WUCHANG: Fallen Feathers – Análise (Review)

WUCHANG: Fallen Feathers – Análise (Review)

23 de julho de 2025 Off Por Markus Norat
FICHA DO JOGO:
Lançamento: 24 de julho de 2025
Jogadores: 1 jogador
Gênero: Ação, Aventura, RPG
Desenvolvedora: Leenzee
Publicadora: 505 Games
Idiomas disponíveis: Inglês* , chinês simplificado* , chinês tradicional, francês, alemão, espanhol da Espanha, japonês* , coreano, português do Brasil, russo, italiano (* inglês, chinês simplificado e japonês têm áudio com dublagem; os demais idiomas apresentam legendas).
Disponível nas plataformas: PC – Computador, Playstation 5, Xbox Series X|S.
Classificação Indicativa: 16 anos – Drogas Lícitas, Violência – Compras no jogo.
Versão do jogo analisada: Versão para PlayStation 5.
Análise produzida a partir de uma cópia do jogo cedida pela 505 Games.

Depois de mais de 40 horas mergulhado em um mundo devastado pela corrupção e pela doença, posso afirmar com segurança que Wuchang: Fallen Feathers foi uma das experiências mais intensas, brutais e surpreendentes que já tive no gênero soulslike. Joguei no PlayStation 5 e, desde o primeiro momento em que minha personagem, Bai Wuchang, desperta numa caverna úmida e escura, até os confrontos épicos contra criaturas deformadas e espectros interiores, cada passo foi um misto de tensão, admiração e aprendizado constante.

O que me impressionou em Wuchang: Fallen Feathers não foi apenas a familiaridade com a fórmula soulslike, que está ali, presente em sua essência, mas a forma como ela foi ampliada, enriquecida e adaptada com elementos da cultura chinesa, novos sistemas de progressão e uma ambientação extremamente rica. Não é um jogo que segura sua mão, e nem quer ser. Aqui, o aprendizado vem pela dor, pela repetição, pela experimentação, e por momentos de puro êxtase quando tudo finalmente dá certo.

Mecânicas e Jogabilidade

A base da jogabilidade de Wuchang é sólida, mas não se contenta em apenas repetir a fórmula da FromSoftware. Em vez disso, ela expande o combate com sistemas próprios e oferece liberdade incomum dentro do gênero.

Começando pelo arsenal: Wuchang pode empunhar cinco tipos principais de armas, espadas longas, espadas curtas, lâminas duplas, lanças e machados, cada uma com seu próprio conjunto de animações e árvore de habilidades. A fluidez dos golpes, especialmente com as lâminas duplas e as lanças, é hipnotizante. Eu me vi trocando de estilo várias vezes, não só por prazer de experimentar, mas porque o jogo permite e incentiva isso com o sistema de reatribuição de pontos, uma raridade nos soulslikes.

O sistema Skyborn Might é uma das maiores surpresas. Ao executar esquivas perfeitas ou cumprir requisitos específicos de combate, acumulamos cargas que podem ser usadas para realizar ataques mágicos devastadores ou habilidades especiais das armas. Isso adiciona uma camada tática importantíssima: esquivar não é apenas sobreviver, é também uma forma de se fortalecer. Com isso, o combate ganha um ritmo de dança, onde cada passo importa.

O sistema Inner Demon, por sua vez, é brilhante em sua dualidade. Quanto mais vezes você morre, mais o medidor de Loucura enche, tornando sua personagem mais poderosa… mas também mais vulnerável. E se você morrer de novo, um espectro seu surge no local da morte anterior, atacando tudo, inclusive os inimigos, se você souber usar isso a seu favor. Essa mecânica transformou encontros antes impossíveis em embates vencíveis, desde que eu fosse criativo e estratégico.

Outro destaque são os santuários, pontos de descanso e progressão que trazem o tradicional risco-recompensa. Porém, achei que sua distribuição pelo mapa nem sempre foi equilibrada, em certos momentos, precisei refazer longos trechos repletos de armadilhas por conta de espaçamentos mal planejados.

Ainda assim, Wuchang é um jogo que respeita o tempo do jogador ao permitir experimentações constantes. Poder reconfigurar minha build sem custo algum me fez testar combinações ousadas, armas inusitadas e estratégias fora do convencional.

Gráficos

Visualmente, Wuchang: Fallen Feathers é um espetáculo de contraste entre o sublime e o grotesco. A ambientação inspirada na dinastia Ming é não apenas esteticamente fiel, mas artisticamente encantadora. A arquitetura tradicional, os vilarejos arruinados, os templos cobertos de neblina e os florestas densas compõem um mundo vivo, mesmo que arrasado por uma praga mística.

As cores do jogo fogem do clichê sombrio que domina o gênero. Há vida em Shu, mesmo em meio à morte. As flores desabrocham entre cadáveres, a luz do sol penetra ruínas decadentes, e há momentos em que simplesmente parei para admirar o cenário antes de entrar em mais uma batalha desesperadora.

As criaturas, por outro lado, são uma aula de design perturbador. Cada inimigo parece uma fusão entre o folclore chinês e horrores cósmicos. Chefes são verdadeiras obras de arte macabra, com destaque para um espírito encapuzado envolto em penas negras flamejantes que parecia uma versão mitológica do próprio medo.

