças no Strip Club estão de volta e ainda mais ousadas. Vá sozinho ou convide um amigo para visitar o Club, com direito a danças sensuais mais realistas e, diferente de GTA: SA, bem mais elaboradas, com um toque especial nos detalhes. Um acréscimo para os mais assíduos frequentadores desses ambientes foi feito. Ao sair com uma garota de programa, você poderá escolher o tipo de serviço que deseja receber e cada um terá um valor diferente. Não vá achando que é somente o carro balançando sem os dois fazerem nada, que estará muito enganado. Agora o jogador pode observar esses momentos com requintes de detalhes com a câmera em mais clara e nítida qualidade.

Ainda seguindo a linha de entretenimento mais adulto, ainda poderemos visitar Cabarés. Nos Cabarés, teremos pequenas apresentações de dançarinas, mágicos, músicos para aumentar o fator imersivo do jogo. Cada visita é um espetáculo diferente. Alguns mais tranquilos e outros mais elaborados, mas sempre trazendo uma interação maior ao jogador.

Mágico no Cabaré.

Uma novidade (e minha favorita) que GTA IV trouxe é a possibilidade de assistir shows de stand-ups e, para melhorar, com comediantes reais. São diversas apresentações que variam de 3 a 5 minutos de humor para o jogador poder desfrutar enquanto não está em missão. Entre os comediantes encontraremos grandes nomes, como: Katt Williams e Ricky Gervais (criador da versão inglesa de The Office). Já nos “Episodes From Liberty City” teremos a adição de um comediante, Frankie Boyle. Tudo isso a disposição do jogador. Um único porém nesse quesito, é justamente a repetição. Após algumas poucas visitas no club de stand-up, veremos sempre as mesmas piadas, mesmas pessoas, mas ainda assim é uma bela novidade para o game (e bem divertida).

Apresentação do Ricky Gervais.

Em GTA IV, temos a possibilidade de assistir a uma série de programações na televisão, com diversos programas feitos especialmente para o game. São diversos canais e programas que funcionam como as estações de rádio que já estamos acostumados. Existem canais de humor, notícias, de história, com uma programação completa e com direito a propagandas de diversas marcas (fictícias) e outros programas do game. Os canais são paródias de canais reais (assim como quase tudo dessa franquia). Entre os canais, teremos: a Weazel (uma paródia da FOX), CNT (uma mistura de CNN com TNT) e a Public Broadcasting Corporation (uma paródia da BBC). Ainda é possível assistir aos shows de Stand-Up pela TV. A grande maioria das TV’s são encontradas nas safehouses (casa segura) e bares.

Casa segura e TV.
Assistindo Stand-up.

Ainda dentro do fator entretenimento, poderemos visitar Lan Houses e navegar na internet. Na internet teremos muitas coisas para ler, checar emails, visitar diversos sites repletos de sátiras e humor e aquela alfinetada crítica clássica da Rockstar. Podemos arrumar encontros em sites de namoro e ver no que dá. É bem simples, mas é divertido nas primeiras vezes. Ainda podemos comprar toques, planos de fundos e algumas customizações em sites para nosso celular (e uma paródia de redes sociais, a GETALIFE).

Lan House.
Site de namoro.

O que Eles Não Querem que Você Saiba

Ao visitar um computador, existe um site secreto que mostra a localização de todos os pontos de interesse do mapa. Indo desde a localização dos pombos e saltos únicos, até armas e pessoas aleatórias espalhadas pelo mapa. Basta digitar no navegador do jogo www.whattheydonotwantyoutoknow.com (uma paródia do fórum Stuff They Do Not Want You To Know). Vale a pena conferir e se divertir com os mistérios de Liberty City.

www.whattheydonotwantyoutoknow.com
Localização de pombos.
Localização de armas.

