Alan Wake – Análise (Review) – Seja Bem-Vindo a Bright Falls

Alan Wake – Análise (Review) – Seja Bem-Vindo a Bright Falls

11 de novembro de 2023 Off Por José Daniel

Ficha do Jogo:
Lançamento: 14 de maio de 2010.
Jogadores: Um jogador.
Gênero: Survival Horror, Ação em Terceira Pessoa, Aventura.
Desenvolvedora: Remedy Entertainment.
Publicadora: Remedy Entertainment.
Idiomas disponíveis: Inglês, Alemão, Francês, Italiano, Coreano, Espanhol (Espanha e América Latina), Russo, Japonês, Polonês, Chinês Tradicional.
Plataformas: Playstation 5, Playstation 4, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S, Xbox 360, PC – Computador (Microsoft Windows). – Para as plataformas mais novas, o game se encontra na versão remasterizada.
Tempo do jogo: 11 a 26 horas (caso tente os 100%).
Versão do jogo analisada: Versão americana para Computador.

Classificação Indicativa: +16 anos.

Apresentação Inicial

Alan Wake é uma belíssima obra feita pela Remedy Entertainment, estúdio responsável por Max Payne, Quantum Break, Control e, agora, recentemente, em 2023, a tão aguardada sequência, Alan Wake 2. Lançado em 2010, originalmente como exclusivo de Xbox 360, o game apresentou ao mundo dos games uma narrativa muito bem construída que prende o jogador do começo ao fim, bem mais do que seu sistema de gameplay.

O jogo recebeu uma remasterização em 2021, que além de melhorias técnicas, apresenta as duas DLCs que Alan Wake recebeu (esqueça American Nightmare). Apesar de já haver uma versão remasterizada, optei por jogar a versão original e trazer a mais autêntica experiência possível para essa análise. Vale lembrar que, por se tratar de um jogo da Remedy, seu universo é conectado com os demais jogos da empresa, então embora não tenhamos recebido uma continuação por todos esses anos, Alan sempre esteve referenciado em jogos posteriores.

*O jogo foi jogado e finalizado em um computador que atende aos requisitos e todas as screenshots foram tiradas durante o gameplay.

Enredo

Alan Wake é um renomado escritor, responsável por diversos best-sellers de terror, mas que está passando por bloqueios criativos desde o lançamento de sua última obra. Alice, sua esposa, decide levá-lo para uma viagem de folga na pequena cidade de Bright Falls para que Alan pudesse colocar a cabeça em ordem.

Bem-vindo a Bright Falls.
Sempre tenha uma laterna.

Ao chegarem em Bright Falls e se alojarem no local programado, Alice, que tem medo do escuro, acaba sendo sequestrada por uma entidade e desaparece. Agora, cabe a Alan Wake resgatar a sua amada esposa em meio à escuridão e salvar a sua própria vida. Em uma luta contra seus demônios interiores, Alan precisa de uma luz. Somente a luz poderá salvá-los.

Como o Jogo Funciona?

Alan Wake é uma mistura de diversos elementos em um único jogo, porém, sem deixar a autenticidade de lado. É possível identificar inúmeras inspirações, indo desde jogos como Silent Hill e Alone in The Dark, até séries de TV como Twin Peaks e The X-Files. O seu maior foco é no enredo e em como construir uma ótima narrativa, apresentando pouco a pouco ao jogador seus elementos e fragmentos de uma história repleta de questionamentos. Um ponto que facilita a identificação das influências, é que o jogo não é dividido por fases, mas sim, por episódios e em cada começo de episódio, há a recapitulação do capítulo anterior.

O seu gameplay, tanto na movimentação quanto no combate, é o ponto mais fraco que o game apresenta. No entanto, a forma como o jogo cadencia combate e progressão na história, é bastante interessante. O que mais me prendeu do começo ao fim, foi a incansável vontade de entender tudo aquilo que estava acontecendo ao meu redor e onde aquilo iria me levar. Sua atmosfera é construída em cima da tensão e da curiosidade, levando o jogador ao sentimento de suspense, ao não conseguir visualizar o que pode acontecer pelo nosso caminho.

Alan Wake.