No entanto, o jogo sofre com problemas técnicos pontuais, como texturas que demoram a carregar e screen tearing em ambientes com muita iluminação dinâmica. Felizmente, no PS5, esses momentos foram raros e não prejudicaram gravemente a imersão.

Som

A trilha sonora de Wuchang é contida, mas certeira. Ela entende que, em um jogo como esse, o silêncio também fala. Há horas em que só ouvimos o farfalhar das folhas e nossos próprios passos, e isso amplia o peso da solidão da protagonista. Quando a música surge, é para realçar o épico: confrontos contra chefes são embalados por temas com instrumentos tradicionais chineses misturados a orquestrações dramáticas.

Mas o verdadeiro triunfo sonoro do jogo está na dublagem. Tanto em chinês quanto em inglês, as atuações são fortes, emocionais e naturais. A versão em inglês, surpreendentemente, respeita a pronúncia e o tom original com muito mais competência do que eu esperava. Observação: o game conta com legendas em Português do Brasil.

Os efeitos sonoros também são de altíssimo nível: o impacto das armas, o som abafado de uma esquiva bem executada, o grito agudo dos espectros… tudo é pensado para amplificar a experiência sensorial do combate.

Diversão

Confesso que poucas vezes me senti tão recompensado por insistir em um jogo. No começo, a curva de aprendizado é intimidante. Há muita coisa nova para dominar: o sistema de Loucura, as árvores de habilidade, os combos únicos de cada arma, as propriedades de defesa e os tipos de ataque dos inimigos. Em várias situações, me senti sobrecarregado. Mas ao mesmo tempo, isso só tornava cada conquista mais saborosa.

A sensação de vencer um chefe após adaptar minha build, mudar de arma, planejar uma rota de ataque e ainda usar o Inner Demon para dar o golpe final… é indescritível. Me diverti justamente porque o jogo me desafiou constantemente e nunca me tratou como alguém incapaz de aprender.

Os sistemas são profundos e variados, permitindo um altíssimo grau de personalização. Cada jogador encontrará um estilo que combine com seu jeito de jogar. E, como já mencionei, a liberdade para resetar habilidades e tentar algo novo é um diferencial imenso.

O fator replay também é altíssimo. Já estou planejando uma nova jogada com outra arma principal e uma abordagem mais agressiva. Simplesmente viciante.

Performance e Otimização

Joguei no PlayStation 5 e, no geral, a performance foi bastante estável. O jogo roda a sessenta quadros por segundo na maior parte do tempo, mesmo em áreas densas ou em batalhas caóticas contra vários inimigos. Existem alguns engasgos em regiões com partículas pesadas (como nevascas e áreas incendiadas), mas são exceções.

Os tempos de carregamento são rápidos, as transições entre áreas são quase instantâneas, e o jogo apresenta menus acessíveis, embora com certo exagero na quantidade de telas e abas. A interface poderia ser mais enxuta.

Outro ponto positivo é que não encontrei bugs graves ou travamentos. Meu progresso foi fluido do início ao fim. O cuidado com a otimização ficou claro, principalmente considerando que se trata do primeiro grande projeto de um estúdio novo.

Conclusão

Wuchang: Fallen Feathers é mais do que um soulslike com temática oriental. É um jogo que respeita e entende os pilares do gênero, mas ousa questionar suas regras e apresentar alternativas. Ele entrega uma narrativa com base histórica, ambientação apaixonante, combate profundo e sistemas inovadores que redefinem o que esperamos de uma progressão de personagem.

Claro, há falhas: a história poderia ser mais forte, certos sistemas são pouco explicados, e há momentos em que o excesso de mecânicas pode parecer opressivo. Mas mesmo com essas limitações, a experiência geral é simplesmente espetacular.

Para quem gosta de ação desafiadora, ambientações exóticas e gameplay flexível, Wuchang: Fallen Feathers é obrigatório. Um verdadeiro marco para um estúdio iniciante, e uma obra-prima que mal posso esperar para revisitar. Wuchang: Fallen Feathers é um daqueles jogos que desafiam, encantam e permanecem com você muito tempo depois que a tela final aparece. E isso, para mim, é o que define um verdadeiro clássico.

Pontos Positivos:

  • Combate fluido e repleto de opções;
  • Mecânicas inovadoras como Skyborn Might e Inner Demon;
  • Ambientação rica e fiel à China da dinastia Ming;
  • Excelente dublagem em chinês e inglês;
  • Liberdade total de customização de builds;
  • Alta rejogabilidade.

Pontos Negativos:

  • História com pouco impacto emocional;
  • Interface com excesso de menus;
  • Curva de aprendizado muito íngreme;
  • Explicações insuficientes de algumas mecânicas;
  • Screen tearing ocasional em ambientes específicos.

Avaliação:
Gráficos: 9.0
Diversão: 10.0
Jogabilidade: 9.5
Som: 9.0
Performance e Otimização: 8.5
NOTA FINAL: 9.2 / 10.0

* Análise produzida a partir de uma cópia do jogo cedida pela 505 Games.

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