A nossa vida está muito mais fácil em GTA IV. Com a implementação das viagens rápidas através dos táxis, o sonho americano talvez já seja uma realidade. Basta chamarmos um táxi (de preferência desocupado) na rua e ele nos levará para onde desejarmos. Temos algumas opções bem bacanas, como: pagar uma taxa extra para pular a viagem, apressar o motorista, solicitar a mudança da estação de rádio ou assistir toda a viagem. Um detalhe que faltava nos jogos mais antigos da saga. Uma curiosidade é que boa parte dos taxistas são imigrantes e normalmente vão detestar te levar para algum lugar. Inclusive, Niko comenta sobre o excesso de trabalhos de imigrantes com baixíssimos salários e altos abusos.

Vai para onde, chefia?

Mini Games e Serviços

Apesar de não ter tantos quanto em San Andreas, GTA IV não deixa a desejar (deixa um pouco sim). Durante a exploração é possível jogar sinuca e dardos em bares, jogar boliche e Hockey de mesa (esse último, apenas na DLC) e arcade (QUB3D, uma paródia de Tetris Puyo Puyo). Com as versões mais atuais que já possuem as DLC’s inclusas, teremos a adição de queda de braço, jogos de cartas em The Lost and Damned, mini games na boate, mini golf, danças, lutas e triatlo em The Ballad of Gay Tony.

Já os serviços são bem variados e normalmente faremos para personagens específicos durante o gameplay. Basta ligar para algum personagem que ofereça trabalhos e podemos realizar missões de tráfico de drogas, importação / exportação de veículos, assassinatos e coisas do tipo. São variados separadamente, mas repetitivos entre si. Dão uma boa grana e concedem conquistas e troféus.

Um problema que termos em relação a dinheiro em GTA VI é decepcionante, de maneira geral. Ganharemos muito dinheiro durante o jogo, além de termos diversas formas de consegui-lo. Porém, não teremos muitos lugares e opções para gastarmos esse dinheiro. Nesse quesito, o game é bem vazio e carece de opções, algo que foi corrigido e até piorado, de certa forma, em GTA V.

Boliche.
Arcade QUB3D.
Sinuca.

Interação

Em diversos momentos durante o gameplay, seu telefone irá tocar e será alguém querendo fazer algo com sua companhia (provavelmente será o Roman querendo jogar boliche). Ao aceitar, você ganhará o respeito daquele personagem, caso contrário, ele não vai gostar. De modo geral, não chega a influenciar diretamente na sua relação com ele, porém, quanto menos ele gostar de você, menos aceitará quando você o convidar e menos benefícios concederá (como desconto em armas, por exemplo).

Isso também vale para as namoradas de Niko. O jogador poderá ligar para as namoradas e marcar um encontro. Quanto mais bem-sucedido for o encontro, maior serão as chances de entrar e “tomar uma xícara de café”. Vale lembrar que as namoradas avaliam as suas roupas, o seu carro e a forma que as tratam, então ande sempre bem alinhado, com veículos minimamente utilizáveis e as trate bem que não terá problema.

Além da vida dos NPCs, já mencionadas a cima, quando estivermos andando pela cidade, encontraremos músicos, pintores, vendedores, artistas de rua de modo geral. Com a adição de eventos aleatórios, onde poderemos interagir com NPCs, dar carona, cumprir alguma missão. Tudo de forma randômica. Caso perca essa pessoa, seja matando ou ignorando, não terá mais a chance de realizar essa missão. São divertidas, com uma pegada mais bem-humorada e vale a pena realizá-las.

O fato dos NPCs terem uma rotina, poder comer, conversar, fumar, serem presos, deixa tudo mais divertido e mais vivo que antigamente. Mesmo que jogue e ache que o jogo não supera os clássicos, uma coisa é certa, não é por ser pacato ou por ser mal feito. É muito maneiro ver um NPC sendo perseguido pela polícia e acabar trocando tiro com eles.

Saxofonista.
NPC sendo preso.