Podemos andar, correr (Alan corre como um fumante de 70 anos e cansa em menos de 5 segundos), pular (um pulinho bem mequetrefe), esquivar, mirar, atirar e dirigir (pelo menos é melhor que ficar de a pé). Dentro dessa variedade, nem todos os movimentos são práticos e funcionais, porém, no que o jogo oferece, podemos considerar como aceitável para a proposta, mesmo que pudesse ser bem melhor (mas ainda é ruim). A Remedy foi melhorando no quesito jogabilidade com o passar dos jogos, então dá para ver que houve uma mudança nos mais atuais.

Alan morrendo de cansaço ao correr 10 metros.

Mecânicas

O sistema de combate é bastante simples. Os inimigos, Takens e objetos poltergeist (fenômenos paranormais em que o objeto que se move sozinho), são sensíveis a luz, pois possuem uma proteção de escuridão. Para quebrar a barreira, será necessário utilizar a lanterna ou outra fonte de luz para enfraquecê-los. Alan não possui combate corpo a corpo, então é preciso que haja algum tipo de arma. O arsenal do jogo é pequeno, então temos apenas uma espingarda (com uma variação), um revólver, um rifle, pistola de sinalização, granada de luz e bastão de sinalização.

Como tudo de maligno que nos rodeia durante o jogo tem a ver com a escuridão, para podermos regenerar nossa vida, não contaremos com kits médicos, mas sim, com luzes de postes. Para recuperar a vida, basta entrar embaixo de um feixe de luz em pontos específicos. Importante lembrar que se estiver sendo perseguido por takens, a luz irá impedi-los de progredir. Normalmente acontece um checkpoint ao chegar nos pontos de luz.

A luz da vida.

A lanterna será nossa principal aliada durante o jogo todo. Isso é bom? Depende. Nossa lanterna possui uma “barra de vida” que se consome ao ser utilizada nos inimigos (ela fica ligada o tempo todo). Podemos recarregar com pilhas? Sim, mas isso serve apenas para aumentar a intensidade do feixe de luz, ou seja, se a barra de vida dela zerar, leva um tempo para regenerar, então mesmo que utilizemos das pilhas, ainda poderemos ficar na mão sem uma lanterna eficaz. O lado bom, é que encontraremos muitas pilhas espalhadas por aí.

O jogo conta com uma boa variedade de inimigos, tanto takens (sendo eles normais, de motosserra, machado), como os de poltergeist, que podem ser qualquer objeto, incluindo veículos. Não dá para dizer que o jogo possui chefes, porém, existem alguns inimigos mais fortes e que exigem maior quantidade de tiros para se vencer.

Um ponto bastante positivo, ao meu ver, é que o game não deixa o jogador na mão em relação a munição e itens. Durante todo o meu gameplay, em momento algum eu senti falta de encontrar munição e itens, já que sempre que chegamos em um ponto onde haverá ação, o jogador é recompensado com muitos itens espalhados pelo local.

A gente se sente tão querido.

Rádio e Programas de TV

Em diversos momentos, encontraremos televisões (assim como em Max Payne) onde estará passado uma série chamada Night Springs, que parece ter sido inspirado na série The Twilight Zone, de 1959. A série é em live action, ou seja, possui atores reais e aborda diversas questões sobrenaturais e de ficção científica. Além disso, existem televisões onde passam uma versão real de Alan Wake escrevendo seu livro.

Também é possível encontrar diversos aparelhos de rádios espalhados por inúmeros lugares, possuindo uma programação bastante curiosa, onde descobrimos mais informações a respeito do que acontece em Bright Falls e região. Ainda é possível encontrar rádios tocando músicas da banda Old Gods Of Asgard, interpretada pela banda real Poets of The Fall.

Night Springs.

Colecionáveis

Durante a exploração, é possível encontrar garrafas térmicas de café, já que esta é a bebida preferida de Alan, o que faz sentido se pensarmos que ele é um escritor, não? O game possui uma quantidade considerável de garrafas para serem encontradas, em torno de 100, e algumas não são tão simples de serem localizadas, então vale a pena dar uma explorada caso queira fechar todas as conquistas.

