Análise de Maneater – O Jogo de tubarão que o filme Tubarão não teve!

10 de fevereiro de 2022 0 Por José Daniel
Ficha do Jogo:
Lançamento: 22 de maio de 2020.
Gênero: RPG.
Desenvolvedores: Tripwire Interactive e Blindside Interactive.
Publicadora: Tripwire Interactive e Deep Silver.
Plataformas: Nintendo Switch, PC – Computador (Microsoft Windows), Playstation 4, Playstation 5, Xbox One e Xbox Series X | S.
Tempo de jogo: 8 a 13 horas.

Classificação Indicativa: +18 anos.

Apresentação Inicial

Algum momento da sua vida você parou para pensar em como seria se tivesse nascido um tubarão? Não? Nem mesmo assistindo ao filme de 1975 do Steven Spielberg? Se a resposta for sim, agora você poderá realmente viver na pele de um tubarão.

Maneater traz uma sensação de nostalgia ao mesmo tempo que traz uma sensação estranha ao jogar pela primeira vez. Qual a graça de ser um tubarão? Um simples tubarão eu não sei, mas um tubarão de Maneater, a diversão (ou espanto) é garantida. O jogo conseguiu mesclar tubarões, RPG e um bom enredo (nada cinematográfico, porém, é uma ótima tentativa de fazer o diferente). Felizmente, essa tentativa deu muito certo. Logo no começo, passamos por um tutorial bem bacana, onde assumimos o tubarão-mãe (totalmente evoluído) e após todos os comandos iniciais apresentados, somos capturados por Scaly Pete e é aí que o enredo começa.

*O jogo foi finalizado no PC através do Game Pass e todas as imagens foram tirada durante o gameplay.

Enredo

Scaly Pete é um famoso caçador de tubarões. Scaly captura o tubarão-mãe (a mãe do nosso tubarãozinho devorador de almas) e abre ela por inteiro para arrancar o filhote. Ao retirar o filhote da mãe, Scaly Pete faz um corte no pequeno tubarão e tem seu braço arrancado pelo filhote. Assim, Pete o joga para o mar e diz que um dia irão se reencontrar.

O maior vilão que esse mundo já viu. (se tratando de tubarão)

Nesse sentido, o game trabalha o enredo na forma de um programa de TV (estilo os do Discovery Channel), em um reality que apresenta a jornada dos caçadores de tubarões. O orgulho de estampar seus feitos e as suas caças de forma brutal e sem piedade é bem claro. Logo de cara, quando o jogo começa e assumimos o tubarão, a primeira reação é de devorar a mão do canalha do Scaly que estava caída na água.

Como o Jogo Funciona?

Você é um tubarão e faz coisas de tubarão. Claro, não é somente isso. O jogo traz uma mecânica bem interessante de mutações. Conforme passamos de nível, evoluímos e podemos customizar nosso tubarão, selecionando novas barbatanas, cauda, cabeça, corpo e algumas habilidades extras (aguentar mais tempo fora d’água, aumentar a abrangência do sonar, maior absorção de nutrientes, etc), além de poder selecionar entre quatro tipos de arcadas dentárias (choque, ossos, sombras e uma que só desbloqueia lá para o final do game).

Ao evoluir, passamos por diversas fases de tubarão (filhote, adolescência, adulto, ancião e megalodon) e tudo isso acarreta em melhores habilidades e maiores poderes, fugindo do padrão de tubarão. Com isso, já dá para perceber bem que o jogo é um RPG de tubarão bem completo.

Meu Megalodon fofo.
Totalmente elétrico.
Dentes ósseos bonitos e saudáveis. (parece redundante, mas nesse contexto faz sentido)

Exploração

Maneater é totalmente um jogo de mundo aberto (ou mar aberto) repleto de colecionáveis e missões secundárias para fazer. O jogador poderá se alimentar de diversos animais marinhos e animais terrestres (humanos, no caso) e caso aconteça de devorar muitos humanos (e vai, porque é bem divertido), há caçadores que tentarão te matar (igual a polícia do GTA).

Um dos oceanos. (noturno)
Lista de caçadores especiais.

Ao invés de estrelas de procurados, o jogo trabalha com nível de infâmia. Conforme esse nível aumenta, caçadores especiais virão para tentar te matar e, ao vencê-los, será muito bem recompensado com DNAs para mutações, novos minerais (servem de moeda para adquirir as habilidades) e novas habilidades extras. Quando eles aparecem, tem uma breve cena de apresentação e uma intimidação (pena que logo são devorados por você).

Um dos fatores mais importantes para uma boa exploração, é sem dúvidas uma ambientação bem-feita, e isso, Maneater tem de sobra. Por mais que não seja possível explorar por completo a parte de fora d’água, é tudo muito bem feito. Quando submerso, é um universo totalmente único, repleto de vida marinha diversa, tudo entre presas e predadores. Cada um dos peixes que servem de alimento ou que irão te atacar, possui um nível e quanto maior o nível, mais difícil de matar.

O farol durante o dia fica assim. (a noite, fica iluminado e todo bonitinho)
Existe uma extensa quantidade de objetos naufragados. (até uma loja de banana congelada)
Navios, iates luxuosos e até parque de diversões estão presentes.
O fundo do mar é vivo e com um som ambiente maravilhoso.