Clima

Apesar de não termos tantos tipos de climas, o game trabalha bem com a mudança climática e do tempo durante os dias. Em dias ensolarados, a sensação de estar bem quente é nítida de uma forma nunca vista antes. Ocorrem dias frios, porém, não veremos neve. Em dias de chuvas, podemos ter chuvas calmas ou tempestades com direito a trovões e relâmpagos. As pessoas buscam abrigo quando começa a chover, quase não se vê pedestres quando o tempo muda dessa forma. É bem bonito e impressionante. Durante o dia, temos horários mais calmos e horas de pico, já durante a noite, vemos a cidade funcionar, bem iluminada, bairros mais ricos são extremamente bem mais iluminados que os mais pobres. Áreas de prédios e em pontes são muito estilosas durante a noite.

Um clima frio.
Dia de chuva.
Noite.

Veículos

A Rockstar decidiu trazer algo mais realista na jogabilidade para acompanhar a trama mais dramática. Ao todo são mais de 120 veículos para utilizarmos (e destruirmos) da forma que bem entender. São bem diversificados e em grande quantidade. Poderemos encontrar sedans, esportivos, peruas, potentes, com 2 portas ou compactos, SUVs e vans, motos, veículos públicos (bombeiro, polícia, ambulância), comercial e industrial (caminhões, empilhadeiras, carretas), de serviço (táxis, ônibus, metrô, caminhão de lixo), barcos e helicópteros. Ou seja, não dá para reclamar que não tem possibilidades de escolher o que quiser.

O fator dirigibilidade que o game traz pode ser um incômodo para muitos, pelo menos no início. O controle do veículo está bem mais pesado. Ao dirigir em alta velocidade, não conseguirá frear instantaneamente. Será necessário calcular o tempo de resposta do acionamento do freio, caso contrário, irá de cara com um poste ou um NPC tomando seu café da manhã (como você pôde? Seu ser cruel e sem coração!).

Parar um carro em movimento na rua, não é como antes. Não adianta parar em frente ao veículo e esperar que o NPC tenha a boa vontade de te agradar. Parou na frente de veículo em movimento? Vai ser atropelado! (Nem adianta chorar. Acontece praticamente todo o tempo). Os NPCs não querem graça. Alguns se preocuparão com o ocorrido, mas outros simplesmente irão embora (e capaz de ainda passar por cima de você).

Caso vá roubar um veículo, o NPC pode deixar você entrar numa boa ou ele irá reagir (assim como sempre foi), porém, caso o dono do veículo tente recuperá-lo com o carro em movimento, ele ficará preso na porta e será arrastado conforme você vai embora. Se você roubar o veículo utilizando alguma arma, a reação do NPC será diferente (já que é um assalto a mão armada).

Dirija com cuidado! Niko não tem o costume de usar cinto de segurança, então se dirigir que nem um louco e bater, prepare-se para ser arremessado e se quebrar todo. Caso morra sendo arremessado para longe ou simplesmente pela batida, voltará no hospital, assim como de costume da saga. Dirigir alcoolizado irá diminuir significativamente as suas habilidades no volante, então não recomendo encher a cara e pegar algum veículo (se for beber, não dirija!).

O garanhão.
Táxi.
Sedan.
Assalto.
NPC sendo arrastado.
Metrô.

Poderemos mudar a cor do nosso carro e consertá-lo, assim como sempre, porém, nada de customizações elaboradas ou coisa do tipo. Um acréscimo que o jogo fez foi nos dar a possibilidade de visitar lava rápidos, para dar uma limpada nos veículos, mas ainda assim, nada de especial.

Armas

Liberty City é a cidade da liberdade. Entretanto, o porte de arma para civis é ilegal. Caso queira ter uma arma, não ande dando sopa com ela. As Ammu-Nations que estamos acostumados estão fechadas, então para conseguir armas, será necessário comprá-las em lojas ilegais e/ou com personagens mortos durante a exploração ou campanha. Se conseguir respeito o suficiente com o seu contato, Little Jacob, receberá um desconto bacana na compra de armas.