Além disso, encontraremos manuscritos da história em diversos locais. Algumas são focadas na história principal, outras focam em personagens ou determinados acontecimentos. Eu coletei quase todas e as li para tentar entender mais do universo confuso que o jogo apresenta, então acho que vale a pena dar uma olhada no material ao coletá-los. O lado bom delas, é que brilham no escuro, facilitando serem encontradas (na realidade, praticamente tudo que é coletável brilha nesse jogo).

Garrafa de café.

O jogo possui diversas caixas com suprimentos espalhadas pelo cenário. Para encontrá-las, é necessário encontrar pinturas amarelas indicando o local que a caixa está. Normalmente, elas são muito úteis, pois concedem os melhores itens e vem bem a calhar em determinados momentos (é sempre bom encontrar uma granada de luz).

Caixa de suprimentos.

Ambientação

Os cenários não são muito variados, uma vez que quase sempre estaremos perdidos em meio a montanhas na floresta. No entanto, podemos visitar o apartamento do Alan em alguns momentos de flashback e também conhecer diversos lugares por Bright Falls e Cauldron Lake. Apesar do clima tenebroso e sobrenatural, os ambientes presentes no jogo são bastante aconchegantes (cabanas, barracos e afins), além de complementarem a atmosfera sombria da narrativa.

Uma bela vista.

Gráficos

Os gráficos são muito bons, até mesmo para os dias de hoje. A versão remasterizada traz gráficos relativamente mais bonitos, mas não é nada que o jogo original deixe a desejar. Os cenários são muito bonitos e os efeitos visuais, como névoa e distorções causadas pelas entidades. O único ponto que seria passível de reclamação, seria as expressões faciais, que até mesmo para a época, não era das melhores, mas nada que atrapalhe ou faça o jogo perder o seu brilho.

Alan em meio a névoa.

Problemas e Bugs

Durante toda a minha experiência com o game, tive apenas dois bugs pontuais. Um deles foi quando o Alan foi atingido por um objeto e ficou preso na madeira do chão, mas só foi forçar um pouco pulando algumas vezes que ele saiu. O outro momento foi quando a câmera entrou em meio a algumas pedras e deu uma leve bugada visual. O único problema que me ocorreu, foi logo no começo do quinto episódio, o jogo simplesmente crashou, sem apresentar nenhum tipo de erro. Infelizmente não consegui registrar nenhum desses momentos.

Extras: Trilha Sonora e DLCs

A trilha sonora é impecável. Tanto nas músicas originais quanto nas músicas licenciadas (que aparecem ao final dos episódios). A trilha é digna de ser salva e ouvir em uma playlist de músicas atmosféricas (as originais) ou enquanto lava uma louça ou faz uma caminhada (as licenciadas). Também não posso esquecer de mencionar as músicas da banda Old Gods Of Asgard, que complementam todo o universo de Alan Wake.

O jogo possui duas DLCs que complementam a história do game: The Signal e The Writer. Ambas as DLCs continuam a história após os eventos dos seis episódios do jogo original, porém com mudanças nas mecânicas e estilo de gameplay. Ainda temos a expansão stand alone e spin-off de American Nightmare, porém muda completamente o que foi visto no jogo original, então não irei me alongar sobre.

Conclusão

Alan Wake é um jogo que definitivamente merece a sua atenção, principalmente se você é do tipo que curte jogos atmosféricos e com maior foco narrativo. Caso seja um jogador que prefira combates frenéticos e bem elaborados, não será contemplado pelo game. No entanto, a sua rica ambientação e variedade de cenários, juntamente com personagens enigmáticos, ótima trilha sonora e um enredo bastante confuso, o game consegue prender o jogador até o final para conseguir, minimamente, entender o que esse universo tem para oferecer. Recomendado para todos os amantes de bons jogos e esse é, de fato, um jogo que merece ser jogado pelo menos uma vez.

Alan Wake vendo Alan Wake de papelão.

Pontos Positivos

  • Ótimo enredo e narrativa
  • Bons personagens
  • Ambientação
  • Trilha Sonora

Pontos Negativos

  • Jogabilidade lenta e travada
  • Dirigibilidade ruim

Avaliação:
Gráficos: 8.0
Diversão: 8.0
Jogabilidade: 6.5
Trilha Sonora e Efeitos Sonoros: 10.0
Performance e Otimização: 9.0
NOTA FINAL: 8.3 / 10.0

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