Bravely Default: Flying Fairy HD Remaster – Análise (Review)
11 de julho de 2025| FICHA DO JOGO: Lançamento: 5 de junho de 2025 Jogadores: 01 Gênero: Aventura, RPG. Desenvolvedora: Cattle Call Inc. Publicadora: Square Enix Idiomas disponíveis: Alemão, Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Japonês. Disponível nas plataformas: Nintendo Switch 2. Classificação Indicativa: 12 anos – Violência, Conteúdo Sexual, Drogas Lícitas. Versão do jogo analisada: Versão para Nintendo Switch 2. |
Quando Bravely Default: Flying Fairy foi lançado originalmente no Nintendo 3DS, em uma época em que muitos RPGs japoneses buscavam fórmulas modernas, sistemas de ação em tempo real ou estruturas ocidentais de mundo aberto, o game ousou andar na contramão: trouxe de volta a glória dos combates por turnos, o charme dos mapas desenhados à mão, o drama dos quatro cristais e a sensação de que cada passo era parte de uma jornada épica.
Agora, ao experimentar essa aventura novamente no Nintendo Switch 2, com sua edição HD Remaster, percebo como o jogo não apenas resistiu ao teste do tempo, mas floresceu com a atualização. Mais do que um simples upgrade gráfico, esse remaster me deu a impressão de estar redescobrindo um daqueles livros favoritos da juventude, só que, desta vez, com páginas ilustradas e capas duras. Foi como voltar para casa, mas encontrá-la reformada, mais confortável e com detalhes que antes haviam passado despercebidos.
Nesta análise, compartilho minha jornada por Luxendarc, revivendo o impacto de suas mecânicas, sua narrativa, seu visual singular e a experiência técnica que, mesmo com ressalvas, mostra o cuidado e o respeito dessa remasterização com o legado do jogo original.
Mecânicas e Jogabilidade
Sem sombra de dúvida, o sistema de combate de Bravely Default continua sendo seu maior trunfo. O uso inteligente dos comandos Brave e Default ainda hoje é uma das ideias mais elegantes e criativas no universo dos RPGs por turno.
Durante as batalhas, ao optar pelo comando Default, você adota uma postura defensiva, acumula pontos de ação (BP) e se protege parcialmente do dano. Já o comando Brave permite usar esses pontos para executar múltiplas ações no mesmo turno — até quatro, inclusive. A sacada genial é que você também pode se endividar com BP negativos, o que garante explosões de ofensividade, mas ao custo de ficar vulnerável nas rodadas seguintes.
Essa mecânica introduz um elemento de risco e recompensa altamente estratégico. Cada decisão exige leitura de padrões inimigos, previsão de movimentos e um domínio das sinergias entre habilidades e classes. Em chefes, isso é ainda mais intenso: errar o tempo de um Brave pode significar a aniquilação do seu grupo, enquanto um combo bem encaixado pode virar a luta completamente.
Aliado a isso está o fantástico sistema de Jobs, que, como um tributo moderno ao legado de Final Fantasy V, permite alternar entre mais de vinte classes distintas, como Cavaleiro Negro, Espiritualista, Performer, Mago Branco, Valquíria, Vampiro, entre outras. A liberdade de configurar cada personagem com um Job primário e um secundário transforma a equipe em um verdadeiro laboratório de experimentos táticos. É gratificante descobrir sinergias criativas e montar builds absurdamente poderosas.
Além disso, as opções modernas tornam a progressão menos cansativa: é possível acelerar batalhas em até 4x, ajustar a taxa de encontros aleatórios, programar batalhas automáticas com sequências de comandos e até desativar completamente encontros (após desbloqueio). Isso mostra que o jogo respeita o tempo do jogador sem comprometer seu desafio, algo raro até mesmo nos RPGs atuais.
Gráficos
O visual sempre foi parte da identidade de Bravely Default. Seu mundo desenhado à mão, com aquele toque de aquarela nos cenários, sempre me lembraram livros de contos de fadas europeus — e isso não mudou. Mas no Nintendo Switch 2, essa direção de arte ganhou o merecido destaque que a limitação do 3DS não permitia.
Os cenários em HD são belíssimos. Cidades como Caldisla, Flor-Cafa ou Eisenberg ganharam uma nova vida, e ver os fundos panorâmicos com fluidez e nitidez é como redescobrir detalhes esquecidos. A interface foi redesenhada com sabedoria: aquilo que antes era distribuído entre duas telas agora está bem integrado em uma única, com menus laterais acessíveis, mapas visíveis e tudo com boa responsividade, embora os alertas piscantes às vezes atrapalhem a imersão.
Os modelos dos personagens ainda têm aquele estilo chibi, com proporções exageradas, e embora possam parecer simples à primeira vista, estão bem mais definidos e animados. Em modo portátil, o jogo brilha; no dock, perde um pouco de impacto devido à simplicidade de alguns modelos 3D, mas ainda assim mantém um padrão visual harmonioso e charmoso.
Se comparado com os gigantes visuais da Square Enix, como Octopath Traveler II, este remaster não tenta competir. Mas como uma revitalização de um clássico, ele cumpre seu papel com louvor.
