
O Verdadeiro Coração de The Last of Us: Ellie é a Última Esperança da Humanidade — ou Apenas Mais uma Vítima?
16 de maio de 2025Ela é imune, destemida e cheia de cicatrizes. Mas até onde vai o peso de ser a cura em um mundo que já desistiu de si mesmo?
Uma garota no fim do mundo
Em The Last of Us, um jogo repleto de violência, perda e desespero, a personagem mais importante da narrativa é, paradoxalmente, uma adolescente de 14 anos. Ellie não é apenas uma coadjuvante — ela é o motor emocional, ético e simbólico de toda a jornada. Ela é a luz em meio à escuridão. A fagulha que, talvez, ainda possa reacender a esperança na humanidade. Ou será que não?
Nesta matéria do Revolution Arena, investigamos profundamente quem é Ellie, o que ela representa e por que sua existência é tão crucial — não apenas no universo do jogo, mas na reflexão que The Last of Us faz sobre sacrifício, culpa, sobrevivência e o verdadeiro significado de ser humano quando tudo está perdido.
Quem é Ellie? Um passado de perda, um presente de fúria
Ellie nasceu em meio ao colapso do mundo, em 2019. Nunca conheceu a vida antes da infecção, dos soldados, das zonas de quarentena. Criada em uma escola militar, sem os pais, sua infância foi marcada pela rigidez e pela ausência. Seu único vínculo emocional genuíno foi Riley — sua melhor amiga, companheira de descobertas e, talvez, o primeiro amor. Quando Riley morre infectada, e Ellie sobrevive, nasce um trauma eterno e uma pergunta sem resposta: por que ela, e não Riley?
Desde então, Ellie carrega uma culpa silenciosa. Uma sobrevivente imune, condenada a continuar em um mundo que não parece mais querer existir. Sua imunidade não é uma bênção: é um fardo. E sua jornada com Joel não é apenas uma travessia geográfica, mas uma construção emocional de alguém que precisa aprender a confiar, amar e, eventualmente, perdoar.
A garota que poderia salvar o mundo
A grande revelação da trama é o fato de Ellie ser imune à infecção causada pelo fungo Cordyceps. Isso transforma a adolescente em um alvo valioso para os Vaga-lumes — a resistência armada que acredita que pode encontrar uma cura a partir do estudo da infecção em seu corpo. Mas há um detalhe: a infecção está no cérebro. Qualquer tentativa de estudar seu caso resultará em sua morte.
A pergunta então se torna uma só: vale a pena matar uma garota para, talvez, salvar o mundo? Essa não é uma questão científica, mas ética, filosófica, até espiritual. Ellie nunca é consultada. A decisão é tomada por Marlene, a líder dos Vaga-lumes, que acredita que a escolha já está feita. Afinal, é o futuro da espécie.
Mas Joel discorda. E é aí que tudo muda.
Joel, Ellie e o dilema moral definitivo
Joel, que já perdeu uma filha, agora enxerga Ellie como alguém que preenche o vazio que Sarah deixou. O laço entre os dois se constrói de maneira lenta, com resistência, sarcasmo e dor compartilhada. Mas quando Joel entende que Ellie será morta para a criação da suposta cura, ele não hesita. Ele mata todos no hospital, resgata a menina inconsciente e mente para ela, dizendo que os Vaga-lumes haviam desistido de buscar a cura.
Essa decisão não é heroica — é humana. Brutalmente humana. Joel escolhe o amor individual sobre o bem coletivo. Ele salva Ellie, mas condena, potencialmente, toda a humanidade. É nesse momento que Ellie deixa de ser a esperança do mundo — e se torna mais uma vítima das escolhas de adultos quebrados.
Ellie quer ser sacrificada?
Um dos maiores debates entre os fãs gira em torno da seguinte questão: Ellie aceitaria se sacrificar se soubesse da verdade? Tudo indica que sim. Ellie é corajosa, inteligente e movida por um senso de propósito. Ao longo da história, ela menciona várias vezes que quer que sua vida tenha um sentido. Ela se culpa por ter sobrevivido quando tantos outros morreram. Ser a cura seria, para ela, uma forma de dar valor a tudo que perdeu.
Mas Joel, ao mentir para protegê-la, rouba dela a chance de decidir. Ele escolhe por ela. Ele a trata como filha, mas também a priva da autonomia. E esse dilema retorna em The Last of Us Part II, quando Ellie descobre a verdade — e isso rompe o vínculo de confiança entre os dois.
Conclusão: Uma esperança que nunca foi dela
Ellie não pediu para ser imune. Não escolheu ser uma chave. Nem quis carregar o peso de salvar um mundo que já não se salva mais. A genialidade de The Last of Us está em mostrar que o coração da história não está na cura, mas no custo da esperança. Ellie é, ao mesmo tempo, o símbolo do que ainda pode ser salvo — e daquilo que foi corrompido pelo medo, pelo luto e pelo egoísmo.
Em um mundo pós-apocalíptico, não existem mais certezas. Existem apenas escolhas. E Ellie, mais do que qualquer personagem, representa a dor de ser a esperança em um mundo que já desistiu de acreditar em milagres.
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