Colecionáveis, Missões Secundárias e Narrador

Maneater oferece uma boa quantidade de coisas para coletar e são bem bacanas. Cada parte do mapa possui pontos de referência, provisões de nutrientes, placas e algumas partes bloqueadas com grades para que, quando chegar em um tamanho específico, possa destruir e explorar.

Pontos de referências. (sempre tem algo interessante ou bizarro submerso)
Grade para a evolução ancião.
Placa de carro.
Provisões de nutrientes.

As missões secundárias se confundem muito com as principais, uma vez que os objetivos são praticamente os mesmos, mudando apenas o nível do inimigo. Para diferenciá-los, o ícone é diferente e a dificuldade também. Boa parte das missões secundárias são levemente mais difíceis que as principais. Matar um tubarão-martelo, devorar uma quantidade específica de humanos, devorar bagres e outros tipos de animais.

Tubarão fora d’água. (tem um tempo limite para ficar fora)
Scaly Pete e seu filho.

O narrador é sem dúvidas a parte mais forte que o game tem. Ele faz diversos comentários durante o gameplay e ainda explica, resumidamente, como funciona a vida dos tubarões. O humor dele é bem característico e sempre faz bons comentários (vi pouca repetição de frases, o resto foi tudo original). Como o jogo possui dublagem em português do Brasil, ajuda demais na compreensão e pode arrancar uma risada ou outra. Outro ponto bacana são as referências a memes durante o gameplay (se eu pudesse, matava mil!).

O mapa tem um tamanho na medida certa.

Limites de Mapa

Normalmente, os jogos de mundo aberto possuem um limite que impede o jogador de ultrapassar. Alguns podem ser uma simples parede invisível ou algo mais elaborado. E é aí que Maneater se encaixa. Assim como no Ratchet & Clank, que nas fases de água, quando o jogador tenta ultrapassar, um tubarão aparece e o devora. Em Maneater, o limite é feito com boias e rede de pesca ou, em lugares de pântanos, muito mato e terra firme, então o jogador não consegue ir até o outro lado. Mesmo com o limite, o mapa ainda segue bem feito, com navios e pontes do outro lado da rede.

Tentando ultrapassar os limites.

Dano

O efeito visual de dano que o tubarão sofre é muito bem feito e detalhado. A maioria dos inimigos, ao chegar no fim da vida, perdem barbatanas, cauda e podem deixar de emitir sons. No caso dos humanos, podem facilmente ser despedaçados e quando você destrói seus barcos, eles pulam na água e gritam desesperados, ficam sufocados e podem morrer afogados.

Meu tubarão com barbatanas elétricas e corpo de ossos.

Bugs

Aqui vai um ponto em que o jogo pode sofrer um tanto. Maneater possui diversos bugs, indo desde personagens travados em algum lugar até missões que não aparecem e podem travar o game. Os mais comuns, não incomodam e nem impedem de prosseguir com as missões. Já em alguns momentos, as mais raras (ou nem tão raras assim), são as que travam e forçam o jogador a reiniciar o game (sorte que é rápido). Todo final de mapa, libera um peixe especial que será o chefão daquela área. Quando eles aparecem, tem uma animação de apresentação (igual à dos caçadores especiais) e é nesse momento em que o jogo trava e força o reinicio (aconteceu quatro vezes comigo e duas delas, no mesmo local). Outro bug comum, é quando você vai para terra firme e o tubarão fica enroscando em alguma coisa e do nada é jogado para a água das formas mais grotescas possíveis, mas no geral, é mais um incomodo visual do que do gameplay. Na dublagem, ocorre a falta dela em alguns momentos. Acontece de algum NPC estar falando em português e do nada começa a falar em inglês. Não presenciei muito disso, porém, as vezes que aconteceram foram bem nítidas.

Ó o bug aí.
Mais uma vez e no mesmo chefão.

Conclusão

Maneater é o jogo de tubarão que o filme Tubarão (1975) não teve. O jogo é muito divertido, possui um enredo curioso e interessante, nada muito espetacular, mas serve muito bem para a proposta do jogo preenchendo o vazio de história que jogos nesse estilo costumam ter. Os gráficos são muito bonitos e agradam desde a parte externa até as profundezas dos oceanos. A violência gráfica é alta, com desmembramentos, sangue misturado nas águas, destruição de barcos, assassinatos em massa (ou apenas um tubarão faminto indo atrás de alimento). Os sons são excelentes, submerso no oceano, o som da vida marinha, peixes se “comunicando”, as vozes dos caçadores, som ambiente, tudo muito bem feito e completa a imersão. RPG padrão, bem básico, mas fluído. É prazeroso desbravar os mares sendo um tubarão e o jogo consegue passar essa sensação (mesmo eu nunca tendo sido um tubarão, imagino que seja assim). Maneater é um ótimo jogo e vai agradar de algum modo, seja pela beleza gráfica ou pelo entretenimento fim de noite que o game oferece. Vale a pena adquirir (sempre bom aguardar uma promoção bacana) e até mesmo fazer os 100%, já que não é muito difícil alcançar esse feito. O game possui uma dificuldade moderada e, apesar de levar um tempo para se acostumar, os controles são bons e funcionam bem (o mínimo para tornar-se “jogável”).

Nota: 8/10.

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