Análise (Review) de Aquadine

Análise (Review) de Aquadine

18 de setembro de 2022 0 Por Diego Köpp
FICHA DO JOGO
Data de lançamento: 28 de outubro de 2019
Jogadores: um jogador
Gêneros: visual novel, romance
Desenvolvedora: SoftColors
Editora: SoftColors (PC), Ratalaika Games (consoles)
Plataformas: PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Switch
Classificação indicativa: 10 (Linguagem Imprópria)

Versão analisada: edição americana, jogada no PlayStation 4.

Aquadine é uma visual novel cinética, ou seja, sem escolhas e ramificações na estória, lançada originalmente para PC na plataforma digital itch.io em 28 de outubro de 2019 pela produtora SoftColors, também responsável pela publicação do título. Visual novel é o termo ocidental que utilizamos para fazer referência a jogos que os japoneses chamam de adventure game. Por mais que não haja como controlar o personagem e movimentar-se pelo cenário em tempo real, o jogador é capaz de visitar diferentes ambientes (por meio da transição de planos de fundo) e interagir com diferentes personagens (normalmente representados por sprites 2D), e por isso os japoneses enquadram, com razão, estes jogos dentro do gênero aventura.

Algo que gostaria de deixar ressaltado de antemão é que o estúdio SoftColors, apesar de não revelar onde baseia-se em lugar algum, pouco provavelmente é uma produtora japonesa. Isso fica claro pela ausência de idiomas (em forma de texto e dublagem) além do inglês. Apesar disso, eles foram capazes de captar a essência de jogos dentro do gênero visual novel, e isso se transparece em vários momentos do jogo.

O jogo recebe ilustração de quatro artistas ocidentais diferentes (vide créditos), mas nota-se que o estilo visual possui forte inspiração em obras no estilo anime. Essa “essência” também se transparece de diversas outras formas no decorrer do jogo, como humor, diálogo entre personagens entre outros, o que agradará a muitos.

Enfim, vamos à análise.

Abertura de Aquadine

Análise

Lamentavelmente, é difícil comentar acerca da recepção de Aquadine. Não fora criada uma página no Wikipedia para o jogo, e as páginas individuais do título para cada plataforma em que está disponível no Metacritic contam com pouquíssimas avaliações, tanto por parte da mídia quanto por parte dos jogadores.

Sua página na Steam é onde concentra-se a maior parte das avaliações, estas sendo majoritariamente positivas. Com base nisso, podemos estabelecer que o jogo passou despercebido pela maioria, mas foi apreciado pelas pessoas que o experienciaram até o fim.

Aquadine conta a estória de um garoto, Robin Liyun, que trabalha como gondoleiro em meio-período, sob a sua segunda identidade secreta, Ciel, para financiar a estadia e tratamento de sua mãe, outrora gondoleira, que está hospitalizada devido a uma doença desconhecida.

Enquanto terminava de dar tours em uma determinada noite, uma misteriosa voz o induz a descobrir uma maravilhosa sereia. Em uma rápida reação, ela mergulha para o fundo do oceano, e isso desperta nele o interesse por descobrir se a Antiga Aquadine, uma cidade subaquática fundada especialmente para sereias e tritões, é real. Ele continua a viver sua vida dupla, enquanto faz novos amigos e aprende mais a respeito da civilização supostamente extinta.

O jogador assume o papel de Robin (ou Ciel) e segue uma rota “comum”, que introduz cada personagem e candidata romântica e, feita esta introdução, o jogo nos abre a porta para decidir qual rota tomar (entre as quatro personagens). Como disse antes, o jogo é cinético (linear), mas lhe permite escolher qual caminho seguir, de acordo com a preferência pela personagem. Interessantemente, as quatro rotas são canônicas e não-canônicas ao mesmo tempo.

Assim que o jogador termina as quatro, outra rota comum (que vai até o final) revela que acontecimentos e incidentes de todas as quatro rotas são extraídos ao mesmo tempo, o que molda o final verdadeiro. O que as quatro têm em comum é a forma com que o protagonista busca curar sua mãe de sua doença, com o auxílio de sua potencial romântica. É claro que na segunda rota comum o protagonista tem apenas uma namorada ao final, mas muito do que ocorreu em cada rota é aproveitado e aconteceu de verdade, dentro do universo do jogo.

O jogo é relativamente curto (de 5 a 8 horas, dependendo da velocidade de leitura), mas isso não chega a ser uma característica ruim. O final vai completamente contra as expectativas, o que não impacta negativamente a experiência, mas achei muito apressado.

Da esquerda para a direita: Anya, Diana, Cameron e Elisabeth

Em termos gráficos, o jogo está completamente dentro do nível para o gênero visual novel. As sprites de personagens são bem variadas, extremamente bem ilustradas, e o mesmo pode ser dito a respeito dos cenários. Além da transição de sprites e cenários, o jogo não conta com animação de qualquer forma, mas essa é uma característica própria de muitos jogos feitos dentro do gênero, que permite entregar uma experiência única e de qualidade mesmo com baixo orçamento. Aliás, achei muito engraçada a “técnica” de estremecer os sprites de personagens, a fim de expressar raiva, ansiedade etc.

A parte sonora é onde o jogo deixa muito a desejar. Apesar de não contar com dublagem completa, o que é comum, as frases curtas que os personagens proferem em certos momentos do diálogo são escassas e em alguns momentos de baixa qualidade de gravação. Alguns efeitos sonoros parecem ter sido escolhidos a partir da primeira busca no Google, já que nada têm a ver com a ação que o jogo procura expressar, como a sequência de golpes de Cameron no decorrer de vários eventos do jogo, além do volume exagerado.

A trilha sonora no que tange a música, por outro lado, está OK, por mais que não seja particularmente memorável.

Conclusão

Aquadine, apesar de não ser uma visual novel japonesa, em muitos momentos se assemelha a uma, dado o nível de qualidade e cuidado com a roteirização e produção, exceto pela parte sonora. Sua forte inspiração em folclore de região litorânea agregou muito ao produto final, e todas as quatro opções românticas são, apesar de empregarem quatro tipos de “dere” japoneses, o que é clichê, bem formuladas e devem agradar a leitores do gênero.

O final, no entanto, me passa a impressão de que os produtores queriam terminar logo o jogo e lançá-lo, pois ao meu ver foi muito rushado. Em todo caso, me deixa ansioso pelo próximo jogo a ser lançado pelo estúdio SoftColors, uma vez que Aquadine foi o primeiro e único até então.

Veredito

Apesar de ter passado despercebido pela crítica e jogadores ávidos do gênero, Aquadine é uma experiência linear que recomendo sem qualquer vestígio de incerteza. A produtora do jogo, apesar da baixa popularidade do título no PC, sendo vendido na itch.io, plataforma de jogos indie, e Steam desde o início do ano passado, não deixou de acreditar no potencial na culminação de seu trabalho e foi além, lançando recentemente Aquadine para todos os consoles de videogame da atualidade (PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Switch), juntamente à Ratalaika Games.

Espero de verdade que o jogo receba maior reconhecimento com o lançamento desses ports para consoles, mas bem que poderiam lançar uma atualização adereçando certos efeitos sonoros…

Nota: 8.5/10

Jogo analisado em setembro de 2022 com uma cópia digital concedida pela editora.

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