São poucas armas e não tem variedade entre si. Teremos o nosso soco, taco de baseball, faca, pistolas (Glock e Desert Eagle), submetralhadoras (uma Uzi e uma SMG), escopetas (cano longo e cano cerrado), rifles (AK e Colt), snipers (de caça e de precisão), um lança-foguetes (uma bazuca comum), granada e cocktail Molotov. São úteis, realistas e boas de usar. No entanto, se prepare para cansar de atirar e errar os tiros. Cada arma possui uma cadência diferente, um dano diferente e uma velocidade diferente. Por exemplo, a sniper de precisão é ótima para tiros certeiros, porém, demora mais para disparar outro tiro. Já a pistola, dispara vários tiros em curto período de tempo, mas não são tão eficazes (a não ser que o tiro seja na cabeça, mas ainda assim, pode ocorrer de ter que dar dois tiros para matar).

Loja de armas.
Niko com a mão na pistola.

A resistência a dano dos inimigos e NPCs são bem variadas. Cada um reage de uma forma distinta. Caso atire nos pés dos personagens, eles não morrerão (pelo menos não logo de cara), apenas começarão a mancar, mas ainda irão atirar em você. Atirar na mão pode fazer a arma cair, ele pode pegar de volta ou fugir. Cada parte do corpo tem uma reação diferente. Deixar o personagem ferido, eventualmente poderá matá-lo, mas tudo depende do personagem em questão.

Tiro na barriga.
Faleceu.

Ao dirigir ou pilotar algum veículo, agora temos a opção de utilizar armas enquanto dirigimos. Pistolas e lançáveis funcionam em veículos, fuzis e lança-foguetes não serão úteis enquanto dirige. Isso será útil em diversos momentos, principalmente perseguições.

Dica: Não desperdice munição. Elas são caras e nem sempre (em perseguições) será necessário atirar. Alguns momentos você só precisa seguir o infeliz para achar a base ou seus superiores.

Estações de Rádio

Não há como falar de GTA e não mencionar as estações de rádios. As rádios são uma diversão que irá nos acompanhar em praticamente toda a nossa experiência em GTA. Ao todo, GTA IV dispõe de 23 estações de rádios (contando com as das DLCs), seguindo a mesma linha de antes. Rádios de rock, de jazz, soul, reggae, de conversas (AM/FM), uma especial russa, com diversas músicas e gêneros populares na região de Niko e, no PC, uma rádio para o jogador colocar as suas próprias músicas.

Assim como em GTA: SA, temos alguns famosos fazendo a narração das rádios. Entre as vozes, estão: Daddy Yankee (o da música da gasolina e participação em Despacito) na San Juan Sounds (música latina e Reggaeton), na rádio Liberty City Hardcore (L.C.H.C), temos Jimmy Gestapo, da banda punk Murphy’s Law e na mesma rádio em Episodes from Liberty City, quem faz a locução é o brasileiro Max Cavalera (Sepultura e Soulfly). Em Liberty Rock Radio, o host é o grande Iggy Pop. Grand Theft Auto não está para brincadeira nesse aspecto.

Na The Complete Edition, o game passou por uma mudança, com acréscimos e remoção de músicas e estações de rádio. Isso ocorreu devido ao vencimento de licenças das músicas, forçando a Rockstar a mudar, porém, ainda existem modos (feitos pela comunidade) para reinseri-las no game.

Celular

Uma figura nova presente em GTA IV. O celular será uma ferramenta importante para a comunicação dos personagens. Em San Andreas, CJ tinha um telefone, mas o jogador não tinha liberdade para usá-lo. Niko poderá usar o telefone para ligar para amigos, marcar encontro com as namoradas, como consequência de suas escolhas, poderá desbloquear a opção de se livrar da polícia, fazer códigos usando números de celular e ligar para o Lazlow (só discar 948-555-0100) para descobrir qual é a música que está tocando na rádio.