Som
A trilha sonora de Bravely Default é simplesmente magnífica. Composta por Revo, a OST entrega uma mistura de rock sinfônico, orquestra épica e melodia intimista. O tema de batalha, os arranjos que tocam nas dungeons, o tema da vilã Alternis Dim… todos são memoráveis. É o tipo de trilha que gruda na mente, emociona, empolga e te acompanha mesmo fora do jogo.
A qualidade sonora no Switch 2 está impecável. A transição do áudio do 3DS para um sistema mais robusto deu à trilha o corpo e a clareza que ela merecia. Jogar com fones de ouvido foi uma das decisões mais acertadas que tomei, e recomendo fortemente.
A dublagem original em inglês e japonês está presente e é funcional, mesmo que em alguns momentos soe caricata (especialmente Ringabel, que flerta com o exagero cômico). O maior pecado da remasterização, no entanto, é a falta de legendas em português. Num título com tanta carga narrativa, isso afasta uma parte do público que merecia vivenciar essa história em sua plenitude.
Diversão
Confesso: fiquei completamente preso ao universo de Bravely Default novamente. A história, que parece clichê no começo, quatro heróis em busca de cristais, rapidamente se transforma em uma trama cheia de camadas, críticas sociais sutis, revelações emocionantes e reviravoltas inesperadas. Há um certo ponto da campanha que vira tudo de cabeça para baixo, e mesmo conhecendo o original, me peguei surpreso com a força narrativa que esse momento ainda carrega.
Os personagens principais (Tiz, Agnès, Ringabel e Edea) são carismáticos, com ótimas interações entre si e evolução perceptível. A construção de mundo é rica, os vilões são intrigantes, e a sensação de jornada é constante. Tudo isso acompanhado por minigames como a reconstrução de Norende, e os novos jogos de modo mouse (Rhythm Catch e Panic Cruise), que mesmo sendo periféricos, adicionam charme e exploram bem o hardware do Switch 2.
A campanha principal dura cerca de 60 a 70 horas, e os completistas podem ultrapassar facilmente as 100 horas. Mesmo com algumas repetições na parte final da campanha, o sistema de combate e a flexibilidade estratégica fazem com que o jogo continue divertido até o fim.
Performance e Otimização
Tecnicamente, Bravely Default: Flying Fairy HD Remaster é muito bem otimizado. O jogo roda a 60fps estáveis no Switch 2, sem quedas notáveis, seja no modo portátil ou dockado. Os tempos de carregamento são rápidos, a interface responde bem, e os comandos têm precisão.
Não encontrei bugs ou falhas críticas durante toda a minha jornada. O uso do modo mouse com os Joy-Con 2 nos minigames foi surpreendentemente preciso e funcional, mesmo jogando sobre o colo ou superfícies irregulares. A substituição do StreetPass por funções online simples e eficientes, como invocar personagens de amigos ou usar seus dados em combate, foi bem-vinda.
A única crítica técnica seria o fato de que o conteúdo adicional relacionado a Bravely Second foi removido, e os minigames, apesar de criativos, poderiam estar mais integrados à campanha principal.
Conclusão
Bravely Default: Flying Fairy HD Remaster é um exemplo perfeito de como revitalizar um clássico com respeito, inteligência e coragem. Ele não tenta reinventar o que já era ótimo, mas suaviza suas arestas, melhora sua apresentação e o apresenta para uma nova geração com o cuidado que uma joia merece.
Se você nunca jogou Bravely Default, esta é a sua chance de viver uma das melhores experiências que o gênero pode oferecer. Se já jogou, a remasterização é convite certo para revisitar Luxendarc com um novo olhar, mais nítido, mais fluido e mais completo.
Fico na torcida para que Bravely Second receba o mesmo tratamento. E, quem sabe, que esse renascimento reacenda o desejo de um Bravely Third, porque o mundo ainda precisa de heróis da luz.
Se você ama JRPGs de verdade, daqueles com turnos, planejamento, música épica e personagens cativantes, Bravely Default: Flying Fairy HD Remaster é absolutamente indispensável para você!
Pontos Positivos:
- Sistema Brave & Default ainda é genial e viciante
- Sistema de Jobs profundo, versátil e criativo
- Trilha sonora excepcional de Revo
- Gráficos em HD que respeitam e aprimoram a direção de arte original
- Interface redesenhada com eficiência
- Opções modernas de qualidade de vida (aceleração, auto battle, taxa de encontros)
- Minigames divertidos que exploram o modo mouse
- Personagens carismáticos e narrativa impactante
- Excelente otimização técnica
Pontos Negativos:
- Falta de legendas em português
- Parte final da campanha ainda repetitiva
- Minigames não se integram totalmente à história principal
- Modelos 3D dos personagens poderiam ser mais refinados
- Algumas cutscenes adaptadas perdem impacto em relação ao 3DS
Avaliação:
Gráficos: 8.5
Diversão: 9.5
Jogabilidade: 9.0
Som: 10.0
Performance e Otimização: 9.0
NOTA FINAL: 9.2 / 10.0
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