GoldenEye 007 vs Doom: quem foi o verdadeiro pai dos FPS?

GoldenEye 007 vs Doom: quem foi o verdadeiro pai dos FPS?

24 de maio de 2025 Off Por Markus Norat

Uma análise comparativa entre o clássico dos PCs e o titã do Nintendo 64 — quem realmente moldou o gênero?

Quando falamos em jogos de tiro em primeira pessoa — os famosos First-Person Shooters (FPS) — é impossível ignorar dois gigantes que, em suas respectivas plataformas, redefiniram o que significava mirar, atirar e vencer: Doom (1993) e GoldenEye 007 (1997). Mas a pergunta que ecoa até hoje entre gamers, desenvolvedores e historiadores dos videogames é direta e controversa:

Quem é o verdadeiro pai do gênero FPS como conhecemos hoje?

De um lado, Doom, da id Software, revolucionou os PCs com seu ritmo frenético, gráficos inovadores e atmosfera demoníaca. Do outro, GoldenEye 007, da Rare, provou que FPS também podiam brilhar nos consoles, com realismo, missões complexas e um multiplayer que virou lenda.

Hoje, no Revolution Arena, colocamos essas duas lendas lado a lado em uma análise profunda, histórica e comparativa, para entender qual delas realmente moldou os pilares do FPS moderno — ou se, talvez, ambas compartilham essa coroa.


👹 Doom (1993): O Desbravador do Inferno Digital

Lançado para MS-DOS em dezembro de 1993, Doom foi desenvolvido pela id Software, com nomes lendários como John Carmack e John Romero à frente. Considerado o sucessor espiritual de Wolfenstein 3D, Doom levou o FPS a um novo patamar, com:

  • Gráficos pseudo-3D, que simulavam profundidade e verticalidade;
  • Velocidade alucinante, com movimentação fluida e gameplay arcade;
  • Design de fases labiríntico, repleto de segredos, chaves e alavancas;
  • Arsenal pesado, com armas que se tornariam icônicas: shotgun, rocket launcher, plasma gun, BFG 9000;
  • Encontros com hordas de inimigos, onde a habilidade em mirar rápido e se mover era vital.

Mas talvez a maior revolução de Doom tenha sido fora da tela. O jogo popularizou o multiplayer via LAN, incentivou a cultura de mods com seu código aberto e consolidou os FPS como um gênero viável para o futuro. Durante anos, qualquer jogo de tiro era chamado de “clone de Doom”.

Doom foi mais que um jogo: foi um evento cultural.


🔫 GoldenEye 007 (1997): O Agente Secreto que Silenciou os Críticos

Quatro anos depois, em agosto de 1997, GoldenEye 007 chegava aos lares dos donos de Nintendo 64. Desenvolvido por uma equipe de apenas 11 pessoas na Rare — a maioria delas sem experiência prévia em jogos — o título baseado no filme de James Bond não era exatamente cercado de expectativas. Mas quando chegou às prateleiras, ele mudou para sempre o conceito de FPS em consoles.

As inovações foram muitas:

  • Dano localizado e física de impacto, com headshots matando instantaneamente;
  • Elementos furtivos, como alarmes, som de passos e mira com silenciador;
  • Missões com múltiplos objetivos, que mudavam conforme o nível de dificuldade;
  • Narrativa expandida, adaptando e ampliando o universo do filme;
  • Multiplayer local em tela dividida para até quatro jogadores, com modos como “License to Kill” e “The Man With the Golden Gun”;
  • Mira manual, que usava o analógico do N64 para mirar com precisão, algo inédito nos consoles.

GoldenEye não apenas provou que FPS podiam funcionar fora dos PCs — ele os adaptou para o joystick, com genialidade. E o mais notável: fez isso num console que sequer tinha o controle finalizado quando o projeto começou.


⚖️ Doom vs GoldenEye 007: Frente a Frente

Vamos comparar os dois jogos em aspectos-chave que moldaram o gênero FPS:

1. Plataforma e Acessibilidade

  • 🖥️ Doom dominou os PCs, exigindo instalação, configuração e acesso a redes locais para multiplayer.
  • 🎮 GoldenEye foi direto para o console, com controle plug and play e multiplayer local instantâneo.

GoldenEye democratizou o acesso aos FPS, abrindo o gênero para o público de sofá.


2. Mecânicas de Combate

  • Doom: Tiros rápidos, sem mira vertical, sem precisão localizada.
  • GoldenEye: Headshots, IA reativa, stealth e mira manual com zoom.

GoldenEye trouxe profundidade tática e precisão técnica ao combate.


3. Multiplayer

  • Doom: Pioneiro do multiplayer em rede (LAN), especialmente competitivo.
  • GoldenEye: Revolucionário no multiplayer local, imortalizando as batalhas de sofá.

🏆 Empate técnico — cada um dominou sua era com sua própria proposta.


4. Design de Fases

  • Doom: Labirintos demoníacos, com foco em ação e exploração intensa.
  • GoldenEye: Cenários realistas, inspirados em locações reais, com objetivos não-lineares.

GoldenEye favoreceu narrativa e imersão. Doom é imbatível em ritmo e pressão.


5. Inovação Tecnológica

  • Doom: Criou a base gráfica e estrutural do FPS moderno.
  • GoldenEye: Adaptou e evoluiu o gênero com IA, stealth, dano realista e mira analógica.

🏅 Doom estabeleceu os alicerces. GoldenEye construiu uma nova camada sobre eles.


🧠 Quem Realmente Moldou o Gênero?

Se estivermos falando de origem, o crédito é inegável: Doom criou o gênero FPS moderno. Sem ele, talvez os jogos de tiro sequer tivessem se tornado mainstream. A id Software pavimentou o caminho com técnica, ousadia e liberdade criativa.

Por outro lado, se a pergunta for “quem redefiniu o que um FPS pode ser”, GoldenEye 007 é a resposta clara. Ele mostrou que o gênero podia ser mais que tiroteio — podia envolver planejamento, narrativa, sigilo, precisão e multiplayer local acessível a todos.

Doom foi o aríete que abriu os portões. GoldenEye 007 foi o arquiteto que construiu a casa onde tantos shooters modernos ainda vivem.


🧩 Curiosidades Extras:

  • GoldenEye 007 foi feito com base em fotos reais dos sets de filmagem — os mapas são mais realistas do que parecem.
  • Doom influenciou diretamente Quake, Heretic, Hexen e toda a linhagem de FPS hardcore nos anos 90.
  • GoldenEye inspirou diretamente Perfect Dark, Halo, TimeSplitters e os modos multiplayer dos FPS nos anos 2000.
  • Doom foi um dos primeiros jogos de código aberto a permitir mods massivos, abrindo portas para o desenvolvimento indie.
  • A mira de GoldenEye é considerada um dos protótipos do sistema de mira em console que seria refinado por Halo: Combat Evolved.

No final das contas, tentar escolher um único “pai” do gênero FPS talvez seja uma armadilha. O gênero não nasceu pronto — ele evoluiu com cada passo ousado. Doom deu o primeiro. GoldenEye 007 redefiniu o segundo. E juntos, criaram o alicerce e a estrutura do que chamamos hoje de FPS.

Talvez seja mais justo dizer: Doom inventou a bala. GoldenEye ensinou onde atirar.

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