Ainda é possível customizar o celular com wallpapers, toques, desabilitar ligações (ideal para quando você só quer andar pela cidade), usar a câmera do celular, acessar o modo editor (vale lembrar que nas versões atuais do game, o multiplayer foi desabilitado), e receber mensagens. Usar o celular é um evento comum e será necessário inúmeras vezes durante o gameplay.

Agenda telefônica.

Colecionáveis

Parece até estranho falar isso após ter feito uma análise completa de San Andreas, mas GTA IV possui apenas um tipo de colecionável. Durante o gameplay teremos que encontrar 200 pombos e matá-los. Os pombos podem ser encontrados em diversos locais do mapa e para localizá-los, basta procurar um pombo com uma luz laranja nos pés e atirar. Além dos pombos, teremos que realizar os saltos, como de costume, porém, não é nada de especial.

Pegue o pombo!
Saltos únicos.

Problemas e Bugs

Antes de mais nada, vale lembrar que a versão PC do game tem um port muito ruim (já foi bem pior), mas de maneira geral, os problemas de performances ocorrem com maior frequência apenas no PC. Dentre os problemas de performance, teremos: crashes, queda de quadros (seu FPS vai bater a casa do 2 FPS com tranquilidade), flicks de textura (determinado objeto fica piscando), travamentos e alguns problemas com telas de carregamento infinitas. No entanto, muito disso foi resolvido na The Complete Edition do game.

Quanto a bugs, é o mesmo caso de sempre. Personagens travados em algum canto, inteligência artificial desligando. Teve uma situação, até que engraçada, eu estava em um viaduto, logo após passar pelo pedágio (sim, existem pedágios e, se não pagar, a polícia aparece), um NPC foi me ultrapassar e bateu em uma viatura. Ao bater, acabou subindo nas divisas do viaduto, acelerou (como se estivesse na estrada) e se jogou no rio logo abaixo. Algo semelhante aconteceu algumas vezes, mas em situações distintas. Outro bug comum é na hora de ficar em modo cobertura. Niko esquece que tem que ficar de cover e fica parado, aí quando se dá conta do que tem que fazer, não fica onde deveria.

Para exemplificar melhor, havia uma situação onde eu queria ficar de cover na parede, porém, logo no canto dessa parede, tinha uma lata de lixo ao lado de uma caçamba de lixo. As latas de lixo são móveis, ou seja, se você trombar nelas, elas caem. Desse modo, quando fui ficar de cover na parede, Niko não reagiu e quando tive uma resposta, ficou na lata de lixo, ela caiu e logo atrás da caçamba tinha um inimigo. Resultado, levei um tiro na cabeça por não ficar onde deveria e tive que recomeçar a missão.

Por incrível que pareça, o game não é tão ruim quando se trata de bugs (diferente de problemas, no caso do PC). O que poderia ter sido feito, era simplesmente ter dado uma polida melhor no game. Os bugs em si não trarão tanta frustração, mas os problemas técnicos do PC, ainda poderão deixar alguns na mão. A versão completa está bem melhor que a antiga e isso é fato. Desde a nova versão, meus problemas foram drasticamente reduzidos. Perdas de save eram comuns na versão anterior, então caso você tenha ou vá adquirir a The Complete Edition, não haverá mais esse problema.

Extras: Polêmicas e Modo Multiplayer

Se pertence a saga Grand Theft Auto e não tem polêmicas, definitivamente não pertence a franquia. O game, antes mesmo de lanças, acabou causando problemas com o infame advogado Jack Thompson (o mesmo de polêmicas anteriores), que decidiu processar a empresa por “semelhanças” com ele em uma missão onde Niko precisa matar um advogado e, caso essas semelhanças não fossem retiradas, causaria mais problemas a Rockstar Games.

