Scott Pilgrim: um exemplo de obra cross-mídia?
9 de abril de 2024Certo dia estava eu a navegar pelos canais de TV a cabo, até que encontrei um filme diferente, que despertou minha curiosidade e chamou a atenção. Neste filme, um garoto lutava contra outros garotos e quando ele derrotava seus rivais, moedas caíam ao chão, como os antigos jogas estilos beat’up de fliperama que eu jogava quando era menor e aquilo me deixou curioso. Por fim, decidi que queria ver aquele filme do começo, para entender a história e ver o que acontecia e assim, procurando o nome do filme na grade da programação encontrei o curioso Scott Pilgrim contra o mundo, Nome que me deixou ainda mais curioso e no dia depois, consegui assistir o filme na programação do canal.
E agora você me pergunta: Por quê você contou toda essa história? Pois bem, Scott Pilgim não é apenas um filme (descobri isso tempos depois), mas sim, um exemplo de obra que podemos chamar de um sucesso cross-mídia, ou seja, uma obra que foi adaptada em mais de um tipo de mídia, e neste artigo, vou te mostrar como essa obra pode ser incrível e é sim, considerada um sucesso de adaptação em várias mídias!
Scott Pilgrim é uma obra criada originalmente em formato de histórias em quadrinhos, sendo concebida por Bryan Lee O’Malley, quadrinista canadense que teve a ideia de criar um garoto canadense, de 23 anos que é baixista de uma banda de rock “de garagem”, preguiçoso, desempregado e mora com seu melhor amigo homossexual, de modo geral, ele é descrito como um jovem “derrotado” e também o nosso anti-herói improvável, o nome dele? Scott Pilgrim.
Na história base, Scott se apaixona por Ramona Flowers, uma entregadora da Amazon que se mudou recentemente para a região, mas tem um porém, para namorar com Ramona, Scott precisa derrotar seus 7 ex-namorados, conhecidos também como “A Liga dos Ex-namorados do Mal”. Essa premissa um tanto quanto louco é o suficiente para deixar qualquer um curioso, juntando a esta história maluca, temos uma enchente de referências da cultura pop como música, cinema, quadrinhos e principalmente, jogos, afinal de contas, a partir do momento em que o primeiro ex-namorado aparece, a história vira um verdadeiro game de beat’up, com direito a moedas de recompensa, poderes, golpes especiais, ajuda de “partners” e upgrades de habilidades, um prato cheio para quem gosta de cultura gamer, pop e nerd.
A HQ foi a origem de toda essa história, mas eu, como dito no início, conheci essa obra por meio da adaptação para o cinema, posteriormente, busquei e encontrei a HQ (que é simplesmente incrível e totalmente diferenciada) e por último, descobri a jóia sensacionalmente incrível que é o jogo Scott Pilgrim, onde jogo na plataforma Nintendo Switch e está disponível nas mais diversas plataformas, porém, essa história poderia ter sido totalmente diferente.
O jogo “Scott Pilgrim vs The World” inicialmente foi lançado em 2009 de forma digital, e logo que chegou, foi aclamado por crítica e público, pois se tratava de um jogo incrivelmente fluído, com ótima jogabilidade, adaptando a HQ de forma excelente e com todos os aspectos de beat’up que a obra sempre carregou, junto a estas qualidades, se juntava uma direção de arte que explorava a pixelart, trazendo a nostalgia a tona junto com todas as inovações e novidades que a obra sempre carregou consigo, porém, por volta de 2014 algo estranho aconteceu: o jogo desapareceu das plataformas e lojas online, não só desapareceu como foi retirado das plataformas de compras online, fazendo com que as pessoas que já tinham esse game continuassem aproveitando a obra, porém, ninguém mais podia adquirir o jogo. A retirada do jogo das plataformas digitais nunca foi clara, mas o mais provável é que esse desaparecimento tenha ocorrido por causa do vencimento de licenças, porém, em 2020 tivemos uma nova reviravolta, para alegria dos fãs e do mundo gamer: o jogo seria relançado para todas as plataformas, e melhor, com uma “complete edition” (com DLC’s inclusas)! Hoje podemos encontrar esse game nas mais diversas plataformas (eu tenho no Nintendo Switch) e para o deleite dos fãs da obra ou do gênero de jogo beat’up posso afirmar com toda a certeza: O JOGO É INCRÍVEL!
Atualmente temos outro exemplo de cross-mídia dessa obra, e estamos falando simplesmente da série animada lançada pela gigante dos streamings Netflix, e sim, temos uma série contando a história de nosso anti-herói preguiçoso e fora dos padrões e sim, mais uma vez, eles acertaram!
A série traz a adaptação da obra com alguns detalhes, correções e atualizações, pois a HQ pode ser um pouco polêmica quando trata de alguns assuntos como relacionamentos tóxicos e sexualidade, então, a série acerta em cheio e é realmente uma adaptação, utilizando o cerne da história e trazendo várias referências pop (como sempre), com uma direção de arte linda, respeitando os padrões adotados nas demais obras e trazendo um pouco de cada uma delas, o que nos mostra que sim, é possível ter sucesso em uma adaptação cross-mídia, e no caso dessa obra, podemos dizer que todas as suas versões podem ser recomendadas, quer sejam pessoas que gosta de ler quadrinhos, pessoas que gostam de games ou séries e também aquela pessoa que não tem paciência ou tem o tempo curto e prefere um filme, podemos indicar qualquer adaptação dessa obra e termos certeza de que essa adaptação foi feita com carinho, com o devido cuidado e sempre trazendo a essência da criação de Bryan Lee O’Malley, com suas próprias peculiaridades e referências sempre pontuais, cheias de humor e colocadas de forma assertiva.
Bem, depois de toda essa apresentação e explicação de cada fase e adaptação de Scott Pilgrim, foi ali assistir novamente a série da Netflix e aproveitar a portabilidade do Nintendo Switch para jogar um pouquinho no meu horário de almoço ou nas minhas horas vagas. Espero que todos vocês venham a conhecer essa obra na mídia de sua preferência e depois nos falem a opinião de vocês e o que vocês acharam da obra e suas referências constantes!
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