Outro problema que o game enfrentou foi com o grupo “Mothers Against Drunk Driving” (Mães contra a Condução Alcoolizada), já que agora era possível dirigir bêbado. Porém, o próprio jogo mostra o quanto isso é horrível, deixando a jogabilidade extremamente porca, quase inviabilizando o jogador de dirigir enquanto estiver alcoolizado.

Após o game ser lançado, servidores públicos de Nova York não gostaram nada do que viram. Diversos oficiais ficaram revoltados pelo fato de Niko ter que matar policiais durante o gameplay, ocorrendo até mesmo do porta-voz do prefeito Michael Bloomberg reclamar, dizendo que o prefeito não gostava dessas atitudes. Mas para não deixar barato, o diretor executivo da International Game Developers Association (IGDA), acusou esses indivíduos de hipocrisia (o que não deixa de ser uma verdade). Independentemente do resultado final dessa polêmica, chega a ser ridículo a proporção que essas coisas tomam quando se trata de “ganhar nas custas dos outros”.

O jogo também teve uma polêmica relacionada ao Brasil. Na DLC de Episodes from Liberty City, há uma música do MC Miltinho, onde a Rockstar utilizou a respectiva música sem as devidas autorizações legais do músico. Isso fez com que o game fosse proibido de ser comercializado, não só no Brasil, mas em diversas partes do mundo, até que isso se resolvesse. A discussão estava em andamento até poucos anos atrás onde estavam prestes a ter uma resolução do caso. A música pode ser encontrada no game ainda hoje e, aparentemente, sem maiores problemas.

Inicialmente, o game havia um modo multiplayer. Era um protótipo do que poderia ser no futuro, porém, não está mais disponível. A versão de PC, que contava com a presença do Windows Live, após a mudança para a versão completa (esta, presente até então, nas lojas virtuais), teve o modo removido, sendo possível apenas jogar em modo campanha.

Conclusão

Grand Theft Auto IV é um lindo presente para os fãs da franquia, que estavam sedentos por um game da nova geração (pelo menos na época) e um presente grego para outras pessoas que simplesmente abominaram o jogo e seu novo estilo mais sério e reduzido. A pegada mais séria do game, ocorre devido a trama ser mais dramática do que o padrão da série. É um enredo relativamente simples, mas muito bem construído e repleto de personagens carismáticos. Você ri, você chora, você fica irritado e ainda sente empatia por muitos personagens que vêm e vão durante o gameplay. Uma ambientação sensacional que torna um game obrigatório para os mais fãs de Grand Theft Auto III e Liberty City Stories. A jogabilidade mais pesada desagradou muita gente e isso realmente pode ser um problema para quem está mais acostumado com os jogos da saga até então, porém, não demora muito para se acostumar e pegar o jeito do gameplay. Uma cidade viva, mais viva até hoje (data dessa análise), mas ao mesmo tempo, vazia. Todos têm suas próprias vidas, entretanto, Niko não pode interagir com a grande parte delas. Poucas variedades de armas, mesmo dentro do contexto do game, achei bem reduzido. É o suficiente, mas deixa aquele gostinho de quero mais. Sua trilha sonora é sensacional e não perde para seus antecessores. Maiores opções de rádios, músicas (incluindo até mesmo os toques de celular), tudo muito bem feito. O jogo funciona bem nos consoles e isso é comum. No entanto, a versão de PC precisou de mais de 10 anos para poder ser minimamente jogável e isso é inaceitável, ainda mais se tratando de uma empresa com o porte da Rockstar Games. Bugs existem, mas não são o verdadeiro problema que o game tem, já a otimização, é indiscutivelmente ruim. O veredito final é: se ainda não jogou, dê uma chance para o game que garanto que não irá se arrepender. Uma ótima história, personagens excelentes, dentro de um ambiente bom, bonito e vivo. Ou seja, um game que supera os problemas técnicos (pelo menos hoje em dia) e bate de frente com diversos games de peso ainda hoje. Um título obrigatório para quem gosta dessa franquia, assim como eu.

Nota: 8,8/10.

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